quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Embraer faz voos de teste com aviões abastecidos com biocombustível puro

Embraer realiza voos de teste com biocombustível, tornando a aviação mais sustentável.

A Embraer (EMBR3) anunciou em 15/10/23 que concluiu os testes de voo com o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, na sigla em inglês). Com isso, a empresa conquistou um pouco mais de altitude para atender às demandas do setor rumo ao status de “carbono neutro” até meados deste século.

A Embraer foi bem-sucedida numa série de testes e voo abastecidos com combustível sustentável de aviação (SAF) puro em aviões modelos Phenom 300E e Praetor 600. Os ensaios foram conduzidos nas instalações da fabricante na Flórida, nos Estados Unidos, para levantar dados sobre o funcionamento dos motores das aeronaves.

Embraer conclui testes de voo com combustível de aviação 100% sustentável.

A fabricante brasileira é terceira maior produtora de aviões comerciais do mundo e é líder no mercado de aviação executiva. Hoje, os aviões fabricados pela Embraer saem de fábrica atestados para uso de até 50% de SAF que atinja os padrões de qualidade da ASTM.

A empresa tem planos para se tornar neutra em carbono até 2040 antecipando em 10 anos a meta do setor aeroespacial.

Para atingir esse objetivo, o uso de SAF é considerado estratégico pela empresa. Feitos a partir de fontes renováveis, esses novos combustíveis – entram na definição tanto biocombustíveis quanto combustíveis sintéticos – pode reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) em até 80% na comparação com os combustíveis de aviação convencionais.

O teste foi feito com um modelo Embraer 170.

Embraer tem sucesso em testes de voo com biocombustível.

Avião conseguiu passar por diferentes condições; resultado positivo faz a empresa pensar em novos testes.

A conclusão da nova rodada de testes foi comemorada pelo presidente da Embraer Aviação Executiva, Michael Amalfitano. “É um passo importante, à medida que nossos operadores estão cada vez mais interessados e fazendo uso deste combustível”, disse. (biodieselbr)

Produção de combustíveis fósseis cresce depois da pandemia

Produção de combustíveis fósseis volta a crescer depois da pandemia, mostra ANP.
Depois da queda na produção de combustíveis em 2020, provocada pela pandemia da covid-19, o volume de petróleo refinado no país voltou a crescer. Em 2022, o parque de refino nacional produziu 123,5 milhões m³ de derivados do petróleo. É o maior número desde 2014. Do total, 107,4 milhões de m³ foram de combustíveis (87%).

O resto se refere a materiais não energéticos, como asfalto, coque, nafta e lubrificantes. Os dados são do Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2023, lançado nesta segunda-feira, 16, pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Dentre os combustíveis, o mais produzido no país segue sendo o óleo diesel, com 42,4%. Em 2022, as 18 refinarias brasileiras produziram 45,53 milhões de m³ do combustível. Nos anos anteriores, a produção do combustível foi de 40 milhões de m³.

Na sequência aparece a gasolina, com 28,63 milhões de m³ produzidos (26,6%). O país já chegou a fabricar 30 milhões de m³ em 2014, mas viu esse número cair nos anos seguintes. Em 2020, por causa da pandemia, registrou uma produção de 23,3 milhões de m³.

Em terceiro lugar, com 17% da produção, está o óleo combustível, também chamado de óleo pesado. Trata-se de um tipo de diesel destinado exclusivamente para geração de energia térmica.

Também apresentaram ligeiro aumento de produção o querosene de aviação (QAV) e o gás liquefeito de petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha. Atualmente, cada um responde, respectivamente, por 4,5% e 9,3% do refino de combustíveis no país.

Em 2022, o parque de refino brasileiro contava com 18 refinarias de petróleo, com capacidade para processar 2,3 milhões de barris por dia. O fator de utilização das refinarias no ano foi de 84% – o maior desde 2015.

Das 18 refinarias, dez são da Petrobras. Outras quatro unidades eram da petroleira, mas foram privatizadas ao longo do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). São elas: Rlam (Bahia), Ream (Amazonas), SIX (Paraná) e Lubnor (Ceará).

Final de 2022 a estatal ainda respondia por 92,5% do volume de óleo refinado no Brasil, enquanto as operadoras privadas somavam 7,5%.

Importação

O crescimento da demanda no pós-pandemia impulsionou também as importações de derivados de petróleo. O Brasil não refina o suficiente para atender toda a sua demanda de combustível por não ter capacidade para isso atualmente. Por isso, precisa comprar do exterior cerca de 25% do diesel e 15% da gasolina consumidos internamente.

Importações de derivados do petróleo cresceram 5,5% em 2022, atingindo 37,9 milhões de m³. Foi o maior volume importado na década.

Do total, foram importados 15,9 milhões de m³ de diesel e 4,3 milhões de m³ de gasolina. Na sequência, os derivados mais adquiridos do exterior foram nafta e GLP.

Emissão de carbono: Cenário mundial pós pandemia.

As emissões de carbono no mundo diminuíram em 2020. As do Brasil aumentaram, devido às queimadas. Mas muito pode ser feito para reverter o problema.

O custo das importações de derivados para o país foi de US$ 25,9 bilhões em 2022. Desse total, US$ 14 bilhões foram gastos só com diesel. (biodieselbr)

Produção de biodiesel deve chegar a 7,3 milhões m³ em 2023

Produção de biodiesel deve chegar a 7,3 milhões m³ em 2023, diz Abiove.
Com a elevação da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel, que passou neste ano de 10% (B10) para 12% (B12), a produção brasileira do biocombustível deverá chegar a 7,3 bilhões de litros, segundo projeção da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), obtida pela Globo Rural. O volume é recorde.

“Em 2022, o Brasil produziu 6,3 bilhões de litros de biodiesel. Neste ano, o novo cronograma de mistura trouxe mais previsibilidade para a indústria investir. Com isso, teremos um recorde histórico de produção, que confirma o Brasil como o terceiro maior produtor mundial de biodiesel”, afirma Daniel Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da entidade, que representa processadoras e tradings do segmento.

