Crianças e baleias radioativas é o ‘custo’ do desastre nuclear de Fukushima
O desastre nuclear de Fukushima, no Japão, está se convertendo pouco a pouco no pior desastre industrial da história, apesar do silêncio midiático. Novos estudos revelam altos graus de contaminação em baleias que percorrem os oceanos, levando consigo radiação em decorrência de terem nadado nas costas de Fukushima. Outros estudos revelam que foi descoberto material radioativo na urina de crianças menores de 10 anos.
Desastre nuclear sem final: baleias radioativas, trabalhadores suicidas e encobrimento. Apesar de que em um princípio a mídia e o governo do Japão quiseram minimizar o nível do vazamento nuclear de Fukushima, os fatos demonstram que este poderá ser o maior desastre industrial da história.
O fato de que se tenha deixado de cobrir com a mesma intensidade o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, não significa que a radiação tenha sido controlada.
Dias atrás, foram encontrados 31 becqueréis de césio radioativo por quilograma em baleias capturadas a 650 km da planta nuclear de Fukushima. Das seis baleias examinadas, duas apresentaram níveis de radiação que parecem provir do reator nuclear e ainda que a quantidade esteja abaixo do limite estabelecido por autoridades sanitárias, a descoberta gera preocupação devido ao nível de contaminação a que se está chegando (além do fato de que este limite foi questionado sob o argumento de que não há estudos compreensivos e algumas pessoas assinalam que nenhuma contaminação de césio é segura).
Até esta data o Japão consome carne de baleia servindo-se de uma lagoa legal para continuar caçando estes cetáceos, embora a lei internacional o proíba.
Em sua luta contra a fuga radioativa provocada pelo tsunami, a Tokio Electric Power Co. jogou dois milhões de galões de água altamente radioativa no oceano.
Crianças radioativas
De acordo com informações divulgadas pelo jornal espanhol El Mundo, um grupo de medição de radioatividade detectou pequenas quantidades de substâncias radioativas nas amostras de urina de 10 crianças da cidade de Fukushima. As provas foram realizadas em maio em 10 crianças com idades que variam entre 6 e 16 anos e os autores das medições são civis japoneses e membros da Acro, uma organização francesa que mede a radioatividade. As 10 crianças analisadas deram positivo em pequenas quantidades de césio-134 e césio-137.
O secretário do governo japonês o chefe de Gabinete, Yukio Edano, disse que estava preocupado com os resultados e admitiu que o governo poderia examinar os resultados, de acordo com uma informação do jornal britânico The Guardian. O presidente da Acro, David Boilley, por sua vez, disse que os resultados sugerem que existe uma alta probabilidade de que as crianças que vivem nas imediações da cidade de Fukushima foram expostas à radiação interna.
Segundo o estudo citado pelo The Guardian, uma criança de oito anos marcou 1.13 bequeréis (Bq) de césio-134 por cada litro de urina, sendo esta a leitura mais alta para este isótopo. Ao contrário, a leitura mais alta para o césio-137 foi de 1.30 Bq em uma criança de sete anos de idade, segundo a agência de notícias Kyodo.
Michio Kaku, o famoso físico de ascendência japonesa, advertiu que os níveis de radiação podem ultrapassar os de Chernobyl; o acidente nuclear no que hoje é a Ucrânia expôs cinco milhões de pessoas a perigosos níveis de radiação.
Há uma semana, Kaku disse, em uma entrevista à CNN, que a crise não está controlada. Os trabalhadores de Fukushima se expõem a uma dose de radiação de um ano em apenas alguns minutos de permanência na zona, e a limpeza, que ainda não começou, já que o vazamento não foi controlado inteiramente, irá demorar de 50 a 100 anos, o que significa uma boa quantidade de sacrificados. Por outro lado, é possível que tenham a necessidade de verter grandes quantidades de água radioativa ao oceano, o que poderia produzir uma crise de pesca e inclusive um conflito internacional com a China e outros países cujas águas poderiam ser contaminadas.
Kaku disse que a informação inicial foi refutada. Foi revelado que o núcleo dos três reatores foi totalmente derretido, a evacuação se limitou a 12 milhas da usina e foram encontradas quatro “zonas quentes” de radiação fora do perímetro evacuado, o que provocou a exposição à radiação de ao menos 34.000 crianças e que tenham que ir à escola com placas medidoras para saber o grau de contaminação a que foram expostas.
Além disso, Kaku aponta o evidente: tratou-se de subestimar os danos do vazamento nuclear, embora se soubesse o que realmente estava acontecendo. Este encobrimento dos efeitos e do nível de radiação tem consequências graves, como o fato de que milhares de pessoas tenham sido expostas à radiação apenas para que o mundo não se alarme diante da dimensão do ecocídio.
“Este poderá ser o maior desastre industrial da história”, disse Kaku, estimando-o acima do vazamento de petróleo do Golfo do México e de Chernobyl. Até mesmo o leite em Nova York apresenta níveis de iodo radioativo, níveis aparentemente inofensivos, mas sintomáticos da escala de radiação que estamos sofrendo. Enquanto isso, a versão que circula na mídia oficial é que a radiação foi controlada e não há nada com que se preocupar. (EcoDebate)
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