sábado, 30 de julho de 2011

A revolução do gás de xisto

O desenvolvimento das tecnologias de produção do gás de xisto vem sendo apontado como uma revolução para o negócio e a economia do gás natural. Muitos agentes e o próprio governo americano acreditam que o descolamento do preço do gás natural do preço do petróleo nos Estados Unidos é um fenômeno estrutural que reflete o novo contexto tecnológico e geológico da indústria do gás natural.
Existe uma percepção de que a revolução tecnológica do gás de xisto afetará não apenas a indústria do gás americana, mas também o comércio mundial de gás de forma permanente. Os que acreditam nesta mudança estrutural apontam os seguintes argumentos para sustentar esta visão:
* Os recursos existentes nos Estados Unidos de gás de xisto equivalem a 3,5 vezes o volume de todas as reservas provadas atualmente nos EUA. Além disto, a disponibilidade de recursos de gás de xisto não se restringe aos EUA. Um recente levantamento realizado pelo Departamento de Energia (DOE) apontou a existência de grandes volumes de recursos de gás de xisto em 48 bacias sedimentares em 32 países, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Uruguai e Paraguai.
* O processo de aprendizado tecnológico dos últimos 10 anos permitiu reduzir de forma radical o custo de produção de gás de xisto. As principais inovações foram:
i) redução do tempo de perfuração dos poços;
ii) aprimoramento das técnicas de perfuração horizontal;
iii) melhoria do conhecimento geológico de áreas produtoras;
iv) desenvolvimento de tecnologias de fraturamento hidráulico e padronização de equipamentos. Estas inovações teriam reduzido os custos de produção para menos de 3 dólares por Mmbtu, nas melhores áreas produtoras.
* Além da redução do custo de produção, muitos autores apontam o menor risco geológico e de mercado como um indutor dos investimentos nas áreas de gás de xisto. De fato, além do risco geológico ser menor que os do gás não convencional, os projetos de gás de xisto têm como característica um curto período de investimento e produção. Grande parte da produção do gás está concentrada nos primeiros períodos de 3 anos. Neste horizonte de tempo é possível garantir preços do gás no mercado americano através de contratos no mercado futuro. Este menor risco tem facilitado a atração de capital com baixo custo para o setor.
Pelas razões acima mencionadas, muitos agentes vêm sustentando que as mudanças ocorridas no mercado de gás americano, em particular sobre o nível de preços, são estruturais. O Departamento de Energia dos EUA, por exemplo, reviu para baixo suas previsões de preços futuros para o gás natural. Essas previsões apontam para um preço de gás entre 3 e 3,5 vezes menor do que o preço do petróleo no mercado americano durante todo o período entre 2011 e 2035, no cenário de referência.
Ou seja, o preço do gás subiria lentamente de 4 para cerca de 7 dólares por MMBtu no período, enquanto o petróleo sairia de 13 para y 22 dólares por MMBtu no mesmo período. Neste período, a produção de gás não convencional (Areias compactas, Gás de Xisto e Gás de Carvão) passaria de 50% para 74% do volume total de gás produzido nos EUA.
Esta visão do Governo Americano é compartilhada pela maioria dos agentes privados do mercado. O DOE já recebeu pedido de cerca de 10 empresas para autorização de projetos de liquefação de gás visando a exportação de GNL. A empresa de gás americana Cheniere recebeu a autorização do DOE e pretende investir bilhões de dólares numa planta de liquefação no mesmo sítio onde hoje já opera uma planta de regaseificação de gás.
O projeto da planta de liquefação se sustenta na previsão de que os preços do gás nos EUA ficaram pelo menos 5 dólares por MMbtu mais barato que o preço do gás na Europa. Mais uma vez, o diferencial de preços entre os EUA e a Europa estaria baseado na hipótese do descolamento do preço do gás do preço do petróleo nos EUA, enquanto o preço do gás na Europa tenderia a permanecer vinculado ao preço do Petróleo.
No entanto, nem tudo é céu de brigadeiro na revolução do gás de xisto:
* Os custos de produção não são exatamente os anunciados pelas empresas. Apesar da formação de um consenso entre os analistas de que o custo atual de produção do gás de xisto encontra-se entre 3 a 4 dólares por MMbtu e a taxa média de retorno dos projetos em torno de 30%, estudos mais focados no tema mostram uma realidade diferente. Os custos de produção de gás de xisto podem variar muito de acordo com os projetos, o custo marginal de produção atual situa-se entre 6 e 7 dólares por MMbtu e a rentabilidade dos projetos têm sido abaixo dos 10% ao ano.
Os especialistas que advogam esta visão explicam o crescente investimento em gás de xisto pelas seguintes razões:
i) muitas empresas investidoras conseguiram se proteger da queda do preço do gás em 2009 através do mercado futuro;
ii) com o excesso de liquidez atual do mercado financeiro, as empresas conseguem atrair capital mesmo para projetos de baixa rentabilidade;
iii) com a queda do preço do gás novos investimentos têm se orientado para áreas produtoras de gás com líquidos associados;
iv) a “corrida” ao gás de xisto fez com que grandes empresas de petróleo conseguissem concessões em áreas produtoras na fase em que o preço do gás já havia caído.
Estas empresas têm obrigações legais de investir, mesmo no cenário de baixos preços.
* Os custos que estão elevados em relação ao preço atual do mercado (cerca de 4,4 dólares por MMbtu) podem elevar-se significativamente com a evolução da regulação ambiental. A legislação ambiental americana está desatualizada frente às novas tecnologias de perfuração e fraturamento hidráulico.
Atualmente, existe uma crescente mobilização da comunidade ambiental para que os estados adotem uma legislação ambiental específica para o gás de xisto. O Texas já fez isto e se tornou o primeiro Estado americano a aprovar uma legislação específica para o gás de xisto. A partir de agora as produtoras de gás de xisto no Texas serão obrigadas a divulgar os componentes químicos utilizados para o fraturamento hidráulico bem como todas as características técnicas do poço a ser perfurado.
Pelas razões acima mencionadas, começam a surgir visões que destoam do consenso em torno da ideia da revolução do gás de xisto. Estas visões destoantes esperam uma recuperação mais firme do preço do gás nos Estados Unidos a partir de uma recuperação da economia americana. Por um lado, esta recuperação poderia acelerar o crescimento da demanda de gás, principalmente a partir de uma maior demanda de eletricidade. Por outro lado, a recuperação da demanda implicaria numa elevação da taxa de juros, reduzindo a disponibilidade de capital para projetos de baixa rentabilidade.
Todo bom economista da energia deveria desconfiar dos consensos que se formam nos mercados energéticos. O setor energético é por demais complexo para justificar consensos duradouros. A própria revolução do gás de xisto esteve fora do radar dos especialistas até a consumação dos fatos. É hora de prestarmos mais atenção sobre a economia do gás de xisto antes de afirmar com tanta certeza que o preço do gás ficará tão baixo em relação ao preço do petróleo nos próximos 25 anos. (ambienteenergia)