Cada ponto percentual a mais de mistura representa um aumento de 650 milhões de litros no volume de produção. Com a adoção do B13 a partir de março de 2024, segundo o cronograma oficial do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a Abiove calcula que a produção do biocombustível chegará a 8,4 bilhões de litros no ano que vem. O calendário prevê que a mistura subirá para 15% em 2026.

De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o biodiesel brasileiro é capaz de reduzir em pelo menos 80% a emissão de gases de efeito estufa quando comparado com o diesel de origem fóssil. “Além disso, quando se aumenta a mistura de biodiesel, há uma redução no mesmo volume de importações de biodiesel”, diz ele. Com a mistura que está em vigor, a necessidade de importações de diesel é 12% menor.

Entre 2008, quando passou a vigorar a mistura obrigatória, e o ano passado, a produção brasileira de biodiesel somou 60,1 bilhões de litros. Esse volume evitou a emissão de 130 milhões de toneladas de CO2, o que equivale ao total das emissões de toda a população do Paraná em 2022, por exemplo.

Executivo da Abiove destacou que o nível de exigências de qualidade do produto aumentou. Segundo ele, com a entrada em vigor da resolução ANP Nº 920/23 (RANP 920) neste ano, o Brasil passou a contar com o biodiesel com maior controle de qualidade do mundo.

Uma resolução do CNPE prevê aumento gradativo da participação da agricultura familiar no fornecimento de soja, gordura e óleos para as fabricantes do biocombustível. A participação dos pequenos agricultores no fornecimento de soja para biodiesel é hoje de cerca de 15%, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. A Abiove estima que a fatia pode chegar a 20% até 2026. (biodieselbr)

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Delta vai construir 110 MWp solares até junho de 2024

O grupo Delta Energia anunciou a construção de usinas solares fotovoltaicas com 110 MWp de potência instalada, que devem entrar em operação até junho de 2024.

Fazendas vão operar por meio da geração distribuída compartilhada em nove estados do Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, além do Distrito Federal.
O Grupo Delta Energia anunciou um plano para construção de 110 MWp de potência instalada em fazendas solares. As usinas devem entrar em operação até junho de 2024 em 9 estados do Sudeste, Sul, Nordeste, Centro-Oeste, além do Distrito Federal. A previsão da companhia é atender cerca de 60 mil unidades consumidoras no país por meio da geração distribuída compartilhada. O fornecimento será feito pela LUZ, empresa que pertence ao Grupo.

Segundo a empresa, as obras estão bem adiantadas no Mato Grosso do Sul e interior de São Paulo, que terá cinco ativos, além de uma usina pronta em Três Lagoas que acaba de receber liberação da distribuidora. As demais seis unidades, em construção, têm potencial para alcançar até 30 MWp e atender cerca de 16.500 consumidores até fevereiro do ano que vem.

O objetivo da Delta, que tem consolidada suas atividades no segmento de comercialização junto a consumidores livres e grandes geradores, é aumentar ainda mais a capilaridade no setor elétrico. Atualmente o grupo é responsável por transacionar cerca de 5 mil MW médios por mês nesta modalidade, o que corresponde a 8% do consumo de energia brasileiro. A companhia espera que haja uma migração significativa dos 90 milhões de consumidores ao mercado livre a partir da liberação para todos os públicos.

Fazenda Solar da Delta Energia, localizada em Três Lagoas/MS.

Delta Energia construirá usinas solares em nove estados e no Distrito Federal.

Com capacidade para atingir 110 MWp, a previsão é que as UFVs comecem a operar até junho de 2024.

Com base neste cenário, a corporação afirma estar investindo em diversas áreas de negócios. Os preparativos contemplam iniciativas em tecnologia, recursos humanos e marketing, além de ampliação de portfólio, com foco no varejo. Uma empresa de tecnologia foi adquirida, cujo lançamento da nova marca, a Wisebyte, ocorreu em julho deste ano, oferecendo serviços agregados em software e hardware em grande escala para os segmentos de energia e telecomunicações.

Em outubro de 2022, a LUZ iniciou suas operações em geração distribuída compartilhada, para no ano seguinte ampliar suas atividades, sendo a representante da companhia na comercialização de energia no varejo. Somam-se a essas ações, investimentos em medidores de energia inteligente, aplicativos, sistema de gestão e automatização, com foco em digitalização e segurança de dados.

Delta Energia terá fazendas solares com 110 MWp em nove Estados e no DF.

Projetos de geração distribuída devem atender cerca de 60 mil unidades consumidoras no país. (canalenergia)

Elera e Vivo parceiras na autoprodução de energia

Elera e Vivo acertam parceria para autoprodução de energia.
Energia virá do Complexo Solar de Janaúba e 76% do consumo da Vivo no ACL será por autoprodução.

A companhia firmou parceria com a Elera Renováveis, uma das maiores empresas do setor de energia, para se tornar autoprodutora em quatro parques solares que somam 237MWp. O complexo destinado a Vivo está instalado em Janaúba, Minas Gerais, e deve abastecer mais de 200 unidades consumidoras em média tensão.

Complexo solar Janaúba (MG) vai destinar 237 MWp para atender 76% do consumo da companhia telefônica no mercado livre.

Complexo Solar Janaúba, em Minas Gerais.

A Vivo firmou uma parceria com a Elera para se tornar autoprodutora em quatro parques solares. Localizado em Janaúba (MG), o complexo soma 237 MWp e deve abastecer mais de 200 unidades consumidoras em média tensão.

É a primeira companhia do setor de telecomunicação a atuar neste modelo de suprimento de energia. Com a medida, 76% do consumo da empresa que provém do mercado livre de energia migrará para modalidade de autoprodução.

