UE considera reduzir pela metade o uso de biocombustíveis até 2030
A Comissão Europeia está considerando reduzir para metade o volume máximo de biocombustíveis usados nos transportes depois de 2020, pautada na preocupação de que eles aumentem as emissões de carbono ao invés de reduzirem, de acordo com um projeto visto pela Reuters.
Embora os biocombustíveis à base de produtos agrícolas reduzam a dependência de combustível fóssil, eles são produzidos a partir das matérias-primas como o açúcar e o óleo de colza (canola), que poderiam ser utilizados para o consumo humano ou animal, levando à crítica de que os renováveis causariam mudanças indiretas no uso da terra.
De acordo com a proposta da
Comissão Europeia, a contribuição máxima dos biocombustíveis líquidos para as
metas de energias renováveis da União Europeia (UE) deveria cair de 7% em 2021
para 3,8% em 2030.
Paralelamente, a Comissão
propõe um aumento do nível dos biocombustíveis chamados de avançados, ou de
segunda geração, produzidos a partir de resíduos provenientes da indústria
agrícola ou florestal.
Uma fonte da UE, próxima ao
assunto, disse que a Comissão vai propor que a participação de biocombustíveis
de segunda geração suba para 5,5% em 2030, após atingir 1,5% em 2021.
“A redução progressiva dos
biocombustíveis que tem como matéria-prima produtos alimentares e a sua
substituição por biocombustíveis avançados tornarão possível a descarbonização
do setor de transportes”, afirmou a Comissão no projeto, que faz parte de um
conjunto de regras destinadas a garantir a redução das emissões até 2030.
Os agricultores europeus, por
sua vez, argumentaram que a redução dos biocombustíveis produzidos a partir de
culturas agrícolas terá efeitos indesejáveis. Segundo eles, os biocombustíveis
auxiliam na rotação de culturas e na redução das importações de alimentos para
animais.
A associação europeia de
etanol renovável, ePURE, afirmou que a proposta da Comissão corre o risco de
prejudicar inclusive os investimentos em biocombustíveis de segunda geração.
“Uma eliminação gradual
levará a mais e mais investimentos em biocombustíveis, de primeira e segunda
geração, acontecendo fora da Europa”, declarou o secretário geral da ePURE,
Robert Wright.
Em 2012, a UE dedicou 3% da
sua área de cultivo total à produção de matéria-prima para biocombustíveis
consumidos pelos seus 28 Estados-membros. Os biocombustíveis são em grande
parte compatíveis com os veículos de hoje e podem ser misturados com os
combustíveis fósseis atuais. De acordo com a ePURE, toda a gasolina vendida na
UE contém tipicamente até 5% de etanol.
Por outro
lado, há quem afirme que a proposta da Comissão não foi longe o suficiente.
“O biodiesel
de óleo vegetal leva a emissões cerca de 80% maiores do que o diesel fóssil o
qual substitui”, citou a organização ambiental Transport & Environment
(T&E), de Bruxelas.
“O biodiesel
deve ser gradualmente eliminado antes de 2030, devido ao seu impacto devastador
no clima mundial e nas florestas tropicais”.
No seu
projeto, a Comissão não faz distinção entre o bioetanol, produzido
principalmente a partir da beterraba sacarina e de cereais, e o biodiesel,
produzido a partir de culturas oleaginosas, especialmente a colza, mas afirma
que os Estados-membros podem fazer essa distinção na aplicação das regras.
(biodieselbr)
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