Gás Natural: um caminho possível

Em tempos de mudanças climáticas e aquecimento global, a descoberta do Pré-Sal tornou o Brasil detentor de uma das maiores reservas de Petróleo e Gás Natural do mundo. Poderá este fato tornar a matriz energética brasileira, umas das mais limpas do mundo, mais suja? Será que investir em combustíveis fósseis e em energias não renováveis seria uma alternativa correta frente aos problemas ambientais atuais?
Hipocrisia à parte, não podemos negar que hoje a economia capitalista está fundada no petróleo e seus derivados. Segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE), 89% da energia produzida no mundo é oriunda de fontes não renováveis, como o petróleo, o gás natural e o carvão. Os combustíveis fósseis estão tão arraigados na economia atual que seriam necessários investimentos de três trilhões por ano durante quarenta anos para transformá-la em uma economia sustentável, segundo estudo divulgado pela ONU. Seria utópico acreditar que diante de tantos alardes e do iminente colapso do Meio Ambiente, os combustíveis fósseis seriam facilmente abandonados.
Desta forma, se não pudermos vencer o inimigo, melhor se juntar a ele. Dentre os combustíveis fósseis, o mais limpo é o Gás Natural. Além de ser utilizado quase in natura, emite menos poluentes que o petróleo e carvão. Sua queima emite baixíssimas quantidades de dióxido de enxofre (SO2) e material particulado – resíduos do processo de combustão – presentes na fumaça. É composto por uma mistura de hidrocarbonetos, com destaque para o metano (CH4), gás de maior influência no efeito estufa, e é encontrado em jazidas ou depósitos subterrâneos, que normalmente estão associados ao petróleo, pois ambas as substâncias têm o mesmo processo de transformação de decomposição da matéria orgânica durante milhares de anos, acumulando-se, assim, no mesmo local. Ainda, de acordo com a lei 9.478/97 (Lei do Petróleo), o gás natural é “a porção do petróleo que existe na fase gasosa ou em solução no óleo, nas condições originais de reservatório, e que permanece no estado gasoso em CNTP (condições normais de temperatura e pressão)”
Não surpreendentemente, o primeiro uso deste combustível ocorreu na China nos séculos XVIII e XIX ao utilizar, de forma ainda rudimentar, os locais de escape de gás natural mineral para construir altos-fornos destinados à cerâmica e metalurgia. Séculos depois, o principal crescimento deste combustível se deu, principalmente, no período pós-guerra até 1960. Nesta época, em razão dos avanços em metalurgia,
técnicas de soldagem e construção de tubos foram instalados milhares de quilômetros de gasodutos. Desde então, o gás natural passou a ser utilizado em grande escala por vários países, dentre os quais podemos destacar os Estados Unidos, Canadá, Japão além da grande maioria dos países europeus, passando a corresponder atualmente, segundo a AIE, à 15,6% da demanda energética global.
Nesta esteira, a União Europeia tem a intenção de construir um extenso oleoduto, denominado Nabucco, que em 2017 deverá interligar a Áustria à grandes reservas de gás no Azerbaijão, reduzindo a dependência do bloco em relação à Rússia. O gás natural responde por 23% da geração de energia na União Europeia, em comparação com 28% de fontes nucleares e outros 19% oriundos de fontes renováveis de energia, como eólica e solar. Estima-se que se continuar neste ritmo de consumo, segundo a AIE, em 100 anos se esgotaria as fontes mundiais de gás natural.
Mesmo antes da crise no Japão, e da posterior decisão alemã de abandonar a energia nuclear, Bruxelas começou a discutir os investimentos nesta fonte energética. No cerne da discussão estavam o custo, essencial para consumidores e indústria, e as metas ambientais do bloco, tendo em vista a missão de reduzir as emissões de carbono em 80% a 95% até 2050. O custo certamente não seria um entrave. Ronan O’Regan, diretor de energia e eletricidade da consultoria PwC estima que a Alemanha poderá gastar € 3 bilhões para cada mil MW/h de nova capacidade eólica no mar, enquanto uma usina a gás equivalente custaria cerca de € 800 milhões.
No entanto, por certo as metas ambientais impostas não seriam alcançadas. Fora os motivos óbvios de poluição atmosférica, onde se destaca as emissões de óxidos de nitrogênio (NOx), entre os quais o dióxido de nitrogênio (NO2) e o óxido nitroso (N2O), um dos gases contribuintes do aquecimento global e da redução da camada de ozônio, outro grande problema ambiental é a grande dependência de recurso hídrico na produção deste combustível. Há a necessidade de um sistema de resfriamento, cujo fluido refrigerante é normalmente a água. Estima-se que mais de 90% do uso de água de uma central termelétrica podem ser destinados ao sistema de resfriamento, chegando à uma demanda média diária de água de 94 m³.
Haveria, portanto, grande demanda por este recurso e que em função do volume de água captada teria grandes perdas na evaporação e no despejo de efluentes. Não obstante estes indesejados impactos ambientais, a demanda por gás natural está crescendo no Brasil.
Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado houve um consumo médio diário em Maio de 2011 de 47,4 milhões de m³ de gás. Na medida em que cresce a demanda, aumenta a quantidade de novos campos de gás natural descobertos. Nos últimos anos o país vem colecionando descobertas de reservas de gás natural, principalmente as ligadas ao Pré-Sal. Os campos da Bacia de Santos, por exemplo, contêm 20% de gás natural. Segundo estimativas da Petrobrás há um potencial produtivo de cerca de 40 milhões m³/dia, apenas na reserva santista. Há ainda a exploração nas Bacias de São Francisco (Minas Gerais), Solimões (Amazonas) e Parnaíba (Maranhão), indicando um grande potencial produtivo de gás natural. Contudo, no caso destas últimas o potencial produtivo seria de gás não associado, isto é, a produção somente se viabilizará caso haja mercado disposto a pagar um preço capaz de cobrir os custos de produção e transporte do gás natural produzido nestas áreas.
Segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), as reservas provadas hoje no Brasil são de 423.003 milhões m³, enquanto as reservas totais de gás natural são de 824.723 milhões m³. Contudo, isso ainda não é suficiente para suprir a demanda interna. Mesmo após inúmeras descobertas, o Brasil continua dependente do gás importado da Bolívia. Desde 1999 está em operação o gasoduto Brasil-Bolívia com capacidade de transportar 30 milhões m³/ dia, equivalente à demanda da região Sudeste.
A dependência brasileira ao gás boliviano teve seu pior momento em 2006 quando, em razão das crises resultantes da longa disputa entre o Governo Evo Morales e os dirigentes da província de Santa Cruz, a Petrobrás foi obrigada à reduzir o fornecimento para as distribuidoras de gás no Rio de Janeiro e São Paulo. Isso levou a Petrobrás à investir ainda mais na produção nacional e na construção de infraestrutura de portos para a importação de GNL (Gás Natural Liquefeito).Em fevereiro de 2011, a Petrobras anunciou a construção do Terminal de Regaseificação de Gás Natural Liquefeito da Bahia (TRBA), prevista para operar em março de 2012 no valor de US$ 706 milhões. Esta unidade terá a capacidade para regaseificar 14 milhões m³/dia de gás natural, ampliando a atual capacidade de regaseificação do país para 35 milhões de m³, sem contar o gás importado da Bolívia.
A comercialização de gás natural teve um aumento considerável de 7,23% em relação a 2010. Apesar de o setor automotivo ter tido uma queda de 3,21% em relação a 2010, teve um aumento de em 2,92% em comparação à Abril deste ano em razão da alta do preço do etanol verificada nos últimos meses. O valor do combustível está muito próximo ao da gasolina. Isso fez com que o consumidor voltasse a usar o GNV.
Para se ter uma ideia, no primeiro trimestre de 2011, 6.370 veículos passaram a rodar movidos a gás no estado do Rio de Janeiro, o líder nacional de automóveis movidos à GNV. Conforme dados de abril do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), o Brasil tem 1.680.00 veículos movidos a gás natural, sendo que 750 mil ficam no Rio de Janeiro.
Esse crescimento no Rio de Janeiro se deve principalmente ao incentivo fiscal que o governo estadual concede ao consumidor. Aquele que optar pelo GNV poderá pagar o IPVA com até 75% de desconto. Fora que dos combustíveis disponíveis no mercado é o menos poluente e o mais econômico, com rendimento muito superior ao do álcool e ao da gasolina.
Hoje um kit de conversão de motor para uso de GNV pode ser comprado no valor de R$ 2.179,00. Levando-se em conta que o preço médio nas bombas no início de maio/11 era de R$ 1,698 para o m³ de GNV, de R$ 2,598 para o litro de etanol e de R$ 3,048 o da gasolina, o consumidor que adotar esta modalidade terá um retorno financeiro em até nove meses.
Verificam-se evidências claras que não há hoje, e até a popularização dos carros elétricos, melhor alternativa para combustíveis automotivos do que o gás natural. Contudo para os demais usos de energia, devemos optar, quando possível, pela energia elétrica, principalmente porque nossa matriz energética é limpa e nos oferece diversas fontes limpas e renováveis.
Por ser ambientalista e lutar para preservação do Meio Ambiente, optarei sempre pela opção mais limpa e renovável. Os combustíveis fósseis não se enquadram neste critério. Mas como mencionei, não podemos ser hipócritas e tentar mudar uma economia consolidada num estalar de dedos. O processo é lento e demorado.
Até lá, devemos optar pelas alternativas acessíveis e de preferência por aquelas que sejam menos impactantes. O gás natural não é limpo e tampouco renovável. Mas é hoje, sem dúvidas, o melhor em comparação aos demais combustíveis fósseis. (ambienteenergia)