O complexo solar de Janaúba fica em uma área de 3 mil hectares e totaliza 2,2 milhões de painéis solares. O consumo da Vivo corresponde a 20% da produção da planta, o equivalente a 440 mil placas.

“A autoprodução em média tensão consolida nossa estratégia voltada ao desenvolvimento sustentável e melhores práticas ESG, que inclui o uso de energia renovável e a implantação de usinas de geração distribuída, que já somam 62 unidades, de fontes solar, hídrica e de biogás, em operação por todo o país”, destacou o diretor de Patrimônio, Logística e Compras da Vivo, Caio Guimarães.

O uso de energia renovável fez com que a Vivo reduzisse em 88% as emissões diretas de CO2 no período entre 2015 e 2022. A empresa é neutra em carbono em emissões diretas. Como parte do grupo Telefônica, tem como objetivo atingir zero emissões líquidas até 2040, considerando toda a cadeia de valor. (energiahoje)

Transição energética é vista como um desafio global

No Brasil a matriz elétrica já bateu 94% de energia renovável.

A transição energética representa um desafio global que transcende as fronteiras nacionais. Historicamente, o aumento das emissões de gases de efeito estufa tem sido associado ao processo de industrialização e ao crescimento do PIB per capita das nações.

Aquecimento global e renda básica energética

A transição energética representa um desafio global que transcende as fronteiras nacionais. Historicamente, o aumento das emissões de gases de efeito estufa tem sido associado ao processo de industrialização e ao crescimento do PIB per capita das nações. Nesse cenário, o Brasil surge como um bom exemplo devido ao seu sistema de energia marcadamente sustentável, que contrasta com a média internacional.

A urgência da transição energética é evidenciada pela atual conjuntura climática e ambiental. O ministro Fernando Haddad (Fazenda) destacou, no lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a emergência da pauta da transição verde, em um momento de recordes de altas temperaturas no planeta e impactos devastadores da atividade humana sobre o meio ambiente e a natureza. As mudanças climáticas têm o potencial de alterar irreversivelmente a Terra e constitui uma grave ameaça à humanidade.

O Brasil encontra-se em uma encruzilhada decisiva. O Plano de Transformação Ecológica, proposto como resposta a essa turbulência, representa uma abordagem incisiva e inovadora para enfrentar os desafios ambientais. Ele não apenas promove uma transformação ambiental, mas também uma mudança de paradigma na maneira de pensar, governar e empreender.

Política inovadora

É nesse contexto de liderança assumido pelo Brasil em questões ambientais que protocolamos o projeto de lei de renda básica energética (Rebe), com o objetivo de buscar sinergia entre a pauta ambiental, social e industrial. Uma proposta que consiga superar uma visão arcaica que traduz a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico como vetores contraditórios e que represente o esforço do Brasil em materializar políticas públicas inovadoras à altura de um desafio global.

A renda básica energética uma iniciativa que se baseia em pilares fundamentais. Em primeiro lugar, busca garantir que as famílias em situação de vulnerabilidade social tenham acesso à eletricidade em quantidade adequada, estabelecendo o direito à energia como um direito público, promovendo a inclusão social e econômica dos segmentos de baixa renda no Brasil.

Em segundo lugar, visa substituir gradualmente, em até 10 anos, a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), superando suas atuais limitações, e ofertando ainda a diminuição da conta de energia para todos os brasileiros no longo prazo. Em terceiro, a Rebe busca fomentar o desenvolvimento da produção e tecnologia nacionais, com ênfase em energias renováveis, apoiando a importância da autossuficiência energética e da 1ª publicação inovação tecnológica para o país. Por fim, se apresenta como uma estratégia ambiental de aumento da presença sustentável na matriz energética brasileira.

Efeito estufa

Os impactos potenciais da renda básica energética são significativos em todos os quatro pilares. Estimativas indicam que para atender a essa demanda seria necessária a instalação de aproximadamente 6 mil usinas de 3MW, representando um investimento substancial de cerca de R$ 60 bilhões em 10 anos.

Estamos falando tanto de garantir o acesso à energia elétrica para milhões de brasileiros atualmente dependentes da tarifa social de energia elétrica como também de promover redução substantiva das emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para o combate às mudanças climáticas e a preservação do meio ambiente.

A renda básica energética não é apenas uma proposta de política pública inovadora: é um convite à sociedade para se envolver no debate sobre inclusão social, transição energética e desenvolvimento sustentável. É um chamado para que governos, empresas e as forças vivas da sociedade se unam na busca por soluções inovadoras que garantam o acesso digno e igualitário à energia.

O diálogo é essencial para aprimorar o programa, considerando diversas perspectivas e necessidades. Portanto, lançamos a proposta como um convite ao debate, para que a sociedade possa se envolver e contribuir com ideias, conhecimentos e ações que possam moldar um futuro mais justo, sustentável e inclusivo para todos os brasileiros. (uol)

domingo, 26 de novembro de 2023

Toledo (PR) ganha central de bioenergia movida a dejetos da suinocultura

Projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI - Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CI – Biogás).

O município de Toledo, no Oeste do Paraná, considerado o maior produtor de suínos do País, passou a contar, desde 11/10/23, com uma Central de Bioenergia para tratamento de dejetos de 41 mil animais, criados por 15 produtores da região.
Espaço iniciou a operação assistida em 11/10/23. Projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI – Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás).

Maior produtor de suínos do País, o município de Toledo, no Oeste do Paraná, passou a contar, a partir de 11/10/23, com uma Central de Bioenergia para tratamento de dejetos de 41 mil animais, criados por 15 produtores da região. Na central, esse material se transformará em biogás para geração de energia elétrica suficiente para abastecer 1,5 mil residências de médio porte. Também serão produzidos no local 330 metros cúbicos de digestato (biofertilizante), que serão distribuídos para os próprios suinocultores e a comunidade em geral.

