Com investimento de US$ 300
milhões, usina vai gerar energia para 300 mil residências.
A italiana Enel inaugurou em
Ribeira do Piauí (PI), o Parque Solar Nova Olinda, maior usina solar já em
operação na América do Sul. Com capacidade instalada de 292 Megawatts (MW) e
investimento de cerca de US$ 300 milhões, o parque vai gerar energia suficiente
para abastecer 300 mil residências.
Até o fim deste ano, a
empresa vai inaugurar um novo parque, totalizando quatro empreendimentos de
energia solar (no Piauí e na Bahia) no Brasil, com investimentos de quase US$ 1
bilhão. A nova usina tem contrato de venda de energia pelos próximos 20 anos e
estimativa de retorno financeiro em metade deste prazo.
Nova Olinda tem 930 mil
painéis solares espalhados por 690 hectares (equivalente a 700 campos de
futebol) em pleno semiárido nordestino, onde a energia solar vem se expandindo
no último ano. Já há projetos de várias empresas em estados da Bahia, do Ceará
e no próprio Piauí. Mas a energia solar ainda tem participação modesta na
geração de eletricidade no Brasil, com fatia apenas 1%.
Segundo o secretário de
Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fabio Alves, no entanto, a
perspectiva é de forte crescimento daqui para frente. O planejamento para 2026
prevê crescimento de cerca de 50 mil MW na capacidade de geração de energia no
país, dos quais metade será de fontes eólica ou solar. Não à toa a Enel fez do
Brasil uma das apostas de crescimento do grupo em energias renováveis.
A
grandiosidade dos números de Nova Olinda contrasta com o baixo número de
geração de vagas na fase operacional. Durante as obras, chegou-se ao pico de
1.700 trabalhadores diretos, sendo 40% de mão de obra local. Mas serão apenas
40 a 50 pessoas na operação e manutenção do parque. Boa parte dessa atividade
será intensiva em tecnologia, como robôs para cortar grama e limpar os painéis
solares.
Placas importadas da China
O empreendimento da Enel teve
financiamento do Banco do Nordeste, mas as placas foram importadas da China,
não apenas por serem mais baratas que as nacionais, como também pela
incapacidade de a indústria nacional atender a demanda dos novos parques.
— A China ganhou essa guerra
e permitiu reduzir muito o custo dos projetos de energia solar. Os painéis
representam hoje 30% do custo de um projeto. No passado, esse percentual era de
90%. Mas o Brasil pode agregar valor aos projetos com outras tecnologias — disse
Antonio Cammisecra, responsável global da Enel Green Power, braço do grupo para
energias renováveis.
Os painéis se movem
acompanhando o movimento do sol, como se fossem girassóis e captam a irradiação
solar, que é transformada em energia. Esta, então, é levada por cabos
subterrâneos a uma subestação no próprio parque e, de lá, segue por 47
quilômetros de linhas de transmissão até uma subestação da Chesf, onde é
lançada no sistema interligado.
Por se tratar de uma energia
limpa, estima-se que o novo parque solar vá evitar a emissão de aproximadamente
350 mil toneladas de CO2 na atmosfera, segundo a Enel. O
conglomerado tem investido fortemente em energias renováveis. Ao todo, tem
capacidade instalada em renováveis de cerca de 2.276 MW no Brasil, dos quais 670
MW de energia eólica, 716 MW de energia solar e 890 MW de energia hidrelétrica.
Há ainda projetos de 275 MW de capacidade em construção.
Consolidação da distribuição
No Brasil, o grupo é dono da
antiga Ampla, responsável pela distribuição de energia em 66 cidades do estado
do Rio de Janeiro. Também controla a distribuidora do Ceará (ex-Coelce) e
comprou recentemente a Celg, em Goiás. Segundo o presidente da Enel no Brasil
Carlo Zorzoli, há interesse em participar da consolidação do mercado de
distribuição no Brasil.
— Já provamos sermos players
no mercado de consolidação da distribuição no Brasil. Queremos fazer parte
desse fenômeno — disse Zorzoli, sem dar detalhes sobre quais as empresas
estariam na mira.
A Eletrobras vai privatizar
suas distribuidoras, entre elas a Cepisa, no Piauí. A Enel é apontada como
forte candidata à compra.
Também
participou do evento o governador do Piauí Wellington Dias (PT) e prefeitos
locais. O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, não pôde vir por
questões de agenda. (globo)
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