Caso as tendências de aumento
de temperatura não sejam contrariadas, o PNUMA prevê que os custos de adaptação
enfrentados apenas pelos países em desenvolvimento ficarão na faixa de 140 a
300 bilhões de dólares por ano até 2030.
• De acordo com um relatório
feito a pedido do secretário-geral da ONU, a meta de ter US$ 100 bilhões
investidos até o ano passado na transição para a energia limpa não está sendo
atingida.
• Os dados analisados são de
2018 e indicam que, até aquele ano, foram investidos US$ 79 bilhões no setor.
• O montante pode parecer
grande, mas não se compara aos gastos militares mundiais em 2020, que foram
estimados em pouco menos de US$ 2 trilhões.
• A ONU estima que as
mudanças climáticas podem levar mais 100 milhões de pessoas à pobreza até 2030.
A pedido do secretário-geral
das Nações Unidas, um relatório sobre o financiamento da transição para a
energia limpa foi publicado em 27/06/21. Os dados analisados são de 2018 e
indicam que, até aquele ano, foram investidos US$ 79 bilhões no setor. O valor
está abaixo da meta de US$ 100 bilhões estabelecidos até 2020, indicando um
percalço significativo na luta contra a mudança climática.
A análise indicou que os
investimentos em energia renovável e infraestrutura sustentável estão
crescendo. No entanto, de janeiro/2020 a março/2021, globalmente foi gasto mais
dinheiro em combustíveis fósseis, responsáveis por criar os gases nocivos que
impulsionam as mudanças climáticas.
Muitos países carecem de
recursos financeiros para fazer a transição para energia limpa e um modo de
vida sustentável que poderia reverter a mudança climática. A ONU afirma que o
financiamento do clima é a resposta porque não investir custará ainda mais no
longo prazo e também porque existem oportunidades significativas para os
investidores.
Financiamento climático – Em
termos gerais, o financiamento climático se refere ao dinheiro que precisa ser
gasto em uma ampla gama de atividades que contribuirão para desacelerar as mudanças
climáticas e que ajudarão o mundo a atingir a meta de limitar o aquecimento
global a um aumento de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.
Para atingir essa meta, o
mundo precisa caminhar em direção à neutralidade de carbono. Isso significa
reduzir suas emissões de gases de efeito estufa a praticamente zero até 2050.
Para tanto, as iniciativas que devem ser financiadas incluem aquelas que
reduzem as emissões de gases nocivos, assim como aumentam ou protegem as
soluções naturais que capturam esses gases, como as florestas e o oceano.
O financiamento também visa
aumentar a resiliência das populações mais afetadas pelas mudanças climáticas e
ajudá-las a se adaptarem às mudanças nas condições climáticas, medidas que, por
sua vez, ajudarão a reduzir o aquecimento.
O financiamento existe junto
com as soluções, para fazer a transição para o que a ONU chama de economia
verde. A energia renovável que fornece eletricidade sem produzir dióxido de
carbono ou outras formas de poluição do ar é um bloco de construção crucial
para impulsionar o crescimento econômico sustentável.
Riscos – Com o aumento das
temperaturas globais, junto com a mudança dos padrões climáticos como aumento
do nível do mar, aumento de secas e inundações, as populações mais vulneráveis
do mundo estão enfrentando riscos cada vez maiores, insegurança alimentar e têm
menos chances de sair da pobreza e construir uma vida melhor.
Na verdade, a ONU estima que as mudanças climáticas possam levar mais 100 milhões de pessoas à pobreza até 2030. Recursos financeiros significativos, investimentos sólidos e uma abordagem sistemática global são necessários para lidar com essas tendências preocupantes.
Com a queda do custo da energia limpa, 2021 pode iniciar a década sem carbono.
Valor dos investimentos – São
necessários investimentos significativos e a cooperação internacional é
crítica. Mais de uma década atrás, os países desenvolvidos se comprometeram a
mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano até 2020 em apoio à ação
climática nos países em desenvolvimento.
Pode parecer muito, mas
compare isso com os gastos militares mundiais em 2020, que foram estimados em
pouco menos de US$ 2 trilhões, ou os também os trilhões de dólares gastos por
países desenvolvidos em ajuda relacionada à COVID-19 para seus cidadãos.
De acordo com um relatório de
um especialista, feito a pedido do secretário-geral da ONU, a meta de US$ 100
bilhões não está sendo atingida (os últimos dados disponíveis para
2018 são de US$ 79 bilhões), embora o financiamento do clima esteja em uma
“trajetória ascendente”. Portanto, ainda há uma grande lacuna nas finanças.
Oportunidade, não risco –
Comunidades em todas as partes do mundo já estão sofrendo os efeitos
financeiros das mudanças climáticas, seja a perda de safras devido à seca ou
grandes danos à infraestrutura causados por enchentes ou outras condições
climáticas extremas.
O enviado especial da ONU
para Ação Climática e Finanças, Mark Carney, diz que a enorme quantidade de
investimento necessária representa uma oportunidade e não um risco,
argumentando que os benefícios que fluem desses investimentos superam
dramaticamente quaisquer custos iniciais.
Também é cada vez mais aceito
que os investimentos climáticos fazem sentido do ponto de vista econômico. Os
casos financeiros e de negócios para energia limpa estão mais fortes do que
nunca. Na maioria dos países, tornar-se solar agora é mais barato do que
construir novas usinas de carvão. Os investimentos em energia limpa também
impulsionam o crescimento econômico, com potencial para criar 18 milhões de
empregos até 2030 e isso inclui as inevitáveis perdas de empregos com
combustíveis fósseis.
Fonte do dinheiro – Em geral,
o financiamento provém de uma ampla gama de fontes públicas e privadas, que
apoiam iniciativas inovadoras de ação climática em nível local, nacional ou
transnacional. Uma variedade de instrumentos financeiros pode ser usada para
fornecer financiamento climático de títulos verdes a empréstimos diretos
baseados em projetos para investimentos diretos em fornecedores de energia ou
tecnologia.
Vale lembrar que a adaptação
é apenas uma parte do complicado quebra-cabeça da ação climática. Uma vez que
os esforços de redução e descarbonização e os esforços de resiliência global,
tanto no mundo em desenvolvimento como no mundo desenvolvido são considerados,
o custo anual excederá em muito US$ 500 bilhões e possivelmente até mais de US$
1 trilhão.
Mas os benefícios dos
investimentos serão muito maiores – a mudança para uma economia verde pode
render um ganho econômico direto de US$ 26 trilhões até 2030 em comparação com
os negócios normais.
A ONU afirma que busca
combinar a “determinação do setor público com as capacidades de
empreendedorismo do setor privado”, apoiando os governos para tornar os
investimentos climáticos mais fáceis e atraentes para as empresas do setor
privado.
Felizmente, a ONU relata que “os esforços para envolver o setor privado no cumprimento das metas de Paris estão ganhando impulso”. Muito do financiamento climático é canalizado por meio de vários fundos e programas da ONU.
Revolução energética limpa e renovável.
Próximos passos: Compromisso
anual de US$ 100 bilhões “é um piso e não um teto” para o financiamento do
clima, de acordo com a ONU. Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente/PNUMA
estima que os custos de adaptação enfrentados apenas pelos países em
desenvolvimento ficarão na faixa de US$ 140 a US$ 300 bilhões/por ano até 2030 e de
US$ 280 a 500 bilhões anuais até 2050. (ecodebate)
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