domingo, 28 de novembro de 2021

Países planejam dobrar produção de combustíveis fósseis até 2030

Países planejam mais que dobrar produção de combustíveis fósseis até 2030.

Relatório sobre Lacuna de Produção analisa as implicações da pandemia da COVID-19 - e das medidas de estímulo e recuperação dos governos - na produção de carvão, petróleo e gás.

Governos devem reduzir a produção de combustíveis fósseis em 6% ao ano para limitar aquecimento catastrófico irreversível.

Levantamento do Pnuma mostra que governos trabalham para produzir petróleo, gás natural e carvão num volume 110% maior do que o considerado consistente para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C; Brasil é destaque no relatório por ter plano nacional que estimula investimentos e aumento da produção até 2030.

Um levantamento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, mostra que a produção global de combustíveis fósseis está, de forma muito perigosa, fora de sincronia com as metas estipuladas no Acordo de Paris.

Apesar das ambições demonstradas pelos governos, e por compromissos com emissões zero de carbono, os países preveem produzir, até 2030, petróleo, gás natural e carvão em um volume que é mais do que o dobro do ideal para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C.

Brasil estimula investimentos

Setor de petróleo e gás corresponde a 13% do PIB brasileiro.

O Relatório sobre a Lacuna de Produção 2021 foi divulgado esta quarta-feira e traz detalhes dos planos de governos dos 15 maiores produtores, incluindo Austrália, Brasil, China e Estados Unidos. Os perfis mostram que a maioria dos governos continua oferecendo grande apoio político para a produção de combustíveis fósseis.

Este é exatamente o caso do Brasil. Apesar do país ter oficialmente a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% até 2030, o Pnuma revela que o governo “encoraja novos investimentos” e planeja aumentar a produção nacional de combustíveis fósseis.

Janela prestes a se fechar

O relatório cita o Plano Nacional de Energia 2050, aprovado pelo Ministério das Minas e Energia no ano passado. O projeto mostra que o governo brasileiro tem a intenção de “atrair investimentos para aumentar a produção de petróleo e de gás” e assim, ficar entre os “cinco maiores produtores do mundo”. Pelo plano, a produção de petróleo deve subir 60% e a de gás natural, 110% até 2030.

A diretora-executiva do Pnuma acredita que ainda há tempo para limitar o aquecimento em longo prazo, “mas essa janela de oportunidade está se fechando rapidamente”. Segundo Inger Andersen, os governos devem aproveitar a COP-26 para “tomar medidas imediatas para fechar a lacuna na produção de combustíveis fósseis”.

Os planos de produção dos governos levariam a 240% mais carvão, 57% mais petróleo e 71% mais gás em 2030 do que o volume que seria consistente para limitar o aquecimento global a 1,5°C.

Estímulo para investir em energias renováveis

Energia limpa, como a eólica, é chave para emissões zero.

O Pnuma revela também que desde o início da pandemia da COVID-19, os países investiram mais de US$ 300 bilhões em novos fundos para atividades de combustíveis fósseis – mais do que eles têm direcionado para fontes de energia renovável.

Para o secretário-geral da ONU, o relatório mostra que “existe um longo caminho para um futuro de energia limpa”.

António Guterres declarou que continua sendo urgente que investidores públicos e privados, incluindo bancos comerciais, invistam em energias renováveis para promover a “descarbonização” do setor elétrico e para que todos tenham acesso às energias renováveis”. (ecodebate)

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