Turbinas reaproveitam resíduos energéticos para gerar eletricidade de forma limpa
Turbinas
reutilizam energias desperdiçadas – Empresa incubada na UFRGS desenvolve
turbinas que reaproveitam resíduos energéticos em grandes instalações para
gerar eletricidade de forma limpa.
Turbina
Redutora de Pressão já está em pleno funcionamento nas instalações da PepsiCo.
Dentre
as tantas formas já testadas e desenvolvidas para promover a eficiência
energética e a produção limpa de energia, o reaproveitamento de forças
desperdiçadas é uma das menos comentadas. Porém, como comprova a startup
Prosumir, incubada na UFRGS, esse
método pode ser uma das alternativas mais simples e rentáveis. Basicamente
reutilizando uma parcela de energia térmica que seria dissipada nas tubulações
de grandes instalações, as mini turbinas nas quais decidiu investir Julio
Vieira, idealizador da empresa, convertem esses “resíduos” em energia
elétrica.
Segundo
ele, mais de R$ 10 bilhões são perdidos anualmente no Brasil com o não
aproveitamento dessas fontes energéticas. São tantos os pequenos focos de
desperdício sendo ignorados rotineiramente que a exploração correta de uma
grande porcentagem deles poderia economizar gastos de energia consideráveis.
Conta que, num futuro ideal, se todos esses pontos fossem aproveitados, apenas
a eletricidade produzida por eles poderia sustentar todo o consumo do Rio
Grande do Sul. Mas as empresas preferem se concentrar em explorar fontes
maiores, diz, que rendam mais de uma só vez, do que em pequenas partes que,
juntas, podem gerar o mesmo rendimento, se não um maior.
Formado
em Tecnologia Mecânica pela Fatec (Sorocaba, São Paulo) e em Engenharia
Mecânica pela UFRGS, o empreendedor teve contato com a tecnologia de turbinas
ainda na sua primeira graduação e decidiu se especializar na área. Desde o
início dos trabalhos da empresa, em 2014, conquistou alguns prêmios e parcerias
importantes para a sua Prosumir, que ainda deve ficar em incubação até o começo
de 2018. Hoje a empresa conta com cinco funcionários e, desde o ano passado,
com um sócio, André Thomazoni. Com seus primeiros incentivos, desenvolveu dois
protótipos iniciais. A ideia é simples, explica: estruturas complexas como
hospitais, shoppings ou fábricas normalmente possuem uma caldeira, e o vapor
produzido se desloca nas tubulações em alta pressão, até que, ao chegar em
determinados pontos, uma válvula comum a reduz. Nessa redução, é desperdiçado
calor; o que a Turbina Redutora de Pressão (TRP) – produto da Prosumir – faz,
portanto, é um trabalho idêntico ao das válvulas comuns, só que redirecionando
a energia térmica, que seria dissipada, para dentro da turbina no aparelho; lá
a energia térmica é convertida em energia cinética, então em energia mecânica
e, por fim, em energia elétrica.
Julio
conta que decidiu investir no ramo quando enxergou um vácuo no mercado das
turbinas e de outros aparelhos para reaproveitamento energético. Uma vez que os
fabricantes usam o mesmo maquinário para produzir tanto aparatos de grandes
proporções quanto os de menor escala, sempre acabam preferindo montar os
maiores e, com isso, gerar grandes quantidades de eletricidade em focos
notórios de desperdício, como chaminés de fábricas e usinas, por exemplo.
Assim, os pequenos focos ficam inexplorados. Hoje a Prosumir tem uma TRP em
pleno funcionamento nas instalações da PepsiCo em Porto Alegre (fabricante da
Pepsi, Elma Chips, Gatorade, entre outros produtos), com potência de 5 kW. Ele
explica que essa turbina, que é o terceiro e definitivo protótipo da empresa,
gera até 3.500 kW por mês, o que é suficiente para abastecer, em média, o
consumo energético de 14 casas durante esse mesmo período.
Ressalta,
entretanto, que o principal problema em toda a área é o pouco investimento.
Outros meios que já têm uma melhor recepção e muito tempo de desenvolvimento
ainda encontram desafios para conseguir se manter e continuar a aperfeiçoar
suas técnicas; dos campos eólicos, passando pela energia solar, até a captação
dos movimentos oceânicos. Muitas vezes, a falta de verba estende por anos, e até
décadas, o processo entre o desenho de um protótipo até a sua fase de testes.
Mas Julio está confiante de que as suas TRPs, já com funcionamento e rendimento
comprovados, possam ter um caminho diferente a partir de agora.
A
Prosumir já tem um acordo com a Gerdau para a instalação de 600 kW em
equipamentos, além disso, ressalta que as turbinas precisam de pouca
manutenção, e que esta pode ser feita de modo simples. A maior parte dos custos
se refere à compra e à instalação – os preços dos aparelhos variam entre R$ 52
mil, os menores, até mais de R$ 1 milhão, os de grande porte, e produzem apenas
energia de forma limpa, sem gastarem nada que não sejam resíduos ou gerarem
outros do próprio processo. Essas características, conta Julio, devem garantir
a eficiência e a produtividade das TRPs, que são apenas um exemplo do
reaproveitamento energético, que ainda pode ser aplicado de outras diversas
formas pelo mundo, diminuindo a poluição e os gastos com meios menos rentáveis
de produção de energia. O empreendedor, visando aperfeiçoar o seu produto e
desenvolver novos protótipos além do seu carro-chefe, agora estuda para o seu
doutorado – em Engenharia Mecânica da UFRGS – as Turbinas de Tesla, patenteadas
pelo inventor Nikola Tesla no começo do século passado para explorar energia
geotérmica, e que funcionam sem pás e por meio da aderência de gases na sua
superfície. (ecodebate)
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