Não existe outra opção para que o espetáculo da epopeia humana sobre a Terra siga em frente: será preciso sempre e sempre transformar energias e oferecê-las nas formas e quantidades necessárias à vida. Por isso, o progresso depende primordialmente do potencial energético capaz de ser disponibilizado e utilizado pela humanidade. Das carroças aos aviões, das indústrias às universidades, das canoas aos navios transoceânicos, das plantações aos supermercados, dos teatros aos parques de diversão, tudo absolutamente tudo precisa de energia que será transformada em trabalho para movimentar nossos destinos, para materializar nossos sonhos. As sociedades modernas sempre necessitarão de fontes energéticas para avançar em suas atividades e assim, são relevantes as formas que podem ser processadas e colocadas à disposição dos consumidores em qualquer lugar e a qualquer hora, de acordo com as necessidades. Precisa comprar combustível para o carro? Vai ao posto que tem. Quer secar o cabelo após o banho? Liga o secador na tomada e pronto. Ainda bem que esta bendita energia pode ser utilizada para acionar aparelhos simples como o radinho de pilha ou sistemas mais complexos e sofisticados como são os automóveis, os computadores e os instrumentos eletroeletrônicos que monitoram e reabilitam vidas nas UTI’s dos hospitais.
Entretanto, toda essa enorme facilidade tem um custo ambiental que começa com os processos de transformação de energia produzindo CO2, dióxido de carbono ou gás carbônico, o mais famoso dos gases do efeito estufa - GEE’s. Nós humanos somos os primeiros a contribuir com essa emissão, pois ao respirar também produzimos dióxido de carbono. É que o nosso organismo ao realizar o processo de extração de energia acumulada nas substâncias orgânicas, como as proteínas e os lipídios, utiliza oxigênio - O2 e joga fora o dióxido de carbono em quantidades que, felizmente, não influenciam no efeito estufa. No entanto, ao converter energias a partir do petróleo ou de madeira, para movimentar um ônibus, as máquinas de uma fábrica ou assar pizzas no forno de lenha, haverá sempre uma grande produção de CO2. Os GEE’s (dióxido de carbono - CO2, metano – CH4, óxido nitroso - N2O, perfluorcarbonetos - PFC's) são substâncias gasosas que na atmosfera absorvem parte da radiação infravermelha, emitida pela superfície terrestre, impedindo que ocorra uma perda demasiada de calor para o espaço, mantendo a Terra aquecida. Em outras palavras, sem esses gases na atmosfera, a temperatura média de nosso planeta seria de aproximadamente 20º C abaixo de zero e esse frio de matar não permitiria a vida, tal como conhecemos hoje.
Mas, como todo o exagero é prejudicial, o incremento das emissões de GEE’s na atmosfera devido principalmente ao uso intensivo de combustíveis fósseis e aos desmatamentos – muitas vezes para satisfazer a ambição e o consumismo doentio da humanidade – tem potencializado o efeito estufa fazendo aumentar a temperatura média do planeta e provocando mudanças climáticas indesejáveis. É preciso compreender que as alterações no equilíbrio termodinâmico da Terra afeta diretamente o clima global e induz o aparecimento de catástrofes devido aos pronunciados excessos ou ausências de chuvas, e pela elevação do nível dos oceanos. Sabendo que o dióxido de carbono permanece na atmosfera por aproximadamente 150 anos, é possível avaliar o tamanho da dificuldade quando a questão é evitar o aumento da concentração desse efluente gasoso. Mesmo que pudéssemos parar de vez com tais emissões, nossa atmosfera não seria reabilitada de uma hora para outra. De qualquer forma, é preciso paulatinamente diminuir a produção de CO2 para tentar mitigar os problemas advindos das transformações do clima, que podem acarretar efeitos devastadores sobre a biodiversidade e ecossistemas do mundo inteiro.
A ocorrência muito frequente e cada vez mais intensa de catástrofes relacionadas às mudanças climáticas (chuvas torrenciais, secas prolongadas, ondas de calor ou de frio insuportável), tem levado os governos e a sociedade a se preocuparem de verdade com o meio ambiente e a proporem providências para enfrentá-las. Neste contexto, de imediato percebe-se que para reduzir as emissões de CO2 é preciso realizar ajustes em nossa matriz energética e isso pressupõe a utilização de fontes energéticas mais limpas e renováveis, que não liberem gás carbônico, tais como as energias eólica e solar, dentre outras. No entanto, esse processo é lento e requer uma adaptação gradativa do nosso estilo de vida. Portanto, enquanto não estejam disponíveis as energias limpas é preciso, com firmeza, reduzir ao máximo as emissões que fazem aumentar o efeito estufa. Desta forma, países ricos e pobres, governantes e governados enfim, cada pessoa que precisa respirar para continuar vivendo, todos nós, sem exceções, devemos estar bem conscientes desta crucial responsabilidade.
Neste sentido, felizmente, já existe certo avanço e os diferentes setores econômicos já sabem que devem focar nas medidas que conduzam à eficiência energética; nos programas de consumo sustentável de energia; na substituição gradativa de combustíveis fósseis (carvão, gás e petróleo) por outros de origem renovável; no uso de gás natural e álcool nos transportes urbanos; nas tecnologias e incentivos para a produção de veículos mais eficientes e menos poluentes; nas estratégias de ampliação e otimização de transporte público nos centros urbanos; na reutilização e reciclagem de materiais; na restauração florestal; na redução do desmatamento; no controle da exploração madeireira ilegal, dentre outras ações que contribuam para a redução das emissões de GEE’s e abrandem os impactos negativos sobre os recursos naturais. (leonamsouza)
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