Países planejam mais que dobrar produção de combustíveis fósseis até 2030.
Relatório sobre Lacuna de Produção analisa as implicações da pandemia da COVID-19 - e das medidas de estímulo e recuperação dos governos - na produção de carvão, petróleo e gás.
Governos devem reduzir a
produção de combustíveis fósseis em 6% ao ano para limitar aquecimento
catastrófico irreversível.
Levantamento do Pnuma mostra
que governos trabalham para produzir petróleo, gás natural e carvão num volume
110% maior do que o considerado consistente para limitar o aumento da
temperatura global a 1,5°C; Brasil é destaque no relatório por ter plano
nacional que estimula investimentos e aumento da produção até 2030.
Um levantamento do Programa
das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, mostra que a produção global de
combustíveis fósseis está, de forma muito perigosa, fora de sincronia com as
metas estipuladas no Acordo de Paris.
Apesar das ambições
demonstradas pelos governos, e por compromissos com emissões zero de carbono,
os países preveem produzir, até 2030, petróleo, gás natural e carvão em um
volume que é mais do que o dobro do ideal para limitar o aumento da temperatura
global a 1,5°C.
Brasil estimula investimentos
Setor de petróleo e gás corresponde a 13% do PIB brasileiro.
O Relatório sobre a Lacuna de
Produção 2021 foi divulgado esta quarta-feira e traz detalhes dos planos de
governos dos 15 maiores produtores, incluindo Austrália, Brasil, China e
Estados Unidos. Os perfis mostram que a maioria dos governos continua
oferecendo grande apoio político para a produção de combustíveis fósseis.
Este é exatamente o caso do
Brasil. Apesar do país ter oficialmente a meta de reduzir as emissões de gases
de efeito estufa em 43% até 2030, o Pnuma revela que o governo “encoraja novos
investimentos” e planeja aumentar a produção nacional de combustíveis fósseis.
Janela prestes a se fechar
O relatório cita o Plano
Nacional de Energia 2050, aprovado pelo Ministério das Minas e Energia no ano
passado. O projeto mostra que o governo brasileiro tem a intenção de “atrair
investimentos para aumentar a produção de petróleo e de gás” e assim, ficar
entre os “cinco maiores produtores do mundo”. Pelo plano, a produção de
petróleo deve subir 60% e a de gás natural, 110% até 2030.
A diretora-executiva do Pnuma
acredita que ainda há tempo para limitar o aquecimento em longo prazo, “mas
essa janela de oportunidade está se fechando rapidamente”. Segundo Inger
Andersen, os governos devem aproveitar a COP-26 para “tomar medidas imediatas
para fechar a lacuna na produção de combustíveis fósseis”.
Os planos de produção dos
governos levariam a 240% mais carvão, 57% mais petróleo e 71% mais gás em 2030
do que o volume que seria consistente para limitar o aquecimento global a
1,5°C.
Estímulo para investir em energias renováveis
Energia limpa, como a eólica, é chave para emissões zero.
O Pnuma revela também que
desde o início da pandemia da COVID-19, os países investiram mais de US$ 300
bilhões em novos fundos para atividades de combustíveis fósseis – mais do que
eles têm direcionado para fontes de energia renovável.
Para o secretário-geral da
ONU, o relatório mostra que “existe um longo caminho para um futuro de energia
limpa”.
António Guterres declarou que continua sendo urgente que investidores públicos e privados, incluindo bancos comerciais, invistam em energias renováveis para promover a “descarbonização” do setor elétrico e para que todos tenham acesso às energias renováveis”. (ecodebate)
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