Economistas afirmam que, em alguns casos, eficiência energética pode ser um “tiro pela culatra” e servir apenas de engodo político.
Para termos um planeta mais limpo, deveríamos utilizar roupas mais sujas? Esta não é uma questão simples, mas nada que se refira à roupa suja é simples hoje em dia. Já se passaram anos desde os idos de 1996, quando a revista norte-americana Consumer Reports, focada nos interesses dos consumidores, testou algumas máquinas de lavar de custo médio nos Estados Unidos e comprovou que “nenhuma irá deixar as roupas limpas”. No relatório emitido este ano, nenhum equipamento ganhou prêmios pela qualidade da limpeza.
O que aconteceu com as máquinas de lavar do passado? A fim de se adaptarem a padrões de eficiência energética, os fabricantes fizeram alterações como diminuir a quantidade de água quente utilizada na lavagem. O resultado foi o que o Consumer Reports classificou como “o dia da roupa suja”, em que algumas roupas “saíram das máquinas quase mais sujas do que estavam antes da lavagem”.
Agora, você pode pensar que usar roupas um pouco mais sujas é um preço pequeno a se pagar por um planeta melhor. Os padrões de eficiência energética se tornaram a causa de políticos de todos os partidos como uma das formas mais simples para se combater o aquecimento global. Fazer com que eletrodomésticos, carros, edifícios e fábricas se tornem mais eficientes é uma das estratégias mais simples para se reduzir as emissões de gases estufa.
Todavia, um número cada vez maior de economistas alega que os benefícios ambientais da eficiência energética foram demasiadamente exaltados. Paradoxalmente, algumas melhorias nessa eficiência poderiam causar ainda mais emissões, dizem eles.
Reflexos
O problema é conhecido como efeito do reflexo energético. Apesar de não haver dúvidas de que um carro com consumo eficiente gaste menos combustível, isso encoraja que as pessoas rodem mais despreocupadamente com o carro.
Existe também um efeito de reflexo indireto quando os motoristas utilizam o dinheiro que deixaram de gastar com combustível para comprar outras coisas que produzem emissões estufa, como novos dispositivos eletrônicos ou viagens de férias utilizando aviões que consomem muito combustível.
Em alguns casos, o resultado geral pode ser classificado como um “tiro pela culatra”: utiliza-se mais energia do que seria necessário se a eficiência energética não fosse aumentada.
Impostos
Se o objetivo imediato for reduzir as emissões de gases estufa, então pode ser arriscado contar que isto será possível meramente aumentando a eficiência energética. Para os economistas preocupados com os efeitos reversos, faz mais sentido procurar novas fontes de energia sem carbono ou impor uma penalidade direta para as emissões, como um imposto sobre a energia gerada a partir de combustíveis fósseis. Se as pessoas acabam dirigindo mais se tiverem carros com maior eficiência para o consumo de combustíveis, elas utilizariam menos seus carros se tivessem de pagar impostos sobre a gasolina.
“Os requisitos de eficiência se tornaram mantras de bem-estar utilizados pelos políticos. Os resultados destes requisitos variam de fiascos caros, como lavadoras de roupa que não lavam mais a roupa como deveriam, até um aumento no número de mortes causadas por carros diminuídos em busca de maior eficiência no consumo de combustível. Se as tecnologias fossem tão boas, elas não precisariam ser impostas através de leis”, afirma Sam Kazman, do Competitive Enterprise Institute, um grupo de pesquisa orientado pelo mercado.
Não importa quantas leis sejam criadas, as pessoas irão encontrar formas mais eficientes para utilizar a energia – isto faz parte da história da civilização. Mas não espere ver as pessoas usando menos energia, não importa quão sujas fiquem suas roupas. (gazetadopovo)
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