Petróleo e Gás Natural

O petróleo é a principal fonte de energia do mundo. Junto com o gás natural, na verdade um subproduto da indústria do petróleo, ele alimenta mais de 60% das necessidades energéticas das economias industriais.
Petróleo
Dados fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostram que o petróleo ocupa uma posição de destaque na matriz energética brasileira, com aproximadamente 30% da produção de energia primária. Pode-se verificar também que, nos últimos quatro anos, a participação aumentou, em média, de 2% a 3% ao ano.
O petróleo é uma substância oleosa, inflamável, menos densa que a água, com cheiro característico e de cor variando entre o negro e o castanho escuro.
Embora objeto de muitas discussões no passado, hoje se tem como certa a sua origem orgânica, sendo uma combinação de moléculas de carbono e hidrogênio.
O petróleo é um recurso natural abundante, porém, não renovável. Sua pesquisa envolve elevados custos e complexidade de estudos. É também atualmente a principal fonte de energia. Serve como base para fabricação dos mais variados produtos, dentre os quais se destacam: benzinas, óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até mesmo medicamentos. Já provocou muitas guerras e é a principal fonte de renda de muitos países, sobretudo no Oriente Médio.
Além de gerar a gasolina que serve de combustível para grande parte dos automóveis que circulam no mundo, vários produtos são derivados do petróleo como, por exemplo, a parafina, GLP, produtos asfálticos, nafta petroquímica, querosene, solventes, óleos combustíveis, óleos lubrificantes, óleo diesel e combustível de aviação. O petróleo é uma matriz energética conveniente. Possui alta densidade energética e preços voláteis. Porém é fortemente poluidor da atmosfera.
Gás Natural
O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves encontrada no subsolo, na qual o metano tem uma participação superior a 70 % em volume. A composição do gás natural pode variar bastante dependendo de fatores relativos ao campo em que o gás é produzido, processo de produção, condicionamento, processamento, e transporte. O gás natural é um combustível fóssil e uma energia não renovável.
O gás natural é encontrado no subsolo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação da matéria orgânica de forma anaeróbica oriunda de quantidades extraordinárias de microorganismos que, em eras pré-históricas, se acumulavam nas águas litorâneas dos mares da época. Essa matéria orgânica foi soterrada a grandes profundidades e, por isto, sua degradação se deu fora do contato com o ar, a grandes temperaturas e sob fortes pressões.
Petrobrás
A Petrobras - Petróleo Brasileiro S/A é uma empresa de capital aberto, cujo acionista majoritário é o Governo do Brasil. É, portanto, uma empresa estatal de economia mista. Fundada em 3 de outubro de 1953 e sediada no Rio de Janeiro, opera hoje em 27 países, no segmento de energia, prioritariamente nas áreas de exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo e seus derivados, no Brasil e no exterior. Seu lema atual é "Uma empresa integrada de energia que atua com responsabilidade social e ambiental".
A empresa está em quarto lugar no ranking das maiores petrolíferas de capital aberto do mundo. Em valor de mercado, foi a terceira maior empresa do continente americano e a quinta maior do mundo, no ano de 2008. Em janeiro de 2010, passou a ser a quarta maior empresa de energia do mundo, sempre em termos de valor de mercado, segundo dados da consultora PFC Energy.
A Petrobras é referência internacional na exploração de petróleo em águas profundas, para a qual desenvolveu tecnologia própria, pioneira no mundo, sendo a líder mundial deste setor. O seu projeto Roncador recebeu, em março de 2001, o "Distinguished Achievement Award - OTC'2001", tornando-se uma referência tecnológica para o mundo do petróleo e confirmando a liderança da Petrobras em águas profundas.
A plataforma P-50 é um FPSO, sigla de Floating, Production Storage and Offloading, unidade que possui a característica de produzir, processar, armazenar e escoar óleo e gás. Localizada no campo de Albacora Leste, ao norte da Bacia de Campos (RJ), a P-50 é a unidade flutuante de maior capacidade do Brasil, podendo produzir até 180 mil barris diários de petróleo e apresentando capacidade para comprimir seis milhões de metros cúbicos de gás natural e estocar 1,6 milhão de barris de petróleo. A plataforma tem comprimento de 337 metros, calado de 21 metros e 55 metros de altura total.
Pré-Sal
Nas rochas da camada pré-sal existentes no mundo, a primeira descoberta de reserva petrolífera ocorreu no litoral brasileiro, que passou a ser conhecida simplesmente como "petróleo do pré-sal" ou "pré-sal". Estas também são as maiores reservas conhecidas em zonas da faixa pré-sal até o momento identificadas.
As reservas de petróleo encontradas na camada pré-sal do litoral brasileiro estão dentro da área marítima considerada zona econômica exclusiva do Brasil. São reservas com petróleo considerado de média a alta qualidade, segundo a escala API. O conjunto de campos petrolíferos do pré-sal se estende entre o litoral dos estados do Espírito Santo até Santa Catarina, com profundidades que variam de 1000 a 2000 metros de lâmina d'água e entre quatro e seis mil metros de profundidade no subsolo, chegando portanto a até 8000m da superfície do mar, incluindo uma camada que varia de 200 a 2000m de sal.
A Plataforma P-52, que extrai petróleo do campo de Roncador, inclusive da camada pré-salO geólogo e ex-funcionário da Petrobras Márcio Rocha Mello acredita que o pré-sal pode ser bem maior do que os 800 quilômetros já identificados, estendendo-se de Santa Catarina até o Ceará.
Apenas com a descoberta dos três primeiros campos do pré-sal, Tupi, Iara e Parque das Baleias, as reservas brasileiras comprovadas, que eram de 14 bilhões de barris, aumentaram para 33 bilhões de barris. Além destas existem reservas possíveis e prováveis de 50 a 100 bilhões de barris.
A descoberta do petróleo nas camadas de rochas localizadas abaixo das camadas de sal só foi possível devido ao desenvolvimento de novas tecnologias como a sísmica 3D e sísmica 4D, de exploração oceanográfica, mas também de técnicas avançadas de perfuração do leito marinho, sob até 2 km de lâmina d'água. (energiaxmeioambiente)

quinta-feira, 28 de julho de 2011

‘Ecos’ de Fukushima

‘Ecos’ de Fukushima: Divulgação de informações sobre radioatividade dos alimentos continua incompleta
A lentidão e a dissonância dos poderes públicos alimentam a desconfiança da população
A imprecisão das informações sobre a poluição radioativa da usina nuclear de Fukushima e sobre a contaminação da cadeia alimentar tem aumentado os temores dos japoneses. Para muitos, o pedido feito pelo governo à indústria de carne bovina, em 26/06/11, para comprar e incinerar toda a carne de animais que houvessem consumido feno contaminado por césio, chegou bem tarde.
Segundo o ministério da Agricultura, a operação deverá atingir os produtos originados de 2.906 animais de 16 províncias, sendo que parte deles já foi colocada à venda em dezenas de lojas de diversas marcas, como a Aeon.
O governo avalia seu custo em 2 bilhões de ienes (R$ 40 milhões). Ele ajudará a indústria do setor, mas pede para que ela procure a operadora da usina, a Companhia de Eletricidade de Tóquio, a Tepco, para obter o reembolso dos gastos.
A decisão tomada chega após a descoberta, no dia 8 de julho, dos primeiros casos de carne contaminada em níveis superiores à norma legal de 500 becqueréis por quilo (Bq/kg) de césio originário da província de Fukushima. No dia 19 de julho, o governo proibiu a venda de gado dessa região. Várias províncias decidiram realizar controles sistemáticos dos bovinos.
Essas medidas não impediram que o preço da carne despencasse em mais de 60%, prova da preocupação persistente dos consumidores sobre a segurança dos alimentos.
Desde o início da crise nuclear em março, muitos têm se recusado a comprar produtos de Tohoku, nordeste do arquipélago, que normalmente ocupam a maior parte das prateleiras dos supermercados da região de Tóquio, onde vivem 35 milhões de pessoas.
Compreensivelmente, as mães de família são as mais preocupadas. Uma pesquisa realizada em junho pela publicação semanal “Aera” revela que 76% das mães entrevistadas em Tóquio tomam cuidado com os alimentos que compram; 69% não têm dado água da torneira a seus filhos.
Essas percepções evidenciam os limites da política de controles, não centralizada, e da responsabilidade das províncias. Desde o início da crise, diversos produtos foram proibidos para venda: espinafre, leite e também chá.
Decididas caso a caso, e muitas vezes acompanhadas de discursos falando em riscos limitados, essas proibições às vezes enfrentam a hostilidade de representantes locais. A exemplo de Heita Kawakatu, governador da província de Shizuoka, que critica a proibição decidida sobre o chá. Alguns profissionais, preocupados com seus negócios, chegam a organizar campanhas de venda direta pedindo pelo “apoio” da população.
São posicionamentos que desorientam os cidadãos, que, além disso, ainda enfrentam anúncios frequentes de novos riscos em potencial. Na terça-feira, a Sociedade Japonesa de Oceanografia (SJO) pediu para que o governo controlasse de maneira mais rigorosa a contaminação da água do mar.
Pequenas quantidades de substâncias radioativas podem ter graves consequências, pois, segundo o oceanógrafo Jota Kanda, certas espécies “podem acumular até 100 vezes as quantidades de poluentes de seu ambiente”. E a contaminação deve se espalhar por toda a cadeia alimentar.
A isso se somam os limites dos controles dos produtos colocados à venda. “As autoridades só retiram amostras”, explica Kazuya Honda, da prefeitura de Koriyama, na província de Fukushima. “As pessoas não confiam e compram produtos vindos de fora.” Esse “fora” é em sua maior parte o oeste do Japão e outros países. Os profissionais da indústria de carne bovina americana esperam para 2011 um aumento de 33% na venda de carne para o Japão.
Em um contexto como esse, foi fácil para o jornal “Japan Times” lembrar, na terça-feira, que além das medidas tomadas a respeito da carne, o governo deve “realizar testes precisos de outros produtos agrícolas” e “entender que a mais completa transparência é o melhor meio de fazer com que a população volte a confiar nos produtos japoneses”. (EcoDebate)

