Expansão de energia solar fotovoltaica esbarra
na falta de tecnologia nacional
A avaliação é do estudo “Energia Solar no Brasil: Situação Atual, Perspectivas e Recomendações”, elaborado pelo Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia (ANE)
A avaliação é do estudo “Energia Solar no Brasil: Situação Atual, Perspectivas e Recomendações”, elaborado pelo Comitê de Energia da Academia Nacional de Engenharia (ANE)
A
energia solar fotovoltaica representa atualmente 0,02% da matriz elétrica
brasileira, conforme dos dados da Associação Brasileira de Energia Solar
Fotovoltaica (Absolar). A aposta do governo para mudar esse cenário tem sido os
leilões de energia, onde o País já conseguiu aproximadamente 15 gigawatts (GW)
vendidos nesse setor. A estimativa da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é
que até a próxima década o Brasil possa gerar 60 GW de potência instalada
apenas com a fonte solar fotovoltaica.
O
alto custo de compra e instalação de painéis fotovoltaicos, no entanto, tem
sido um dos maiores entraves para a disseminação do uso da energia solar no
Brasil. Segundo especialistas do setor, o valor pode chegar a R$ 50 mil em uma
residência média, ou seja, de até quatro moradores. A carga tributária elevada
torna a fonte uma das mais caras do mercado. Além do custo, a dificuldade de
expandir o uso também está ligada à dependência da importação de painéis
fotovoltaicos. Hoje, o País não tem tecnologia ou insumos necessários para
desenvolvê-los.
A
avaliação é do estudo “Energia Solar no Brasil: Situação Atual, Perspectivas e
Recomendações”, elaborado pelo Comitê de Energia da Academia Nacional de
Engenharia (ANE). Segundo o pesquisador e coautor do estudo, Eduardo Serra, o
Brasil possui uma infraestrutura “quase nula” de fabricação de energia solar
fotovoltaica. No País, fábricas de módulos fotovoltaicos ainda estão sendo
instaladas nas regiões Nordeste e Sudeste, com capacidade de produção estimada
entre 20 e 400 megawatts por ano (MWp/ano).
“Durante
muito tempo vamos depender de importação de painéis fotovoltaicos. Uma das
razões é porque para produzi-los é preciso ter silício de grau solar. Apesar de
o Brasil ser um dos maiores detentores, nós só fabricamos aqui em grau
metalúrgico. É uma tecnologia cara e poucos países a fabricam”, informou Serra.
O pesquisador ressaltou a necessidade de considerar a inexistência de unidades de produção de silício grau solar no País, pois a produção de módulos fotovoltaicos precisa ter um volume compatível com o que está sendo contratado nos leilões. Com a ausência de políticas de desenvolvimento tecnológico, ele não visualiza uma independência brasileira nesse campo. “Todos os módulos instalados nas futuras usinas, projetados para os próximos anos, certamente usarão painéis importados e inversores importados”, apontou.
O pesquisador ressaltou a necessidade de considerar a inexistência de unidades de produção de silício grau solar no País, pois a produção de módulos fotovoltaicos precisa ter um volume compatível com o que está sendo contratado nos leilões. Com a ausência de políticas de desenvolvimento tecnológico, ele não visualiza uma independência brasileira nesse campo. “Todos os módulos instalados nas futuras usinas, projetados para os próximos anos, certamente usarão painéis importados e inversores importados”, apontou.
Para
o Brasil conseguir uma autonomia de produção da cadeia solar fotovoltaica,
Serra defende a capacitação de mais profissionais de nível superior, com
conhecimentos necessários das tecnologias da energia solar. Dessa forma, eles
atuariam em pesquisas básica e aplicada, criando projetos de engenharia e
transferência de tecnologia de materiais e equipamentos utilizados.
“Isso
demora, mas em hipótese nenhuma significa que não se deva fazer, porque não
podemos desmoralizar a tecnologia nacional. Para isso, tem que ter gente sendo
formada, pesquisando, para criar toda a infraestrutura que permita que a
tecnologia entre e permaneça”, avaliou.
No
exterior
Um
país que tem desenvolvido a tecnologia em larga escala é a China. Ela possui os
insumos e o conhecimento necessário para estabelecer sua cadeia produtiva. O
país produz 60% dos módulos fotovoltaicos no mundo, com uma capacidade
acumulada instalada de 137,7 GW. Segundo Eduardo Serra, o preço de painéis
fotovoltaicos na China e demais países asiáticos, abastecidos pelo mercado
chinês, pode ser três vezes menor que o encontrado no Brasil.
Outras formas
Outras formas
O
estudo avalia também o cenário de outras formas de geração de energia solar,
como a por aquecimento d’água e a termossolar. A primeira opção, atualmente,
tem seu uso mais intensivo nas regiões Sul e Sudeste do País, de forma
residencial, para substituir o consumo do chuveiro elétrico. O estudo aponta
que os custos iniciais mais elevados de instalação, em relação ao chuveiro,
“representam uma barreira a ser vencida pela possibilidade de retorno a ser obtido
em prazo mais longo.”
Já a termossolar não possui sistemas instalados no
Brasil. Mesmo com uma grande vantagem em relação à fotovoltaica, por
possibilitar uma geração firme de energia por períodos longos de baixa
insolação por radiação direta, a tecnologia não está disponível no País. O
estudo destaca que, potencialmente, “o custo da energia elétrica gerada pode
ser menor com o desenvolvimento da tecnologia.” (ecodebate)
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