O projeto é uma parceria da Itaipu Binacional, que investiu R$ 19 milhões na iniciativa, com o Parque Tecnológico Itaipu (PTI-Brasil) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), responsável pela implantação e operação da planta. Também apoiam a iniciativa a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), a Associação Regional de Suinocultores do Oeste (Assuinoeste) e a Prefeitura de Toledo.

Nesta fase, de operação assistida, todos os equipamentos são monitorados em um ambiente controlado até a execução da operação continuada, que irá acontecer após a inauguração do projeto, em 2024.

O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, observou que o Oeste do Paraná tem na agropecuária uma das suas principais atividades econômicas e a produção de biogás, a partir do tratamento dos dejetos, torna-se uma solução viável do ponto de vista social, econômico e ambiental. “A poluição que poderia contaminar o solo, os rios e – por consequência – o reservatório da usina de Itaipu é transformada em energia e renda”, disse.

Verri acrescentou que pretende apresentar a experiência da Central de Bioenergia de Toledo, no tratamento dos dejetos da suinocultura, na Conferência do Clima, da Organização das Nações Unidas (ONU), que neste ano acontece de 30 de novembro a 13 de dezembro em Dubai.

O prefeito de Toledo, Beto Lunitti, agradeceu o apoio de Itaipu e lembrou que o município foi um dos que apoiaram a criação do CIBiogás, há dez anos. “Hoje, essa Central de Bioenergia é a realidade daquilo que foi discutido lá atrás. Porque Itaipu teve essa visão de futuro, que se intensificou na atual gestão, para que a gente possa potencializar a vocação que temos na produção de proteína animal”.

Durante a cerimônia, o diretor presidente do CIBiogás, Rafael González, deu detalhes sobre o processo de biodigestão na Central de Bioenergia e destacou que a planta está preparada para receber mais um gerador e dobrar a capacidade de produção. “Temos o pré-sal no litoral brasileiro, mas aqui no Paraná temos também o pré-sal caipira, transformando a nossa proteína animal em energia”, comparou.

De acordo com González, o projeto é tecnologicamente inovador e tem potencial para ser replicado em outras propriedades, transformando-se em solução para diversas demandas dos produtores e da agroindústria da região. O diretor presidente também destaca que a operação assistida é uma fase crucial para a análise de performance e desempenho do projeto. “Além de testar os equipamentos de forma isolada, agora entramos nesse processo de operação assistida para que tudo possa correr bem nos próximos anos”.

Um dos criadores de suínos da região beneficiados pelo projeto, Juraci Bugs ficou emocionado ao falar da dificuldade do setor em dar uma destinação correta aos dejetos da pecuária. “Para nós, [a criação da Central de Bioenergia] é uma satisfação muito grande, um grande alívio para os produtores”.

A cerimônia também teve a participação do diretor-superintendente do PTI, Irineu Colombo; do diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni; do deputado federal Elton Welter; do deputado estadual Professor Lemos – entre outras autoridades e técnicos das instituições envolvidas.

Biodigestores

A Central de Bioenergia de Toledo (CBT) foi construída em um terreno de 55,3 mil m2, doados pela Prefeitura, e conta com três biodigestores com capacidade para processar 9,5 mil m3 de dejetos. Esse volume é suficiente para produzir, na fase inicial, 5 mil m3 de biogás, que irão movimentar dois geradores, cada um com potência instalada de 335 kW.

A central está ainda estruturada para receber, diariamente, até seis toneladas de carcaças de suínos mortos, que não foram abatidos e são impróprios para o consumo, além de outros tipos de materiais apreendidos por órgãos como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Também está prevista no local a produção de energia solar por meio de painéis fotovoltaicos, tornando a unidade uma usina híbrida.

O modelo de negócio desenhado pelo PTI prevê duas fontes de renda para a central: a negociação de créditos de energia elétrica para uma comercializadora do setor, na modalidade de compensação de energia para minigeração distribuída, e venda dos créditos de carbono.

Antes da cerimônia, o superintendente de Energias Renováveis da Itaipu, Rogério Meneghetti, e o diretor de Desenvolvimento Tecnológico do CIBIogás, Felipe Marques, atenderam a imprensa e conduziram uma visita guiada à central.

Sobre o CIBiogás

O CIBiogás é uma instituição de Ciência e Tecnologia com Inovação, dedicada ao desenvolvimento do biogás como recurso energético limpo e competitivo, com o objetivo de promover o mercado de energias renováveis. Iniciado há mais de 10 anos com a intenção de solucionar as questões ambientais envoltas na região Oeste do Paraná, o CIBiogás surgiu de iniciativa da Itaipu Binacional e do Parque Tecnológico de Itaipu. Até hoje, as instituições são parceiras em diversos projetos relacionados ao biogás e biometano em todo o Brasil e de outros combustíveis avançados, como o hidrogênio a partir de biogás. (pti.org)

EZVolt vai instalar mais 30 eletropostos para a JBS

Implementações irão se somar a outros 100 pontos de recarga executados em 3 meses por meio da parceria, que atende a 11 centros de distribuição em dez estados.

A No Carbon, empresa da JBS especializada em locação de veículos 100% elétricos, celebrou acordo com a EZVolt, startup de eletromobilidade da Vibra, para o fornecimento de mais 30 pontos de recarga para a sua frota de caminhões.

JBS e EZVolt celebram acordo para ampliação de pontos de recarga para caminhões elétricos da No Carbon.

Acordo prevê a instalação de 130 novos locais de abastecimento para os veículos da No Carbon, empresa ligada à Companhia de alimentos.
A No Carbon, empresa da JBS especializada em locação de veículos 100% elétricos, celebrou acordo com a EZVolt, startup de eletromobilidade do portfólio de energias renováveis da Vibra, para o fornecimento de pontos de recarga para a sua frota de caminhões. Com mais de 100 carregadores instalados em três meses, mais 30 pontos serão instalados até o fim do ano, totalizando 130 estações de recarregamento. Até o momento, a EZVolt já levou seus carregadores para 11 centros de distribuição da JBS em dez estados. Uma das maiores Companhias de alimentos do mundo, a JBS já era cliente da Vibra no segmento B2B para fornecimento de lubrificantes e diesel e agora é também atendida pela EZVolt nesta frente dentro dos processos de transição energética.