Preocupações com segurança da energia nuclear

Preocupações com segurança obscurecem ‘renascimento’ da energia nuclear nos EUA
A Watts Bar 2, a mais nova usina nuclear dos EUA, está sendo construída no Tennessee e deve começar a funcionar no ano que vem. Ela tem um histórico de preocupações com a segurança que já vem de décadas atrás. Entretanto, muitos moradores locais apoiam a usina nuclear e estão recebendo o reator de braços abertos.
Mansour Guity foi a testemunha principal do caso contra a indústria nuclear norte-americana. Ele parou usinas nucleares inteiras quase sozinho. Mas agora a guerra de 30 anos que ele vem lutando está chegando ao fim.
Estão dando os retoques finais no segundo reator da Estação de Geração de Energia Nuclear Watts Bar no vale do rio Tennessee, a menos de 50 quilômetros da casa de Guity. Depois que a construção foi impedida há mais de duas décadas e retomada em 2007, o reator deve agora entrar em funcionamento no ano que vem. Mansour Guity não está muito feliz no momento.
Há alguns dias, um tornado massivo varreu o Tennessee e deixou um rastro de destruição até o Alabama. Centenas de tornados quebraram postes de telefonia como se fossem palitos de fósforo e obrigaram as autoridades a fechar temporariamente a usina nuclear de Browns Ferry, irmã gêmea da usina de Fukushima. Ela entrou em operação emergencial durante a noite tempestuosa e desligou-se automaticamente.
Guity conhece bem essas questões, e sabe o que se passa dentro das usinas nucleares quando isso acontece. Engenheiro nuclear nascido no Irã em 1942, Guity é um norte-americano desapontado hoje. “Bombas-relógio”, diz ele, num tom muito amargo. “Estamos sentados sobre um punhado de bombas-relógio ligadas”.
Perda de fé
A mesa de jantar em sua casa grande, de cor creme, próxima de Knoxville, à beiras das Montanhas Smoky, está coberta de pilhas grandes e pequenas de papel, artigos de jornal, antigas atas de reunião, e relatórios técnicos sobre cabos, rejuntes e concreto. São necessárias muitas peças de quebra-cabeça para montar um quadro coerente da vida de Guity, e para entender como um homem, com uma mistura de honra profissional e integridade, enfrentou a maior companhia de energia dos Estados Unidos e desistiu no processo.
Guity diz que ainda precisa tomar 26 comprimidos por dia para manter sua depressão e outras condições de saúde sob controle. Certamente seria muito simplista culpar a indústria nuclear por seus problemas de saúde. Guity é alguém para quem o sonho americano não deu certo. Ele diz que costumava ter muita fé no país, mas que agora não sabe mais em que acreditar.
Nos anos 60, 70 e 80, ele descobriu gradualmente que muitos atalhos haviam sido tomados, e partes boa parte do trabalho eram de tão má qualidade, durante a construção das usinas nucleares ao longo do rio Tennessee, que zombavam de qualquer noção de segurança nuclear.
Guity foi engenheiro nuclear da Tennessee Valley Authority (TVA), uma grande e antiga companhia estatal que opera as usinas nucleares de Browns Ferry, Sequoyah, Bellefonte e Watts Bar. Quando as usinas foram construídas, correu o boato de que havia violações claras aos planos e normas de construção, sendo que as infrações mais sérias estavam em Watts Bar.
Fora dos padrões
As duas unidades da usina foram construídas simultaneamente nos anos 70 e 80. Só a Unidade 1 foi colocada em operação, depois de um atraso dramático, enquanto a Unidade 2 continuou inacabada até que a construção fosse retomada há alguns anos. Se Guity tivesse conseguido o que queria, toda a usina, incluindo as duas unidades e tudo mais associado a ela, teria desaparecido do mapa o quanto antes.
Dentro da usina, fileiras de grossos cabos elétricos eram dobradas em ângulos tão abruptos que poderiam falhar a qualquer momento. Os rejuntes ao longo de segmentos longos não estavam dentro dos padrões. As paredes de concreto eram muito finas. Guity viu tudo isso com os próprios olhos, em sua função de gerente de qualidade do projeto do reator. O motivo pelo qual Guity ainda tem problemas para dormir à noite é sua crença de que todos esses velhos erros e violações nunca poderão ser totalmente corrigidos.
Um dos motivos pelo qual Guity está tão frustrado é que não há debate público nos Estados Unidos sobre a Watts Bar, ou sobre a energia nuclear em geral. É um tema que não se levanta no país, muito embora, de acordo com Guity, existam motivos suficientes para ele ser discutido. Os Estados Unidos têm 104 reatores nucleares em operação, mais do que qualquer outro país do mundo. Muitas usinas estão perigosamente datadas – algumas têm 40 anos ou mais. Cerca de 65 mil toneladas de lixo nuclear se acumularam ao longo das décadas. Por incrível que pareça, o país não tem um plano a longo prazo para o armazenamento e destinação do lixo nuclear gerado todos os dias.
Se a segunda unidade da Watts Bar, o mais recente reator norte-americano em construção, de fato começar a funcionar no ano que vem, quase 40 anos depois que a construção começou, partes da unidade ainda datarão da época em que tantos critérios foram violados. Na verdade, ninguém, nem mesmo a TVA, sabe exatamente a natureza e a extensão dessas violações.
Carreira estagnada
A sede da TVA fica no ponto mais alto de Knoxville, em dois edifícios pálidos de 12 andares que se parecem com caixas de sapato colocadas em pé. A cidade em volta tem um ar aconchegante e provinciano.
Quando Mansour Guity chegou a Knoxville como estudante, a cidade era bem mais pobre do que hoje. Seus pais haviam fugido do Irã no início dos anos 60, durante o regime do xá, trazendo seus quatro filhos e uma filha consigo.
Guity estudou engenharia elétrica em Knoxville, e quando se formou as companhias estavam ansiosas por contratá-lo, bem como outros engenheiros recém-formados. Guity começou a trabalhar para a TVA, em sua divisão de usinas nucleares. Era o ano de 1969, e a energia nuclear ainda estava em sua infância. Só alguns esquerdistas extravagantes e sonhadores temerosos tinham medo dela. Mas Guity reconhecia o seu potencial.
Uma década mais tarde, sua fé na tecnologia e no poder dos engenheiros foi destruída. A partir de 1979, quando o trabalho estava a pleno vapor na Watts Bar, ele não conseguiu mais ignorar os defeitos de construção e começou a registrar o que via. Sua carreira começou a estagnar naquela época.
Guity, a quem os colegas de trabalho se referiam como “o Ás” até então, foi rejeitado numa promoção. Ele não recebeu aumentos, e seus relatórios não eram respondidos, desaparecendo nas entranhas da companhia. Pediram que ele rescrevesse um relatório particularmente dramático sobre o cabeamento irregular na Watts Bar. Primeiro disseram para ele transformar o relatório de 200 páginas num de 20 páginas, e depois disseram que 20 páginas ainda era muito. Isso foi no início dos anos 80, e foi um processo agonizante para Guity, que continuou citando os problemas da fiação defeituosa.
Mas os cabos, diz Guity, são “o sistema nervoso de uma usina nuclear”. Há facilmente cerca de 3 mil quilômetros de fios passando por uma usina grande como a Watts Bar. No fim das contas, o funcionamento correto desses cabos determinará se a situação na usina nuclear pode sair do controle no caso de um problema. Os relatórios de Guity mostraram que centenas de cabos foram instalados incorretamente na Watts Bar. Eles demonstraram que a TVA não ligava muito para as normas.
Uma situação problemática de proporções históricas
Guity usou os canais oficiais inúmeras vezes para chamar a atenção para os problemas, mas quando todos os seus esforços não deram em nada, ele foi a público com suas descobertas. Ao fazer isso, ele desencadeou um dos maiores escândalos da história industrial norte-americana, um que praticamente continua até hoje.
Na época, em 1985, a TVA sentiu-se compelida a fechar todas as suas usinas nucleares durante anos. A Watts Bar 1, cujos construtores estavam convencidos que estava pronta para funcionar em 1985, continuou fechada e só pode ser reiniciada 12 anos mais tarde, 23 anos depois que sua permissão inicial de construção foi concedida. Uma comissão investigadora do Congresso dos EUA avaliou todo o processo.
Quando as audiências começaram em fevereiro de 1986, e Guity e um punhado de colegas que pensavam parecido foram para Washington para testemunhar na sala 2322 do Rayburn House Office Building, a TVA teve que fechar – ou melhor, foi obrigada a fechar – usinas nucleares no valor de US$ 15 bilhões. E isso foi, pelo menos em parte, culpa de Guity ou, dependendo do ponto de vista, sua conquista.
O presidente do comitê do Congresso falou em um gerenciamento grosseiro e numa “situação problemática” de proporções monumentais. O “desastre histórico” consistia no fato de que a TVA, por motivos de custo, havia supostamente planejado suas usinas nucleares de forma incorreta e as construído com defeitos. Mas na época argumentou-se que seria muito difícil determinar se essas usinas eram seguras ou não. A questão ainda não pode ser respondida hoje, 25 anos depois.
Um idílio americano
É importante lembrar onde essa história se desenrolou. Visto da perspectiva de suas estreitas estradas interioranas, o Tennessee é um livro ilustrado dos Estados Unidos rural.
Pequenos caminhões normais e caminhões de contêineres abrem caminho por uma paisagem vasta e agradável em meio a florestas. Casas de madeira recém-construídas são cercadas por gramados perfeitos e jardins bem cuidados onde a bandeira norte-americana é exibida com orgulho. Forasteiros podem imaginar todos os tipos de coisas quando visitam a região, mas é pouco provável que cheguem à ideia de que há usinas nucleares obsoletas escondidas atrás da floresta.
Os moradores locais estão mais ou menos no mesmo barco. Sua região é tão grande e vasta que mesmo as usinas nucleares parecem brinquedos no meio disso. Parece impossível imaginar que elas possam representar uma ameaça existencial.
Esta visão de mundo está representada totalmente no Museu Americano de Ciência e Energia em Oak Ridge. O museu, que não fica longe da Watts Bar, é uma estrutura de concreto desgastada pelo tempo que conta a história da superioridade técnica de tempos passados.
Fé nuclear
