O
executivo alemão prevê que até 2030, 100% dos ônibus urbanos vendidos na Europa
serão livres de carbono. Também até lá, estima, o preço de um modelo elétrico
estará equiparado ao do tradicional a combustão. “Subsídios agora são
importantes porque uma cidade precisa do transporte público para trabalhar”,
diz.
Na Europa, a troca de veículos a diesel por elétricos recebe subsídios de municípios, Estados e até do país, dependendo da região. “As populações das cidades estão crescendo; muita gente se muda para os centros urbanos. Os municípios precisam organizar seu sistema de transporte à medida que a demanda aumenta”, diz Oberwörder.
Mesmo na Europa, com vasta estrutura de transporte sobre trilhos, o ônibus tem a capacidade, segundo Oberwörder, de se integrar ao modelo intermodal e de atender ao aumento de demanda de forma mais rápida. E, no momento, diz, há pressa para reduzir os níveis de CO2 no planeta.
Amparada
por legislação anterior, há cerca de um ano, a SPTrans, empresa de economia
mista responsável pelo transporte coletivo em São Paulo, passou a proibir a
compra de veículos a diesel para o uso no transporte público da cidade. A
prefeitura anunciou que obteve, junto a instituições internacionais, como o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), cerca de R$ 2,5 bilhões para
subsidiar a eletrificação da frota.
Dos
cerca de 13 mil ônibus de São Paulo, a maior frota de transporte público do
país, cerca de 200 são do tipo trólebus -usam linhas aéreas para se movimentar
com energia elétrica. A ideia é colocar nas ruas modelos mais modernos, com
baterias recarregáveis.
Para
Oberwörder, a transformação global da matriz energética do transporte muda
parâmetros e, por isso, requer o envolvimento do poder público. “O diesel
funcionou bem durante 120 anos. Temos dez anos de eletromobilidade ainda”,
destaca.
Oberwörder aproveitou a abertura da BusWorld, a maior feira do setor, na sexta-feira (6), em Bruxelas, para apontar a necessidade de expandir a infraestrutura de recarga de baterias nas rodovias da Europa e, assim, levar a eletromobilidade para as estradas. Segundo ele, a instalação de pontos de recarga em rodovias não tem acompanhado a evolução tecnológica dos veículos.
Eletrificação do transporte público já se paga, diz diretora do BNDES.
Por
isso, disse, será difícil alcançar a meta, fixada pelas autoridades da União
Europeia, de alcançar carbono zero em 45% dos ônibus rodoviários vendidos no
continente até 2030. Ele estima que pela falta de estações de recarga não mais
do que 20% das vendas de rodoviários estarão livres de carbono em sete anos. “A
discussão não é fácil. Mas temos que ser realistas. Não há meios de vender
ônibus elétricos sem infraestrutura”, diz.
O
uso do hidrogênio como extensor de autonomia poderá ser uma alternativa para
viabilizar o uso de ônibus elétricos em estradas. Na Europa, a Daimler acaba de
lançar um modelo com essas características. O veículo que é elétrico, com
baterias recarregáveis em tomadas, carrega também hidrogênio em cilindros. A
conversão desse hidrogênio em energia elétrica, garante à bateria carga extra
em torno de 30%.
Trata-se,
porém, de uma experiência ainda cara, segundo Frank Mandel, responsável por
treinamento global de produto na Daimler. Segundo ele, além disso, a logística
de abastecimento do hidrogênio, que tem que ser extremamente puro, ainda é
complicada e restrita a suprimento em locais mais reservados, como garagens de
determinados frotistas.
Na Europa, um ônibus urbano elétrico, roda em torno de 300 quilômetros com uma carga de bateria, segundo a Daimler. Com a ajuda do hidrogênio, esse novo modelo, o eCitare Fuel Cell, alcança 400 quilômetros.
Eletrificação no transporte público é caminho para descarbonizar o sistema.
No
Brasil, a operação de veículos comerciais da Mercedes-Benz - que pertence ao
grupo Daimler - é relevante para a companhia. Segundo Oberwörder, o volume de
ônibus produzidos na fábrica de São Bernardo equivale ao dobro do total do
grupo na Europa.
Segundo
o executivo, nem os altos e baixos da economia “são motivo” para a empresa não
continuar no país, onde se instalou há 67 anos. Oberwörder não revela dados
financeiros, mas sugere que “seu sorriso seja a dica” quando questionado sobre
lucratividade.
A
redução das taxas de juros no Brasil entusiasma, ao mesmo tempo, Achim Puchert,
no comando da operação no Brasil e na América Latina. “Os sinais são positivos,
incluindo a estabilidade do câmbio. Isso nos leva a prever um 2024 mais forte”,
destaca. Já a crise na Argentina é vista por Puchert, como uma “situação
triste”, que depende, agora, do que virá após a eleição presidencial. A
Mercedes tem fábricas no país vizinho, onde produz a van Sprinter e também
monta ônibus e caminhões com componentes importados do Brasil.
“Mas não existe no momento, na América Latina, nada que nos tire as noites de sono”, destaca Oberwörder. O executivo acrescenta, ainda, que a forma como os latino-americanos lidam com a volatilidade também traz muitos aprendizados para os europeus.
De carros a ônibus, frota elétrica acelera no país e vendas devem crescer 33% neste ano.
“E para lhe dar um pequeno exemplo, lembro quando a covid nos atingiu. O mundo todo estava numa situação difícil. Apesar disso, sempre houve ali (na América Latina) uma atitude, uma mentalidade de trabalhar com isso, conviver com isso e tirar o melhor proveito disso. De não colocar apenas o chapéu no centro do traje, mas buscar estratégias. Acho que outras regiões do mundo podem aprender com isso”, destaca Oberwörder. (biodieselbr)
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