Lançada em 2022, a No Carbon é uma empresa da JBS Novos Negócios e conta atualmente com 260 caminhões frigoríficos movidos exclusivamente por eletricidade. A frota é responsável hoje pela distribuição dos produtos das marcas Friboi, Seara e Swift em viagens dentro de centros urbanos em diferentes regiões do País. “Nosso objetivo é seguir ampliando as nossas soluções de logísticas sustentáveis e de baixo carbono, razão pela qual estamos investindo na ampliação de nossas redes de recarga para os caminhões”, explica Armando Volpe, diretor comercial da No Carbon na JBS.

Para abastecer os caminhões elétricos da No Carbon, a EZVolt instalou carregadores nos centros de distribuição da Seara e da Friboi no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Ceará, Pernambuco, Bahia, Distrito Federal e São Paulo. Nestas regiões, a frota da No Carbon pode contar ainda com o apoio de uma rede de hubs de recarga ultrarrápida, que podem recarregar a bateria do veículo em até uma hora, para eventual necessidade de carga ao longo de sua rota.

“Estamos evoluindo nos serviços que oferecemos aos nossos clientes. Queremos auxiliá-los na missão de entregar os seus compromissos de redução das emissões dos gases associados ao efeito estufa. Trabalhamos diariamente para atendê-los da melhor maneira, e o acordo celebrado entre a EZVolt e a JBS comprova que estamos no caminho certo”, diz Bernardo Winik, vice-presidente B2B da Vibra. “Além disso, tenho certeza que o fato de a EZVolt ter experiência prévia no atendimento a grandes frotas de elétricos e ter presença nacional foram fatores cruciais para a escolha da JBS”, complementa.

Desde o lançamento da No Carbon, em 2022, os caminhões da empresa já percorreram cerca de 3,4 milhões de quilômetros para a entrega dos produtos da JBS, o que equivale a mais de 80 voltas no globo terrestre. Com isso, a Companhia já deixou de emitir cerca de 2 mil toneladas de gás carbônico (CO2) na atmosfera com a substituição de combustível fóssil pela eletricidade, o que equivale ao plantio de 270,2 mil árvores, reforçando a pegada mais sustentável da frota elétrica.

O acordo firmado entre a JBS e a EzVolt é na modalidade conhecida como “charge as a service”, em que a startup apoia a empresa em todas as etapas da migração da frota, fazendo desde os estudos de viabilidade técnica e operacional até a entrega dos equipamentos de recarga. O investimento para aquisição e instalação dos equipamentos e da infraestrutura ficam a cargo da EZVolt, que fornece ainda o software de gestão de recargas para que a No Carbon tenha acesso a todos os relatórios de consumo de energia dos veículos. Todos os hubs de recarga da JBS são monitorados 24 horas por um centro de controle da EZVolt, garantindo dessa forma a confiabilidade do serviço de recarga, que tem um nível de serviço de funcionamento de até 97% do tempo.

JBS e EZVolt vão aumentar pontos de recarga para elétricos.

“Nossa opção de aportar recursos próprios arcando com o investimento de implantação da rede de recarga demonstra que estamos alinhados à nova cultura em que as empresas optam pela contratação de um serviço de qualidade em vez de tentar comprar equipamentos por conta própria e levar uma operação complexa como essa para dentro de casa”, afirma Gustavo Tannure, CEO da EZVolt. (mediaroom.jbs)

O inconfiável setor nuclear

São extremamente preocupantes as perdas, desaparecimentos e roubos de material radioativo notificados à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em 2019, ocorreram cerca de 190 ocorrências com material nuclear radioativo, fora do controle regulatório.
São extremamente preocupantes as perdas, desaparecimentos e roubos de material radioativo notificados à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Em 2019, ocorreram cerca de 190 ocorrências com material nuclear radioativo, fora do controle regulatório.

Estas informações são remetidas voluntariamente por 36 países, que alimentam o banco de dados da AIEA. A média registrada na última década foi de 185 ocorrências/ano.

Notícias veiculadas por organizações da sociedade civil na mídia alternativa, pela internet, mostram que o Brasil tem passado por situações graves, nos últimos meses, relacionadas a materiais atômicos e os riscos decorrentes de sua exposição, podendo afetar a saúde de pessoas e contaminar o meio ambiente.

Pelo perigo inerente às atividades nucleares, elas devem estar cercadas do especial cuidado na segurança em radioproteção. Elementos radioativos não podem ser usados para comércio ilícito, muito menos ir parar nas mãos de traficantes mal-intencionados, e assim podendo servir para propagar medo e violência, com fins estratégicos e políticos.

Vazamento de água radioativa, roubos, sumiços, armazenamento impróprio de rejeitos tóxicos e radioativos provam a falta de controle, fiscalização e transparência das empresas das Indústrias Nucleares do Brasil (INB). Evidenciam também o descumprimento de suas obrigações e deveres constitucionais perante a população. Assim a pauta sobre o perigo da contaminação, provocados pela radiação, desde a exploração mineral na natureza, suas diversas aplicações e usos, deve ser prioridade. É um tema que afeta a saúde pública e o meio ambiente. E como tal é de interesse da população, infelizmente não informada devidamente sobre a natureza da atividade atômica, e que segue propositadamente alijada destas discussões.

Não esqueçamos que o setor nuclear brasileiro, guarda em sua trajetória um passado nebuloso. Desde o contrabando e exportação de areias monazíticas do litoral capixaba, baiano e fluminense; a cabulosa venda de urânio para o Iraque; o desastre socioambiental provocado pela Nuclemon; o secretismo do Programa Nuclear Paralelo; a tragédia do Césio-137, em Goiânia; a falta de transparência e de controle social; o recebimento de propina por gestores, até a omissão de informações para a população.