Oak Ridge abrigava o Projeto Manhattan, talvez o mais ousado projeto de pesquisa de todos os tempos, que reuniu físicos importantes e dezenas de milhares de técnicos para construir secretamente a bomba atômica durante a 2ª Guerra Mundial. Os grandes complexos que cercam o museu hoje são chamados de “Y-12”, “K-25” e “X-10”. O urânio era enriquecido nessas instalações, a bomba que foi lançada em Hiroshima foi concebida aqui, e os cientistas mais tarde também desenvolveram as bombas de hidrogênio em Oak Ridge.
Mísseis e bombas são exibidos nas câmaras do museu, onde modelos destinados às crianças explicam os maravilhosos benefícios da energia nuclear. Uma das mensagens do museu é: nós construímos a bomba, então porque deveríamos temer a energia nuclear civil? A segunda mensagem é: os EUA estão à frente da tecnologia e representam o progresso.
A usina nuclear de Watts Bar fica a uma hora de carro de Oak Ridge, cercada por uma paisagem ribeirinha serena, num lugar onde o peixe-gato é notoriamente maior do que o normal. James Fry, 55, que passou 13 anos dirigindo caminhões para Nova York e Montreal, agora administra um camping na área.
Ele vem para Watts Bar para pescar há sete anos. Durante esse tempo, diz ele, houve duas ocasiões em que ele viu um pedaço de papel no quadro de avisos do estacionamento em frente à usina nuclear. Era um aviso alertando as pessoas para não comerem peixes do rio, por causa do risco de radiação.
Fry não se preocupa se a usina pode representar um perigo para as pessoas. “A usina é uma boa vizinha”, diz ele. “Nós não tempos problemas.”
“Segura, limpa, confiável e barata”
Uma vez, no fim de abril, a Comissão de Regulação Nuclear (NRC, na sigla em inglês) realizou um evento de informação sobre o progresso da construção da Watts Bar num hotel em Athens, não longe do reator. Um cartaz no lobby, escrito com caneta hidrográfica, identificava o evento público. Mais parecia um cartaz anunciando um mercado de pulgas.
A coisa mais evidente em relação aos presentes no encontro foi que não havia oponentes à energia nuclear. Ninguém estava do lado de fora com panfletos ou cartazes de protesto, não havia megafones, e a presença da polícia não foi necessária. As três ou quatro dúzias de homens de ternos escuros ficaram juntos, homens da NRC e da TVA. Parecia o encontro de um clube cujos membros se conhecem há anos.
“A energia nuclear é uma forma segura, limpa, confiável e barata de produção de energia”, disse Ashok Bhatnagar, 55, vice-presidente sênior de operações nucleares, alguns dias depois. Ele tinha 11 anos quando seus pais deixaram sua Índia nativa. Bhatnagar foi para a faculdade nos Estados Unidos e trabalhou na Duke Energy na Carolina do Norte por muitos anos. Ele ficou intrigado com a TVA, diz ele, porque, como uma companhia estatal, ela não precisava ter lucro mas só fazer um trabalho que fizesse sentido para o bem público.
Durante nossa conversa no centro de visitantes da usina, Bhatnagar, que usava uma camisa polo azul-escura com o logo da TVA, perguntou educadamente sobre a situação do debate nuclear na Alemanha. Ele também fez algumas observações interessantes sobre Fukushima.
“O tsunami”, diz Bhatnagar, “ou seja, a onda em si, matou 15 mil pessoas. Mas a radiação de Fukushima não matou ninguém ainda, até onde sabemos. A verdade é que os sistemas essencialmente fizeram exatamente o que deveriam fazer. Acho que precisamos nos perguntar quanto risco estamos dispostos a assumir. Se quisermos risco zero, teremos que transferir metade das cidades costeiras da Ásia por causa dos tsunamis.”
Defendendo a energia atômica na noite das mulheres
Bhatnagar não faz menção a cabos, rejuntes ou concreto. Um assessor de imprensa da TVA depois enviou à Spiegel algumas informações sobre o assunto em resposta a um pedido. E o assessor confirma, de certa forma, as preocupações de Guity – de que ainda existe material muito velho instalado e em uso em ambas as unidades da Watts Bar.
Os cabos instalados antes de 1986, escreveu o assessor, foram substituídos “ou testados para cumprir com padrões e normas”. No que diz respeito ao concreto, o assessor acrescentou, as estruturas da Watts Bar 2 “estavam na maioria concluídas” quando o trabalho atual começou em 2007. Mas isso significa que a Watts Bar 2 é essencialmente o mesmo reator que Guity acredita deveria ser derrubado, se as questões de segurança fossem levadas a sério.
O Tennessee fica numa parte do país onde os tornados são comuns e os principais rios têm uma tendência a cheias. Não há nenhuma indicação desses perigos às sextas-feiras, que são as noites “das mulheres” no The Joker, um bar a cinco minutos da usina de Watts Bar. O bar ocupa um longo prédio perto de um estacionamento no meio dos bosques. Dentro dele, homens sentam-se com os cotovelos sobre o balcão, bebendo canecas de cerveja. Muitos são funcionários e ex-funcionários da TVA, e alguns usam a camisa polo com o logo da empresa.
Um deles, um homem alto e com barba, tem algumas coisas a dizer sobre a usina nuclear. Ela é finalmente uma escolha entre a eletricidade e a luz de vela, diz ele. Qualquer um que seja seriamente contra a energia nuclear deveria se acostumar com a ideia de viver nas cavernas novamente, diz ele, acrescentando que os alemães descobrirão isso cedo ou tarde.
Às 21h, a Noite das Mulheres começa e um grupo de mulheres acima do peso liga o aparelho de karaokê e começa a cantar baladas melosas.
“Bagunçado”
Qualquer um que pense diferente no Tennessee, talvez alguém com inclinações ambientalistas, precisa arrumar argumentos melhores do que o famoso slogan do movimento anti-nuclear: “Energia nuclear? Não, obrigado!”. Os norte-americanos no geral não têm medo da tecnologia nuclear, e ainda acreditam firmemente que a energia nuclear é uma parte razoável da sociedade moderna que tolera uma certa quantidade de risco.
“Tudo está completamente bagunçado”, diz Stephen Smith, um homem enérgico, de boa aparência, e com ar de garoto aos 49 anos. “Mas é assim que as coisas são nos EUA. Nós enchemos o Golfo do México de petróleo, e depois nem achamos que há um motivo para debate”. Smith tem três filhos, dois netos, um cachorro e uma casa nos arredores de Knoxville que produz tanta energia quanto consome durante o ano.
A luz da cozinha de Smith vem de aberturas espelhadas no teto, e a água é aquecida com a eletricidade gerada por 36 painéis solares Sharp no telhado.
Há apenas dois anos, um senador do Tennessee revelou um plano para construir 100 novas usinas nucleares. Poucas semanas depois do desastre de Fukushima, o presidente Barack Obama anunciou que o governo permitiria a construção de novos reatores. “Parece uma piada, não é?”, diz Smith. “Mas não é. É nossa loucura diária nesse país.”
A ruína industrial mais cara da história dos EUA
Nos anos 80, depois de Chernobyl, Smith e alguns outros ativistas anti-nucleares periodicamente agitavam as coisas no museu de Oak Ridge, andando por lá com contadores Geiger e levando consigo sobreviventes de Hiroshima, e eram chamados de traidores por seus compatriotas.
Smith não é nenhum traidor – bem o contrário. Ele tem uma clínica veterinária em Knoxville há 10 anos, mas seu ativismo ambientalista continuou a se expandir até que ele decidiu fazer disso uma atividade de tempo integral em 1999. Hoje ele é diretor executivo da Aliança do Sul pela Energia Limpa, uma espécie de centro de estudos com 35 funcionários e um orçamento anual de US$ 4 milhões. “Agora o mundo é meu paciente”, diz ele, “e ele não está nada bem.”
Smith não é mais o tipo de ativista que luta por um planeta melhor com apitos e cartazes. Ele se transformou num lobista sério, um que também é convidado para as reuniões da diretoria da TVA. Ele conhece Ashok Bhatnagar, sabe quais são seus argumentos e nem os utiliza contra ele. “Quando ouço Bhatnagar falando sobre a Watts Bar hoje, sempre penso: é exatamente isso que os engenheiros nucleares no Japão estavam dizendo – duas semanas antes do tsunami.”
A Watts Bar, diz Smith, é a ruína industrial mais cara da história dos EUA. Para piorar as coisas, ela também é um escândalo de implicações políticas globais. Isso porque além da eletricidade, a Watts Bar também produz trício, que é usado para fabricar ogivas nucleares. “É hipocrisia pura”, diz Smith. “O que estamos fazendo aqui é exatamente o que queremos proibir que todos os outros países façam. Estamos misturando o uso civil com o militar. Nós, e não os outros, estamos violando os tratados internacionais.”
“Nunca acaba”
Muitos aspectos da história do Tennessee são difíceis de acreditar. Nos anos 80, quando Guity estava discutindo se ia a público com seus resultados assustadores, uma agência externa entrevistou 5.200 funcionários da TVA que haviam trabalhado ou ainda trabalhavam no projeto de construção da Watts Bar. Os funcionários relataram 5.081 problemas, incluindo 1.868 com implicações de segurança, dos quais 79% mais tarde foram comprovados. Por exemplo, cerca de 18 toneladas de material impróprio foram usadas na usina para preencher rejuntes. Na Alemanha, essa infração provavelmente teria levado à demolição de toda a usina.
Nos Estados Unidos, por outro lado, a construção chegou ao fim na Watts Bar nas semanas seguintes. A Unidade 1 foi o último reator nuclear licenciado no século 20, e a Unidade 2 será o primeiro no século 21. Mansour Guity acompanha todas as notícias sobre o progresso da usina. Ele tem dificuldades para abandonar a causa, principalmente porque sempre há alguma coisa nova acontecendo na Watts Bar.
Em março, um funcionário de uma empresa terceirizada foi indiciado por acusações de ter inventado resultados de testes sobre os problemas dos cabos. Em janeiro, o gerente líder do projeto, um iraniano, desapareceu da noite para o dia, supostamente por causa de “problemas pessoais”.
Alguns dias antes, O NRC havia enviado uma carta dura para a TVA, citando problemas com sistemas de prevenção de incêndio e a má qualidade geral dos relatórios da TVA. “Isso simplesmente continua acontecendo”, diz Guity. “Nunca acaba. Nunca.”
Guity, que está mal de saúde, diz que quando a Watts Bar 2 for concluída, ele sentirá que eles construíram um memorial à derrota de sua vida. (EcoDebate)

