O
mundo está passando por uma grande revolução da sua matriz energética, passando
da era dos poluidores combustíveis fósseis para a era das energias renováveis.
O Sol irradia durante 365 dias o equivalente a 10 mil vezes a energia consumida
anualmente pela população mundial. Assim, o nosso astro maior pode ser a grande
fonte de energia renovável do planeta, tornando-se uma fonte energética que
seja abundante e, relativamente, limpa e ecológica.
Segundo
Tam Hunt, a “singularidade solar” é o ponto em que a energia solar se torna tão
barata na maioria dos países ao redor do mundo que é estabelecida como a nova
fonte de energia padrão.
O
crescimento da energia fotovoltaica acompanhado do armazenamento de baterias e
os veículos elétricos formam revoluções paralelas e entrelaçadas que devem
transformar o sistema energético em todo o mundo. Existe a possibilidade de se
atingir 100% de energia renovável até 2050.
O
gráfico acima mostra que os acréscimos anuais na produção de energia solar
passou de 1 GW em 2005 para 74 GW em 2016 e deve alcançar mais de 100 GW em
2021. Portanto, um aumento de 100 vezes em 15 anos. A capacidade instalada pode
ultrapassar mil GW no início da próxima década.
O
custo da energia é fundamental para o seu futuro desenvolvimento. O preço de um
painel solar em 2016 era 30% menor do que era em 2010 – caindo de US$ 1,50 por
watt para US$ 0,447 por watt. Isso significou uma redução de 70% em seis anos.
O
gráfico abaixo mostra que a queda do preço da produção da energia solar tem
caído de forma consistente e já se torna competitiva com as demais fontes
energéticas. A singularidade solar cria uma nova situação, pois a energia solar
tenderá a crescer exponencialmente quando atingir o nível bem abaixo da
paridade dos custos com novas usinas de gás natural, plantas de carvão ou
usinas nucleares.
A
energia solar foi a fonte de mais rápido crescimento em todo o mundo em 2016,
superando o crescimento em todas as outras formas de geração de energia pela
primeira vez, segundo a Agência Internacional de Energia. A energia renovável
representou dois terços do novo poder adicionado às redes mundiais no ano
passado. A nova capacidade solar já ultrapassou o crescimento líquido do
carvão, anteriormente a maior fonte nova de geração de energia. A mudança foi
impulsionada pela queda dos preços e pelas políticas governamentais,
particularmente na China, que representavam quase metade dos painéis solares
instalados. O Dr. Fatih Birol, diretor executivo da AIE, disse: “O que estamos
testemunhando é o nascimento de uma nova era na energia solar fotovoltaica
[PV]. Esperamos que o crescimento da capacidade de energia solar fotovoltaica
seja maior do que qualquer outra tecnologia renovável até 2022”.
O
gráfico abaixo ilustra a desconexão entre as projeções históricas sobre as
instalações dos painéis solares e os desenvolvimentos reais, segundo Hoekstra
(12/06/2017). As 12 projeções dos relatórios do World Energy Outlook (WEO) da
Agência Internacional de Energia (IEA) ficaram sempre abaixo do crescimento
real da energia solar.
Sem
dúvida o avanço da energia solar (juntamente com a energia eólica) substituindo
os combustíveis fósseis é uma necessidade urgente para a estabilização da
economia e do clima. Contudo, a trajetória de mudança não será simples. Kurt
Cobb considera que a revolução energética, se acontecer na escala necessária,
não deve ocorrer de maneira tão rápida e nem com tantos resultados positivos
sobre o clima. Gail Tverberg (2014), no artigo: “Ten Reasons Intermittent
Renewables (Wind and Solar PV) are a Problem”, relaciona dez problemas que
dificultam a superação dos combustíveis fósseis e a mudança da matriz
energética mundial para fontes renováveis. Artigo de Kris De Decker
(14/09/2017) mostra as dificuldades para manter a economia mundial funcionando
apenas com base na energia renovável.
Não
resta dúvidas de que a economia internacional precisa reduzir
significativamente os subsídios e a dependência dos combustíveis fósseis e
aumentar o peso das energias renováveis no conjunto da produção energética, a
despeito das dificuldades que precisam ser superadas. A transição energética
não pode ser pequena e tardia.
Paralelamente,
o mundo também precisa caminhar rumo ao decrescimento das atividades
antrópicas, renovando o estilo de desenvolvimento consumista que tem colocado
tantas pressões sobre o meio ambiente e a biodiversidade. A transição
energética é um primeiro passo. Mas a construção de uma civilização ecológica é
a única alternativa para evitar um colapso ambiental. (ecodebate)
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