A história moderna dos carros elétricos (CE) começa em meados dos anos 90 com o lançamento nos EUA e na França de carros elétricos a bateria (CEB) e no Japão, do Prius, um carro elétrico-híbrido (CEH).
Respondiam a políticas de governo para reduzir emissões veiculares urbanas com incentivos fiscais, facilidades no trânsito e compras para órgãos do governo. Embora fossem, também, mais eficientes que os carros convencionais, essa vantagem tinha pouco valor na época quando o preço do petróleo era dos mais baixos da história.
Inicialmente foram tratados como uma mera curiosidade sem grande futuro. Como me explicou, naquela época, um especialista norte-americano: “a novidade não vai pegar, pois, sob o capô do CEH há muito mais componentes que no carro convencional; já o CEB, além de muito caro, usa baterias que pesam mais de uma tonelada, levam oito horas para carregar e têm autonomia de, no máximo, 150 km”. As chances dos CE ganharem alguma importância eram, portanto baixas, ainda mais quando se consideravam as dificuldades inerentes a qualquer nova tecnologia.
O mercado, não obstante, aceitou muito bem o CEH. Além de reduzir emissões e ser mais confortável é silencioso, usa menos combustível e tem autonomia maior que um carro convencional de mesmo porte. Em 1998 foram vendidos 19 mil (apenas no Japão) e, em 2009, quase um milhão (mundo); em 2010, 2,2% dos carros vendidos no mundo eram elétrico-híbridos, atingindo 11% no Japão. A evolução dos CEB foi mais lenta, freada pela inexistência de baterias adequadas. Só recentemente algumas montadoras oferecem CEB com baterias bem mais leves e com bom desempenho. Há fabricantes que apostam no CEHP por entenderem que reúne virtudes do CEH e do CEB.
Hoje, todas as grandes montadoras lançaram ou pretendem lançar CE dos vários tipos, surgiram diversas novas marcas, grande número delas na China. Com mais de 3 milhões de CE circulando no mundo, o acionamento elétrico não é mais uma novidade.
Quando foi lançado o primeiro CEH (Prius) no Japão, intuí que o novo acionamento vinha para ficar com o argumento empírico de que sistemas energeticamente eficientes afastam do mercado os ineficientes. Quando falava sobre o futuro dos CE no Brasil, no entanto, encontrava muito ceticismo que aos poucos vem se reduzindo.
Entendo que estamos diante de uma importante inflexão tecnológica, em uma situação, como veremos, de mudanças pouco lineares da história. A partir de discussões com especialistas e em particular com os companheiros do INEE e da ABVE, e tendo como referência outras quebras de paradigma tecnológicas, resolvi fazer a presente reflexão com algumas previsões para um horizonte de dez anos. Como há muita divergência em relação aos cenários tecnológicos, em última análise, essas previsões respondem à minha intuição, razão pela qual escrevo na primeira pessoa assumindo a responsabilidade pelas mesmas. Tenho grande curiosidade em ler esse artigo daqui a dez anos!!!
No texto, avalio, primeiro, a penetração dos CE no mercado brasileiro para, em seguida, mostrar as vantagens sobre o carro convencional. Depois analiso a evolução dos principais componentes do CE, mudanças que o novo equipamento trará para a sociedade, em que sua utilidade vai transcender o tema dos transportes. (ambienteenergia)
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