terça-feira, 26 de julho de 2011

Breve história da energia nuclear

A energia nuclear provém do núcleo dos átomos. A energia nuclear pode ser de fissão ou fusão. A proveniente de fusão está ainda em desenvolvimento, enquanto que a de fissão é muito utilizada hoje em dia.
A fissão nuclear foi descoberta, em 1938, por Otto Hahn e Fritz Straßmann (dois químicos alemães), tendo sido explicada posteriormente por Lise Meitner e Otto Frisch, com a irradiação de urânio com neutrões, através de fissão nuclear.
Explosão nuclear
História da energia nuclear:
1896 - Descoberta da radioatividade;
1926 - Uso de radiação para o tratamento de cancro;
1934 - Primeiro radionucleídeos artificial. Primeira experiência de fissão nuclear do urânio com neutrões;
1939 - Carta de Einstein sobre a possibilidade de os alemães construírem a bomba atómica;
1941 - Início do programa nuclear norte-americano;
1942 - Início da construção de um reator nos Estados Unidos;
1945 - Lançamento das bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki;
1986 – Acidente de Chernobyl.
2011 – Acidente de Fukushima (asenergiasdofuturo)

Trocando em miúdos: O vento solar

O Sol
O sol, no centro do nosso sistema solar, é como uma usina movida a fusão nuclear. Fusão nuclear ocorre quando dois ou mais núcleos atômicos se fundem, formando um novo núcleo de número atômico maior, ou seja, com maior número de prótons.
O Sol visto aqui com suas enormes erupções, produz continuamente, pelo processo de fusão nuclear, fantásticas quantidades de energia.
Este processo só ocorre em condições particulares e extremas e libera grande quantidade de energia, segundo a equação de equivalência massa-energia, enunciada por Albert Einstein: E=mc2, onde “E” é a energia liberada, “m” a massa perdida (convertida) na reação, e “c” a velocidade da luz, aqui elevada ao quadrado.
A cada segundo, o Sol converte cerca de 700.000.000 de toneladas de hidrogênio em aproximadamente 695.000.000 toneladas de hélio, sendo 5.000.000 toneladas convertidas em energia, seguindo a fórmula da equação einsteiniana de equivalência.
Experimente calcular o quanto vai dar isto em termos de energia! Lembre que a velocidade da luz é de 299.792.458 metros por segundo. E na fórmula, ela entra elevada ao quadrado!
O VENTO SOLAR
Essa reação libera para o espaço em torno uma irradiação de plasma, composta de elétrons, prótons, partículas e subpartículas ionizadas. Os cientistas chamam esta irradiação de vento solar.
A velocidade da difusão deste fluxo de partículas é de aproximadamente 450 metros por segundo, quando oriundas das latitudes mais baixas, próximos ao equador solar, mas dados obtidos através da sonda Ulysses mostram que as emissões originadas dos polos solares têm velocidades maiores, em torno de 750 m/s.
Efeitos
No nosso planeta, os efeitos visíveis do vento solar são as interferências nas emissões de rádio e as auroras boreais.
Aurora boreal, fotografada no Alaska no início de 2011: efeito do vento solar.
Fora da Terra, o vento solar pode ser percebido pelas alterações nos campos magnéticos planetários (magnetosfera), e pelo alinhamento das caudas dos cometas, que ficam sempre no lado oposto ao que está voltado para o Sol.
Passagem de um cometa pelo sistema solar: a cauda de gases ionizados (em azul) está sempre em oposição ao Sol e se torna mais longa quando se aproxima dele. A cauda formada pela poeira (amarela) também se alonga, mas está sempre mais próxima da trajetória percorrida pelo cometa.
(é comum as pessoas pensarem que as caudas dos cometas ficam para trás em relação ao sentido de seu deslocamento. Isto só seria verdade se o cometa estivesse rumando diretamente para o Sol.)
Ficção – Científica
Em maio de 1963, o escritor de ficção-científica Arthur Charles Clarke publicou o conto O VENTO SOLAR (The Wind From the Sun), onde mostra as peripécias de uma corrida de “veleiros espaciais”, naves movidas por gigantescas velas impulsionadas pelo vento solar. Teoricamente, isto seria possível, já que há estudos sérios e propostas de usar o vento solar como meio auxiliar de propulsão para naves e sondas espaciais.
Capa da edição do Círculo do Livro da coletânea O VENTO SOLAR, de Arthur C. Clarke, com diversos contos, inclusive o que dá nome ao livro.
Proposta para geração de energia
Em 2010, Brooks Harrop, físico da Universidade Estadual de Washington, propôs que se aproveitasse o vento solar para gerar energia, por meio de captação através de um satélite artificial, já batizado como Dyson-Harrop.
O satélite proposto possuiria um longo loop metálico apontado para o Sol. Esse fio seria carregado para gerar um campo magnético cilíndrico suficiente para capturar os elétrons que representam metade dos componentes do vento solar.
Esses elétrons seriam afunilados rumo a um receptor metálico esférico para produzir uma corrente. Essa corrente, por sua vez, geraria o campo magnético do fio, tornando o sistema autossustentável.
Na proposta de Harrop, estações na Terra receberiam energia através de um raio laser emitido pelo satélite coletor.
O excesso de corrente, além do necessário para manter o campo magnético, alimentaria um laser infravermelho apontado para antenas parabólicas instaladas no solo, projetadas para recolher a energia. Como o ar é transparente ao infravermelho, a atmosfera da Terra não consumiria nenhuma energia do feixe, que chegaria ao solo com potência total.
Um satélite relativamente pequeno, com a concepção Dyson-Harrop, utilizando um fio de cobre de 1 centímetro de diâmetro e com 300 metros de comprimento, usando um receptor de 2 metros de largura e uma vela solar de 10 metros de diâmetro, estacionário a meio caminho entre a Terra e o Sol, poderia gerar 1,7 megawatt -hora de potência, o suficiente para fornecer energia para 1.000 residências, pelos padrões dos EUA.
E, aumentando suas dimensões, com um fio de 1 quilômetro (km) de comprimento e uma vela solar de 8.400 km de comprimento(!), obteriamos uma potência de 1018 gigawatts-hora (1gw=109 watts-hora) de potência! (*)
Segundo Harrop, que fez os cálculos juntamente com seu colega Dirk Schulze-Makuch, "Isso é, na verdade, 100 bilhões de vezes a energia que a humanidade gasta atualmente,".
Seria o caso de perguntar: por que então não usar como base proporções mais adequadas às necessidades?
Afirmou ele também que toda a tecnologia envolvida neste projeto já estaria disponível, não havendo nenhum impedimento para que o satélite fosse construído, e que o mesmo produzirá uma energia mais barata do que os painéis solares fotovoltaicos, já que o cobre necessário para o projeto custa bem menos do que as células solares.