Lembremos episódios mais recentes que aprofundam o crescente desgaste da política nuclear brasileira:

16/09/2022 – Houve um vazamento de água com material radioativo na usina nuclear de Angra 1, contaminando a Baía de Itaorna, em Angra dos Reis (RJ). Só no dia 29 do mesmo mês, denúncia anônima levada ao Instituto Estadual do Ambiente/RJ (INEA) denunciou o vazamento ocorrido duas semanas atrás. A Eletronuclear, responsável pelas duas usinas do País, chegou a negar o fato, mesmo depois de ter recebido notificação do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que multou a empresa em fevereiro de 2023, após analisar os relatórios apresentados pela Eletronuclear e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que na prática, são responsáveis por regular, licenciar e fiscalizar a produção e uso da energia nuclear no Brasil.

A ocultação deste episódio ampliou a desconfiança por parte da população e autoridades de ter havido outros vazamentos sem divulgação. Também levou a embargos pela Prefeitura de Angra dos Reis, da construção de Angra 3. Obra ícone da irresponsabilidade e insanidade do setor nuclear. Iniciada em 1984, foi paralisada diversas vezes nos seus 39 anos de obra inacabada.

29/03/2023 – Segundo informações (www.taniamalheiros-jornalista.blogspot.com/2023/03/armadilha-parte-do-processo-de.html), no final de fevereiro, início de março, ocorreu na Unidade de Enriquecimento de urânio da Fábrica de Elementos Combustíveis (FEC), da Indústria Nucleares do Brasil (INB), em Rezende (RJ), o rompimento de um equipamento, de onde vazou um gás, o hexafluoreto de urânio (UF6), que ao reagir com a umidade do ar produz o ácido fluorídrico (HF), líquido incolor, fumegante, de ponto de ebulição 20ºC sob pressão normal. Portanto, nas condições ambientes, onde a temperatura é de 25ºC, ele é um gás incolor, altamente corrosivo.

As informações dão conta que tais equipamentos, chamados de “armadilha”, servindo para recolher os subprodutos do processo do enriquecimento de urânio realizado nas ultracentrífugas, recorrentemente tem apresentado problemas.

A INB confirmou a ocorrência, e como de praxe, tentou minimizar o problema, declarando que a quantidade envolvida no vazamento foi “ínfima”, sem atingir o meio ambiente.

Neste caso também houve um grande déficit de informações prestadas pela empresa sobre o ocorrido, o que provocou dúvidas, incertezas, medo e pânico na população do entorno desta unidade da INB.

13/06/2023 – a Barragem D4 da Unidade de Descomissionamento de Caldas (MG), foi declarada em estado de emergência Nível 1, com categoria de risco alto, pelo perigo de rompimento, que provocaria uma tragédia ambiental inédita. A declaração de emergência veio após fiscalização da Agência Nacional de Mineração (ANM), responsável pela monitoração de barragens em todo o território nacional. O enquadramento em níveis de emergência ocorre pela insegurança da integridade estrutural e operacional da barragem.

A unidade da INB, em Caldas, primeiro complexo minero-industrial do Brasil a extrair e produzir concentrado de urânio em pó. Desativada em 1995, hoje abriga toneladas de material radioativo (urânio e tório), provenientes de atividades industriais locais e de outros Estados, rejeitos da mineração, que estão a céu aberto com materiais pesados e muita lama radioativa.

A Usina de Santo Amaro-USAM, que funcionou no Brooklin (zona sul da cidade de São Paulo), até 1992, extraía minerais pesados e terras raras utilizando solventes, a partir de areias monazíticas. Caldas recebeu cerca de 75% do subproduto deste processo, conhecido como “Torta II” (fosfato contendo metais pesados de terras raras – terra contaminada), aumentando o já extenso passivo ambiental no Planalto de Poços de Caldas. O restante do lixo atômico da USAM foi para outros locais.

A situação presente do armazenamento dos rejeitos é muito preocupante, e tem provocado grande inquietação na população do Planalto de Poços de Caldas, de seus municípios limítrofes. A INB, seus dirigentes, ao longo dos anos têm criado animosidades com os gestores municipais e moradores pelo desrespeito na relação de bem informar os problemas quando se trabalha com materiais radioativos, e os cuidados a serem tomados.

29/06/2023 – A mineradora AMG Brasil, no município de Nazareno, a 150 km de Belo Horizonte (MG) informou à CNEN o furto de dois equipamentos de medição que utilizam fontes seladas de Césio-137, mesmo material radioativo que causou a tragédia em Goiânia, em 1987. A diferença entre as fontes utilizadas em aparelhos de radioterapia e de aparelhos de medição, é que a quantidade de césio, neste caso, é menor. Mas o manuseio incorreto é extremamente perigoso, podendo causar danos graves à saúde. As consequências dependem do tempo de exposição e da dose recebida. Neste raro “final feliz”, os dois equipamentos foram encontrados incólumes em 10/07/23, em uma empresa que revende sucatas em São Paulo.

17/0/2023 – Foi constatado o desaparecimento de duas cápsulas, contendo gás hexafluoreto de urânio enriquecido (UF6) na Fábrica de Combustível Nuclear, em Resende (RJ). Tal material é utilizado na fabricação de elementos combustíveis para as duas usinas atômicas de Angra (RJ). Cada tubo possui cerca de 8 gramas de urânio enriquecido (4,5 %). A confirmação do “sumiço” destes dois tubos aconteceu em 16/08/23. Até o hoje segue desconhecido o paradeiro do urânio à deriva, que conduz perigos radiológicos e químicos significativos, em caso de manipulação imprópria (https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/uranio-a-deriva-no-rio-de-janeiro-tem-perigos-radiologicos-e-quimicos-significativos/).

