Brasil
fica atrás de outros países quando o assunto é aproveitar melhor a energia
produzida por aqui. Desperdício pode ser evitado.
O uso eficiente da energia
elétrica no Brasil ainda está longe de ser uma realidade. Pesquisa realizada
pelo Conselho Americano para uma Economia de Eficácia Energética (ACEEE) e
divulgada no último mês de julho, mostra que o Brasil se encontra em uma das
últimas posições na classificação de eficiência energética, juntamente com
países como Estados Unidos, Canadá e Rússia. A eficiência energética, ou seja,
a realização de uma mesma atividade com a utilização de uma menor quantidade de
energia está relacionada ao desperdício e a falta de investimento dos países em
ações para otimizar o uso das fontes de energia.
O professor da Faculdade de
Engenharia Mecânica (FEM) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
Gilberto De Martino Jannuzzi, explica que o que chama a atenção não é o numero
da posição do Brasil, mas o fato do país estar entre os últimos classificados.
“Eu não me surpreendi com esse resultado porque, embora no Brasil muito se fale
que as coisas são feitas pelo governo e pelas empresas, nós realmente estamos
muito modestos nessas atividades”. Ele esclarece que os países que estão na
frente na classificação possuem metas de eficiência energética, fazem o seu
planejamento de energia considerando essas metas e investem para
concretizá-las. “Esses países tem uma politica de energia onde a eficiência energética
é um elemento importante, o que não é o caso do Brasil. Vários outros países,
inclusive a China, estão na nossa frente porque começam a perceber que a
eficiência energética é algo tão viável como construir novas usinas de
eletricidade”.
Segundo Jannuzzi, considerando
o aumento da demanda populacional, o Brasil precisará aumentar a produção de
energia e também repensar as formas de consumo, tanto de energia como de bens
materiais, já que os produtos necessitam de energia em sua fabricação. “Nosso país
está crescendo e a economia também, então, nós temos que aumentar nossa
produção de energia. Mas, hoje em dia não é possível pensar somente nessa
direção. Temos que pensar em diminuir a velocidade do crescimento de consumo.
Não podemos continuar a consumir cada vez mais, nós precisamos é consumir
melhor”, afirma ele.
O professor explica que o
Brasil investe em ações de eficiência energética, mas não da maneira correta.
“O Brasil poderia estar fazendo melhor, já que as concessionárias de
eletricidade investem recursos que são recolhidos dos consumidores. É um
montante significativo, são quase 300 milhões de reais por ano, mas o que falta
é ter mais visão e fazer investimentos melhores e nessa questão nós ficamos
devendo”. Entre as iniciativas realizadas no país para diminuir o desperdício
de energia, está o Selo Procel, produto desenvolvido pelo Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica (Procel) e coordenado pelo Ministério de Minas
e Energia (MME). Sua finalidade é impulsionar a fabricação nacional de produtos
eficientes em energia e orientar o consumidor a adquirir equipamentos que
apresentam melhores níveis de eficiência energética. “Esse é um instrumento
muito importante que o Brasil tem. Outra ação importante é a redução do Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) de equipamentos eficientes. Nós
precisamos de mais ações nessa direção, mas não como algo temporário”.
Eficiência
energética: benefícios para a economia
Mas como uma melhor eficiência
energética poderia beneficiar os diversos setores da economia? Segundo Jannuzi,
para o consumidor, a maior vantagem é a diminuição do valor da conta de
energia. “De maneira indireta isso implica também na melhoria da qualidade do
produto final, especialmente no setor industrial. À medida que a empresa revê
seus processos e busca maneiras de consumir menos, ocorre uma melhora no
produto final. Além disso, passa-se a considerar o beneficio ambiental, já que
economiza recursos naturais usados para produzir eletricidade”. De acordo
com o professor da Unicamp, a eficiência energética pode ser considerada uma
fonte alternativa de energia. “Ela tem custos, tem maneiras de ser avaliada e
tem que ser planejada assim como as outras fontes de energia”.
Conforme explica Januzzi, o
país deve promover ações para educar o cidadão e não somente investir em
tecnologia. “Tem toda uma questão de comportamento. Uma vez comprado o
equipamento, ele deve saber usar. Existem equipamentos que ficam ligados o
tempo todo. O consumidor deve prestar atenção para ver se esse tipo de
equipamento precisa ficar ligado o tempo todo”. A instalação de painéis
fotovoltaicos nas casas também é considerada uma forma de produção eficiente de
energia e, permite até mesmo que o excesso de energia da casa seja vendido para
a companhia elétrica. “Se eu coloco isso na minha casa e quero vender energia,
eu preciso ter uma casa eficiente se não eu vou gastar toda a energia que eu
produzo”, alerta o especialista. (agsolve)
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