Inviabilidades
Porém, os críticos da proposta afirmam que para gerar uma quantidade significativa de energia, os satélites Dyson-Harrop precisariam contar com o vento solar constante encontrado acima da eclíptica (o plano definido pela órbita da Terra em torno do Sol).
Isso quer dizer que o satélite teria que ficar a dezenas de milhões de quilômetros da Terra. Ao longo desta distância, mesmo um feixe de raio laser extremamente preciso apresentaria uma dispersão capaz de cobrir uma área com milhares de quilômetros de largura quando atingisse a Terra.
E um feixe de laser carregando dois megawatts, como o do projeto básico, espalhado por uma área tão grande, não teria qualquer utilidade, pois sua energia em um ponto qualquer seria menor do que a da luz do luar!
A solução para isso seria uma lente virtualmente perfeita medindo alguma coisa entre 10 e 100 quilômetros de diâmetro.
Entretanto, ao contrário das afirmações de Harrop, ainda não existe tal tecnologia e nem há qualquer estudo que demonstre que esta solução esteja disponível a curto prazo.
Propulsão de Naves
John Mankins, presidente da empresa americana ARTEMIS INNOVATION, especializada em energia solar espacial, também sugere que podem haver outros problemas com o conceito de Harrop, e afirma que são necessários estudos para verificar se o anel de cobre aguentaria tanta energia sem fundir-se.
Ulysses:sonda-robô projetada para estudar o Sol, numa parceria da NASA com a ESA (European Space Agency).
Contudo, ele acha que a ideia de Harrop pode servir para para fornecer energia para naves espaciais, do porte da sonda Ulysses, que poderiam usar versões mais compactas do satélite Dyson-Harrop.
O presente
Enquanto nossos brilhantes cientistas pesquisam formas de aproveitar o vento solar, atualmente a única aplicação prática da energia solar ainda é na cara produção de energia por meio de células fotovoltaicas, ou nos práticos sistemas de aquecimento de água, além do uso gratuito das radiações ultravioleta no bronzeamento das belas frequentadoras de nossas praias!
Jovens cariocas aproveitam a radiação solar gratuita na Barra da Tijuca. Não precisam de satélite nenhum! Não esqueçam o filtro solar, hein? Se precisarem de ajuda.
(*) Me pareceram algo incoerente as dimensões da vela, publicadas no artigo do Magazine New Scientist, pela desproporção em relação ao comprimento do fio e também por ser citado no modelo básico "10 metros de diâmetro" e no aumentado, "8.400 km de comprimento". (asteroide-leonel)

Fusão nuclear exige mais investimento

Fonte de energia limpa, segura e abundante depende dos oceanos e está disponível para todas as nações, mas é preciso mais pesquisa.
As notícias sobre energia fervem nos EUA; os preços da gasolina sobem, o etanol é atacado e a energia nuclear se debate nas sombras do desastre de Fukushima. Mas uma fonte de energia limpa, segura e abundante, antes considerada coisa de ficção científica, está mais próxima do que muitos pensam: a fusão nuclear. Mas torná-la realidade exigirá muito investimento do governo num período em que as despesas com pesquisa científica estão ameaçadas.
Utilizar fusão nuclear, que produz a energia do Sol, é objetivo dos físicos desde os anos 50. Essa energia pode ser criada com isótopos de hidrogênio, como o deutério, facilmente extraídos do mar.
A energia é produzida fundindo dois núcleos atômicos, convertendo massa em energia, que se transforma em calor. Esse calor, como nos reatores de fissão nuclear convencional, transforma água no vapor que movimenta as turbinas que geram eletricidade ou produz combustíveis para transporte e outros usos.
Essa energia não produz gases-estufa. Não oferece riscos de acidente catastrófico. Está disponível para todas as nações, dependendo somente dos oceanos.
Mas há um inconveniente
Seu desenvolvimento é um dos maiores desafios científicos e de engenharia jamais enfrentados. Requer a produção e o confinamento de um gás quente - o plasma, a uma temperatura de cerca de 100 milhões de graus Celsius.
Soluções potenciais para esses desafios estão surgindo. Uma das propostas é a fusão magnética, na qual o plasma em alta temperatura é aprisionado por magnetos. Outra abordagem é o uso de lasers para bombardear uma bolinha congelada de combustível que gera fusão (núcleos de deutério e trítio). Enquanto a fusão magnética retém o plasma quente indefinidamente, como o Sol, no segundo enfoque o processo se assemelha a um motor de combustão interna, com várias mini explosões.
Outrora pouco compreendida, a física do plasma está bastante desenvolvida. Os cientistas não só produzem plasmas a 100 milhões de graus Celsius rotineiramente, mas controlam e manipulam esses "pequenos sóis".
Futuro
Usina nuclear em Omaezaki (Shizuoka), no Japão; países asiáticos já possuem pesquisa mais avançada na área.
Sete parceiros
União Europeia, China, Índia, Japão, Rússia, Coreia do Sul e Estados Unidos - se uniram para produzir 500 milhões de watts de energia para 500 segundos.
Mas, apesar de os EUA contribuírem com esse experimento, conhecido como Iter, o país deve se comprometer com o programa completo, necessário para desenvolver um reator de fusão doméstico que produza eletricidade para a rede elétrica americana. Enquanto isso, outros países se movem para transformar a fusão nuclear num ingrediente que vai assegurá-las do ponto de vista energético.
Institutos de pesquisa da fusão nuclear mais moderno que os dos EUA estão sendo construídos ou já em operação na China, Alemanha, Japão e Coreia do Sul. A vontade e o entusiasmo dos governos na Ásia para preencher suas necessidades energéticas com a fusão nuclear, o mais cedo possível, é quase palpável.
O que falta aos EUA é disposição política e econômica. São necessários investimentos públicos sérios para desenvolver materiais que possam suportar o ambiente onde se processará a fusão, sustentar o plasma quente indefinidamente e integrar isso numa instalação experimental para produzir energia continuamente.
Isso não é barato
Seriam necessários US$ 30 bilhões e 20 anos para o país sair do atual estado de pesquisa para o primeiro reator de fusão. A soma equivale a 2% dos gastos anuais com energia, US$ 1,5 trilhão.
Antes se pensava que a fusão nuclear seria uma fonte de energia para os netos da minha geração; hoje, os planos são de uma usina de demonstração em 20 anos. A fusão nuclear tem potencial para ajudar na solução dos desafios deste século: independência energética, competitividade econômica, responsabilidade ambiental e redução de conflitos por recursos naturais. (OESP)