03/08/2023 – Dois pacotes com fontes radioativas (radiofármacos com o radioisótopo Flúor-18) foram roubados de um veículo que seguia da empresa R2 Soluções em Radiofarmácia, sediada em Duque de Caxias (baixada fluminense), para entrega em centros médicos em São Paulo. A radioatividade do referido radioisótopo é bastante reduzida, visto que sua meia-vida é inferior a 2 horas (109 minutos). O que significa reduzido potencial de causar mal à saúde. Mas, deve-se evitar qualquer contato direto com o material. Os pacotes roubados não foram recuperados.

Nos casos relatados, o setor nuclear alega que os efeitos sobre os seres humanos e o meio ambiente são “neglicenciáveis”. Assim tentam minimizar a possibilidade de contaminação e/ou de uma provável catástrofe. Mas os fatos ocorridos, em tão breve período de tempo, evidenciam a irresponsabilidade, incompetência técnico-administrativa e a falta de cuidados obrigatórios, quando se trata de material radioativo. Ficam evidentes falhas nos protocolos de segurança, relativos ao deslocamento, manuseio e armazenamento de material tão perigoso à vida. E, ao contrário do que afirmam os órgãos do setor nuclear, a manipulação por pessoas despreparadas pode ocasionar gravíssimos danos à saúde e ao meio ambiente. Há ainda a possibilidade destes materiais terem sido roubados, desaparecidos sob circunstancias criminosas, para fins de terrorismo nuclear.

Por outro lado, os meios de comunicação corporativos não dão importância às más notícias referentes à questão nuclear. Desprezam ouvir e divulgar opiniões diferentes. E assim se associam aos grupos que, por diferentes razões, defendem esta fonte de energia cara, suja e perigosa. (ecodebate)

sexta-feira, 24 de novembro de 2023

Hidrogênio verde, azul, cinza: entenda o que cada cor significa

Hidrogênio verde, azul, cinza: entenda o que cada cor significa e as perspectivas de desenvolvimento.

Classificação do combustível por cores é controversa, mas usada por países como Alemanha e muda de acordo com o processo e a fonte de energia usada.
Tanque de armazenamento de hidrogênio em projeto de P&D Pecém H2V, da EDP, no Ceará.

O hidrogênio é a grande aposta global para a descarbonização das atividades econômicas e o alcance das metas do Acordo de Paris, de redução das emissões de carbono que garantam o aumento da temperatura abaixo de 2°C.

Atualmente, o gás natural é a principal fonte utilizada para produção do hidrogênio, respondendo por aproximadamente 75% da produção mundial.

Mas ao longo dos últimos anos, diversos países vêm desenhando suas políticas e estratégias nacionais para desenvolvimento de uma nova indústria de hidrogênio a partir de fontes renováveis e com captura de carbono.

É neste contexto que as diferentes rotas de produção foram associadas a diferentes cores e nomenclaturas. 

Polêmica sobre as cores

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) a utilização de cores para se referir a diferentes rotas de produção, ou termos como hidrogênio “sustentável”, “de baixo carbono” ou “limpo”, pode atrapalhar o entendimento sobre os níveis de emissões potenciais de cada rota.

A Agência sugere a adoção de critérios baseados na intensidade de emissões no ciclo de vida de produção do hidrogênio.

“A transparência sobre a intensidade das emissões da produção de hidrogênio pode trazer a clareza necessária e facilitar o investimento”, diz a IEA.

A nomenclatura também pode, em políticas públicas, ser uma barreira para o desenvolvimento ou não de alguma rota em potencial, ou privilegiar uma rota em detrimento de outra.

O Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), lançado pelo governo brasileiro, por exemplo, optou por utilizar na sua última atualização o termo “hidrogênio de baixa emissão”, para considerar os hidrogênios produzidos a partir de fontes renováveis, energia nuclear, e fontes fósseis com captura de carbono.

O programa dos Estados Unidos utiliza a expressão hidrogênio limpo, estabelecendo uma meta de 4,0 kgCO2e/kgH2 para as emissões de gases de efeito estufa do ciclo de vida associadas à produção de hidrogênio.

Já a estratégia da Alemanha para o hidrogênio optou pela nomenclatura de cor, privilegiando incentivos e subsídios ao hidrogênio verde e abrindo espaço, em um primeiro momento, para o uso dos hidrogênios laranja, azul e turquesa.

O hidrogênio é classificado nas seguintes cores:

- Hidrogênio cinza: obtido a partir de gás natural ou metano

- Hidrogênio azul: reforma de gás natural, com captura de carbono (CCS)

- Hidrogênio turquesa: pirólise do metano

- Hidrogênio laranja: a partir de resíduos

- Hidrogênio branco: é um hidrogênio geológico natural

- Hidrogênio branco: é um hidrogênio geológico natural

- Hidrogênio verde: eletrólise da água, usando eletricidade renovável

- Hidrogênio rosa: eletrólise da água, mas com eletricidade de usinas nucleares

- Hidrogênio musgo: produzido de biomassa e biocombustíveis, com ou sem CCUS, através de reformas catalíticas, gaseificação ou biodigestão anaeróbica;

- Hidrogênio marrom e preto: produzido com a gaseificação do linhito (carvão marrom) feito a partir da gaseificação do carvão preto

Veja como cada um é produzido e as perspectivas de desenvolvimento:

Hidrogênio cinza: obtido a partir de gás natural ou metano

A produção de H2 a partir de gás natural é realizada majoritariamente a partir de reforma a vapor, sendo este também o processo de produção de H2 mais utilizado mundialmente.

A reforma a vapor é um processo bastante maduro, caracterizando-se como uma das principais rotas tecnológicas de produção de hidrogênio no curto prazo.

Apesar da grande variabilidade, a rota tecnológica de hidrogênio cinza tem menores custos quando comparada às outras opções, e deve satisfazer a demanda de hidrogênio de curto prazo, até que rotas tecnológicas alternativas de baixo ou zero carbono tornem-se economicamente competitivas. (EPE)

Hidrogênio azul: reforma de gás natural, com captura de carbono (CCS)

O processo de produção do hidrogênio azul é idêntico ao do hidrogênio cinza: ambos são produzidos a partir do gás natural, majoritariamente pela tecnologia de reforma a vapor e tendo o CO2 como subproduto.

