As 4
toneladas serão divididas em três lotes, com teores de enriquecimento de 1,9%,
2,6% e 3,1%.
Brasil exportará urânio
enriquecido pela primeira vez.
Acordo já prevê envio inicial de 4 toneladas de
dióxido urânio para um reator em Lima, na Argentina.
A empresa brasileira Indústrias
Nucleares do Brasil (INB) exportará urânio enriquecido pela primeira vez. A
empresa, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações, firmou acordo com a empresa estatal argentina Combustibles
Nucleares Argentinos (Conuar), que prevê o envio de quatro toneladas de pó de
dióxido de urânio para a carga inicial de abastecimento de um reator nuclear
localizado na cidade de Lima, ao norte de Buenos Aires.
O contrato, no valor de US$ 4,5
milhões, foi assinado em junho.
'Yellowcake’ (Bolo
amarelo): o urânio já livre de impurezas, ideal para produção de energia.
Enriquecido na fábrica da INB em
Resende (RJ), o produto ainda precisa de autorização da Coordenação-Geral de
Bens Sensíveis do ministério e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen)
para completar o processo de exportação, o que deve ocorrer até o fim deste
ano.
Além do Brasil, o urânio é
enriquecido por outros 11 países. A tecnologia usada na unidade da INB em
Resende é a de ultracentrifugação para enriquecimento isotópico, desenvolvida
pelo Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo em parceria com o Instituto de
Pesquisas Energéticas e Nucleares, autarquia gerida administrativa e
tecnicamente pela Cnen.
'Yellowcake’ de usina da
International Atomic Energy Agency (IAEA)
Segundo o ministério, a exportação
não afeta o abastecimento de combustível das centrais nucleares de Angra dos
Reis (RJ). Atualmente, a Usina de Enriquecimento tem seis cascatas de ultra
centrífugas em operação e atende a cerca de 40% das necessidades de Angra 1.
O acordo com a Argentina não
envolve intercâmbio de conhecimento, uma vez que prevê a entrega de um produto
pronto, mas abre essa perspectiva. A empresa estatal argentina Invap participa
do desenvolvimento do Reator Multi-propósito Brasileiro, e os programas
nucleares dos dois países são contemporâneos, iniciados na década de 1960.
Criada em 1988, a INB atua na
cadeia produtiva do urânio, da mineração à fabricação do combustível que gera
energia elétrica nas usinas nucleares. A empresa pública tem sede no Rio de
Janeiro e também está presente nos estados da Bahia, Ceará, Minas Gerais e São
Paulo.
O que é,
afinal, urânio
O urânio é um mineral com
propriedades físicas de emitir partículas radioativas, a radioatividade. Sua
principal aplicação comercial é na geração de energia elétrica, como
combustível para os reatores nucleares de potência.
Segundo a INB, o Brasil tem a
sétima maior reserva geológica de urânio do mundo, o que permite o suprimento
das necessidades domésticas no longo prazo e uma possível disponibilização do
excedente para exportação. As reservas estão concentradas nos estados da Bahia,
do Ceará, Paraná e de Minas Gerais, com cerca de 309 mil toneladas de
concentrado de urânio.
A única mina de urânio em operação
no Brasil está em Caetité (BA) e tem capacidade de produzir 400 toneladas de
concentrado de urânio por ano. Em 2013, a produção mundial de urânio
concentrado foi 70.330 toneladas. (yahoo)
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