Engenheiro aeronáutico
eletrificou um Chevrolet Celta 2005 por conta própria e já pensa em converter
outro modelo.
Depois de assistir a vídeos
na internet de gente fazendo conversões caseiras de veículos comuns em
elétricos, o engenheiro aeronáutico Juan Antonio Cuenda, espanhol radicado em
São José dos Campos (SP), decidiu fazer, ele mesmo, o próprio projeto.
Os trabalhos começaram em
2017 e o primeiro passo foi a compra do carro, um Celta Super duas-portas ano
2005. Em seguida, Cuenda comprou as peças previstas para o projeto e, com a
ajuda de um mecânico, iniciou as alterações necessárias no compacto, como a
retirada do motor 1.0 de 70 cv a combustão e a instalação do elétrico.
O motor novo não é muito
potente, mas os 20 kW (cerca de 27 cv) não ameaçam a performance do Celtinha,
favorecido pelo incomum aproveitamento da transmissão manual de fábrica. O
próprio engenheiro desenhou a peça que faz a fixação da embreagem ao volante do
motor. Ele conta que precisou criar um novo flange para conectar o câmbio ao
motor elétrico.
A confecção dessas peças
ficou por conta de uma empresa terceirizada. A função do câmbio é
principalmente controlar a rotação do motor elétrico, diz Cuenda, que monitora
os parâmetros através de um celular fixado no painel e se diverte ao arrancar
em quinta marcha sem problemas.
As baterias de íons de lítio
estão agrupadas em três conjuntos (cada um com 500 células), conectados em
paralelo e instalados no porta-malas. Elas pesam 60 kg e garantem uma autonomia
de até 100 km, de acordo com o engenheiro. A refrigeração é feita por três
pequenos ventiladores, semelhantes aos vendidos em lojas de informática.
Com tantas modificações, a
dinâmica do carro também foi alterada. Mais leve, o Celta precisou de ajustes
no comprimento das molas. “Ele ficou muito alto, precisei rebaixar a suspensão,
mas agora ela está muito baixa e devo ajustar isso também”, afirma Cuenda,
revelando que o projeto ainda não está finalizado.
A distribuição do peso, na
verdade, até melhorou, fazendo com que o Celta ficasse mais estável e se
comportasse como um elétrico convencional, com centro de gravidade mais próximo
ao solo. Ainda que a máxima seja de 100 km/h, isso não compromete o uso urbano,
no qual dirigimos o carro e cenário onde o engenheiro utiliza o automóvel com
frequência.
Não fosse pelos medidores de
tensão e corrente, e pelo celular que acrescenta informações ao quadro de
instrumentos, seria difícil apontar algo diferente no interior do Celta. Mas ao
ligá-lo em completo silêncio e, principalmente, arrancar em terceira marcha sem
ligar para a embreagem, vemos que a dinâmica é outra.
Com respostas quase
imediatas, o clássico das autoescolas encara sem susto ladeiras íngremes. Nas
ruas, ele passa despercebido até o momento em que alguém nota que o Celta se
move sem fazer barulho.
Em valores atualizados,
Cuenda calcula ter investido cerca de R$ 50.000 no projeto, se orientando pela
cotação do dólar, menos que os R$ 61.590 de um Onix Joy. Como o processo ocorreu
há três anos, o valor real é pouco mais do que a metade disso. Mas, segundo
Cuenda, o custo/benefício foi tão satisfatório que ele já está planejando o
próximo projeto, dessa vez em parceria com um amigo.
Os carros não estarão à
venda, mas o engenheiro já pensa em oferecer consultoria para outros
interessados nesse tipo de modificação, compartilhando os primeiros conselhos:
“Não pode ser um carro muito velho ou com poucas peças à disposição. E um
porta-malas grande também ajuda”.
Perguntado sobre algum clássico que sonhe em converter, o espanhol acaba revelando uma paixão francesa: o Renault Twingo antigo. “Não fosse pela falta de peças, ele seria um ótimo carro elétrico”, diz.
Celta Elétrico (msn)
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