A diferença entre as rotas é que, no caso do hidrogênio azul, adicionam-se as etapas de CCUS ao processo. Essas mesmas tecnologias, isto é, reforma a vapor e CCUS, são também aplicáveis no caso de a origem do metano ser renovável, o que, por sua vez, é uma das rotas de produção do hidrogênio musgo, assim caracterizado por ser proveniente da biomassa.  (EPE)

O hidrogênio azul é uma aposta de petroleiras e do estado do RJ, por exemplo. Mas há pressão de associações de renováveis — e das próprias condições de mercado — para deixar a rota de fora da expansão do mercado de hidrogênio no Brasil.

Hidrogênio turquesa: pirólise do metano

Outra rota de produção cuja matéria-prima principal é o gás natural. Resultado da pirólise, o hidrogênio turquesa tem como subproduto o carbono sólido (negro de fumo), cuja utilização pode permitir agregação de valor e impedir a liberação do carbono como CO2 para a atmosfera

Para que o hidrogênio turquesa seja considerado neutro em CO2 é necessária a captura de carbono no processo.

Há outra rota de produção cuja matéria-prima principal é o gás natural: resultado da pirólise, o hidrogênio turquesa tem como subproduto o carbono sólido (negro de fumo), cuja utilização pode permitir agregação de valor e impedir a liberação do carbono como CO2 para a atmosfera.

Hidrogênio laranja: a partir de resíduos

É produzido a partir de bioenergia – como biomassa, biocombustível, biogás ou biometano – que geralmente provém de resíduos e materiais residuais. Os gases de efeito estufa nele contidos são liberados durante a combustão. Assim, a pegada de CO2 do hidrogénio laranja é inferior à dos combustíveis fósseis, mas superior à do hidrogénio verde (Estratégia Alemã para o Hidrogênio).

Também pode ser considerado laranja o hidrogênio liberado de formações rochosas subterrâneas ricas em ferro, após o bombeamento de uma solução de água enriquecida com CO2, com posterior captura de carbono.

Hidrogênio branco: é um hidrogênio geológico natural

O hidrogênio branco refere-se ao hidrogênio que ocorre naturalmente. É encontrado na natureza como gás livre em camadas da crosta continental, nas profundezas da crosta oceânica ou em gases vulcânicos, gêiseres e sistemas hidrotermais. Parece estar presente em uma ampla gama de formações rochosas e regiões geológicas. (Artigo, em inglês)

Uma pesquisa liderada pela Engie em conjunto com a Geo4u demonstrou a presença de hidrogênio no solo e poços profundos da Bacia do São Francisco, em Minas Gerais, constatando altas concentrações desse gás em reservatórios profundos.

Além de Minas Gerais, campanhas exploratórias preliminares já foram realizadas nos estados do Ceará, Goiás, Tocantins, Roraima, Minas Gerais e Bahia que apresentaram diferentes potenciais para a pesquisa de hidrogênio natural.

Este ano, fontes de hidrogênio natural também foram identificadas no município de Maricá, no Rio de Janeiro.

Hidrogênio verde (H2V): eletrólise da água usando eletricidade renovável

O hidrogênio verde é definido como o hidrogênio produzido pela divisão da água em hidrogênio e oxigênio usando eletricidade renovável por meio de um processo chamado eletrólise.

Pelo mundo, e no Brasil, é a rota preferida pelos desenvolvedores de projetos, por ser a que possui menor emissões de carbono em sua produção. Entretanto, ainda o custo do hidrogênio verde ainda é muito superior ao que utiliza fontes fósseis.

Nos últimos dois anos, dezenas de projetos para produção de hidrogênio verde no Brasil foram anunciados. Estima-se que juntos eles somem mais de US$ 30 bilhões em investimentos, de acordo com levantamento do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel).

A maior parte ainda está em estudo de viabilidade, com apenas memorandos de entendimento assinados com portos e governos estaduais. Entretanto, o Brasil já começa a ver alguns empreendimentos saírem do papel, entre pilotos e plantas de escala industrial.

Hidrogênio rosa: resultante da eletrólise da água, mas com eletricidade de usinas nucleares

O hidrogênio rosa é gerado por eletrólise alimentada por energia nuclear. O hidrogênio produzido nuclearmente também pode ser chamado de hidrogênio roxo ou hidrogênio vermelho.

Além disso, as temperaturas muito elevadas dos reatores nucleares poderiam ser utilizadas noutras produções de hidrogénio, produzindo vapor para uma eletrólise mais eficiente ou para a reforma a vapor do metano à base de gás fóssil.

Hidrogênio musgo: produzido de biomassa e biocombustíveis

Essa mesma base tecnológica permite se chegar a emissões negativas – ou seja, a remoção líquida de carbono da atmosfera – com a produção do hidrogênio. Tal potencial surge da combinação dos processos do hidrogênio azul ou turquesa com o que caracteriza o hidrogênio musgo, isto é, o uso da biomassa como matéria-prima: faz-se a substituição do metano (CH4) de origem fóssil pelo metano renovável do biogás para a produção de hidrogênio com CCUS

Emissões negativas são essenciais em cenários que preveem maior ambição climática, ou em casos em que parte da matriz energética e outras atividades não possam ser convertidas para sistemas neutros em carbono (devendo ter, portanto, suas emissões compensadas) – o que confere relevância às tecnologias capazes de atingi-las.  (EPE)

Hidrogênio marrom e preto: produzido com a gaseificação do linhito (carvão marrom) feito a partir da gaseificação do carvão preto.

É um processo estabelecido usado em muitas indústrias que converte materiais ricos em carbono e hidrogênio e dióxido de carbono. Como resultado, a gaseificação libera esses subprodutos na atmosfera. (epbr)