Distribuição de carne bovina é proibida no Japão

Governo japonês proíbe distribuição de carne bovina de Fukushima
País confirmou que mais de 600 vacas foram contaminadas com césio radioativo
O governo do Japão proibiu em 19/07, a distribuição de carne bovina da província de Fukushima, após a confirmação de que mais de 600 vacas foram alimentadas com forragem contaminada com césio radioativo.
O ministro porta-voz, Yukio Edano, anunciou a proibição, que se produz em meio à crescente inquietação pela distribuição, em várias províncias, de carne contaminada com césio radioativo procedente da danificada usina nuclear de Fukushima.
Edano, citado pela agência "Kyodo", detalhou que o Governo oferecerá compensações aos criadores de gado, aos quais as autoridades regionais já tinham pedido que deixassem de distribuir carne temporariamente, embora sem uma proibição oficial.
Até o momento, as autoridades confirmaram que pelo menos 648 vacas foram alimentadas com forragem contaminada e tiveram sua carne distribuída em 38 das 47 províncias do Japão.
Os primeiros casos foram detectados em 10 de julho, quando as análises efetuadas em carne procedente de uma fazenda situada a pouco mais de 20 quilômetros da usina de Fukushima revelaram que continha níveis de césio radioativo muito superiores aos limites estabelecidos.
A confirmação dos últimos casos gerou preocupação no Japão, onde o próprio primeiro-ministro, Naoto Kan, se desculpou hoje por "não ter sido capaz de impedir que isto acontecesse".
O ministro da Agricultura e da Pesca, Michihiko Kano, assegurou por sua vez que trabalhará com a pasta de Saúde para assegurar que nenhuma peça de carne contaminada "chegará ao mercado", ao tempo que anunciou novas análises sobre a forragem produzida em amplas áreas do arquipélago.
O governo manterá a proibição sobre a carne bovina de Fukushima até que se possa assegurar que seu consumo é seguro, segundo a agência "Kyodo".
O Ministério da Saúde, em mensagem para tranquilizar os consumidores, assinalou que o consumo de carne com níveis de césio radioativo superiores ao limite fixado pelo governo não afeta seriamente a saúde. (OESP)

Japão proíbe distribuição de carne de Fukushima

Governo japonês proíbe distribuição de carne bovina de Fukushima
O Governo do Japão proibiu em 19/07/11 a distribuição de carne bovina da província de Fukushima, após a confirmação de que mais de 600 vacas foram alimentadas com forragem contaminada com césio radioativo.
O ministro porta-voz, Yukio Edano, anunciou a proibição, que se produz em meio à crescente inquietação pela distribuição, em várias províncias, de carne contaminada com césio radioativo procedente da danificada usina nuclear de Fukushima.
Edano, citado pela agência "Kyodo", detalhou que o Governo oferecerá compensações aos criadores de gado, aos quais as autoridades regionais já tinham pedido que deixassem de distribuir carne temporariamente, embora sem uma proibição oficial. EFE. (yahoo)

domingo, 24 de julho de 2011

Biocombustível para aviões

Empresas e governo pesquisam biocombustível para aviões; meta é reduzir as emissões de gases-estufa.
Aviação testa combustíveis mais verdes – A busca por combustíveis mais sustentáveis chegou à aviação. A necessidade de reduzir os gases-estufa do setor aéreo, que corresponde a 2% das emissões globais, leva empresas de aviação, fabricantes de aviões e centros de pesquisas a uma corrida tecnológica para desenvolver biocombustíveis que possam substituir, ao menos em parte, o querosene derivado do petróleo.
O Brasil já concentra várias frentes de pesquisa, e a expectativa é de que em cinco anos os primeiros biocombustíveis para aviação estejam prontos para serem produzidos. Em uma década, serão uma alternativa viável para o abastecimento de aviões.
“Vários estudos são realizados paralelamente em todo o mundo, com diversas rotas tecnológicas. O biocombustível para aviação será uma realidade em dez anos”, diz Guilherme Freire, diretor de estratégias e tecnologias para meio ambiente da Embraer. A fabricante de aviões faz parte de uma aliança para testar os biocombustíveis em seus aviões, com a companhia aérea Azul, a fabricante de equipamentos GE e a Amyris, empresa de biotecnologia. O primeiro voo teste deve ocorrer no primeiro semestre de 2012.
“O objetivo é acelerar a introdução de um combustível renovável, capaz de reduzir significativamente as emissões de gases-estufa e uma alternativa sustentável de longo prazo”, diz Freire, também presidente da Aliança Brasileira Para Biocombustíveis de Aviação (Abraba). A pesquisa utiliza cana-de-açúcar como matéria-prima para a produção do bioquerosene, um “etanol” para aviões.
Segundo Freire, essas pesquisas se justificam porque a aviação é um setor em expansão em todo o mundo e as emissões de gases-estufa tendem a crescer, ao mesmo tempo em que governos começam a taxar empresas pelas emissões (mais informações nesta pág.). Em razão disso, o setor de aviação estabeleceu a meta de reduzir em 50% as emissões da indústria até 2050, em relação ao ano de 2005.
Voo experimental
A TAM realizou, em novembro passado, o primeiro voo experimental com biocombustível de pinhão-manso, oleaginosa também usada na produção de biodiesel. O avião, um Airbus A320, com capacidade para 174 passageiros, decolou com 2 comandantes e outras 18 pessoas, entre técnicos e executivos da empresa. Saiu do aeroporto do Galeão, no Rio, e sobrevoou o Atlântico por 45 minutos.
“Após o voo experimental, o próximo passo desse projeto é a implementação e a operação de uma unidade de plantio de pinhão-manso, em escala reduzida, no Centro Tecnológico da TAM, em São Carlos (SP). Nossa expectativa é termos um estudo completo de viabilidade em dois anos”, diz Paulus Figueiredo, gerente de Energia da TAM. Segundo ele, o principal desafio é tecnológico. “Um dos grandes desafios do pinhão-manso envolve melhorias genéticas das sementes, para aumentar a produtividade”, diz Figueiredo. Além disso, o combustível precisa ser homologado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Além das empresas, o governo brasileiro também tem conduzido pesquisas nesse campo. O Instituto Nacional de Tecnologia (INT), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, já possui, com o Instituto Militar de Engenharia (IME), dois pedidos de patentes para um processo inédito na fabricação de biocombustíveis para aviação.
Segundo Flávio dos Reis Gonçalves, pesquisador do IME, os projetos buscam desenvolver o biocombustível de biomassa como resíduos da produção de laranja e eucalipto, que não concorrem com a produção de alimentos. A ideia, segundo ele, é misturar o biocombustível com o querosene fóssil, a uma proporção de 3% a 5%. “Podemos ter um produto 100% renovável, com redução significativa das emissões de CO2, diz.
PARA LEMBRAR
Taxas miram emissões
A Austrália anunciou, há duas semanas, a criação de um imposto sobre as emissões de gases-estufa. O plano prevê que as 500 empresas consideradas mais poluentes deverão pagar cerca de US$ 24 por tonelada de carbono emitida a partir de 1.º de julho de 2012. Com a medida, o governo pretende reduzir em 160 milhões de toneladas a emissão de gases poluentes até 2020. Um dos setores que reagiu à medida foi o de aviação. A empresa australiana Qantas e a Virgin, de origem britânica, disseram que o novo imposto sobre emissões encarecerá o preço final das passagens aéreas vendidas no país.
AS TECNOLOGIAS PESQUISADAS
Cana-de-açúcar
O bioquerosene de cana-de-açúcar é um hidrocarboneto que resulta de uma das etapas da produção do etanol. Após a fermentação do caldo da cana, o material que originará o bioquerosene é separado por centrifugação em lugar da destilação. É uma espécie de “etanol” para aviões.
Pinhão-manso
A oleaginosa, imprópria para consumo humano e animal, é uma das alternativas mais pesquisadas. O óleo de pinhão-manso passa por processamento e é misturado ao querosene convencional de aviação. No entanto, a semente precisa passar por aprimoramento genético.
Biomassas não convencionais
Patentes desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e Instituto Militar de Engenharia (IME) utilizam biomassas não convencionais – resíduos como casca de laranja e eucalipto. Catálise transforma os subprodutos em querosene. (EcoDebate)