Mulher estuda mais, trabalha mais horas e ganha
menos do que o homem.
As mulheres
trabalham, em média, três horas por semana a mais do que os homens, combinando
trabalhos remunerados, afazeres domésticos e cuidados de pessoas. Mesmo assim,
e ainda contando com um nível educacional mais alto, elas ganham, em média,
76,5% do rendimento dos homens. Essas e outras informações estão no estudo de
Estatísticas de Gênero, divulgado hoje pelo IBGE.
Mais horas de trabalho, menos remuneração
Vários
fatores contribuem para as diferenças entre homens e mulheres no mercado de
trabalho. Por exemplo, em 2016, as mulheres dedicavam, em média, 18 horas
semanais a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos, 73% a mais do que os
homens (10,5 horas). Essa diferença chegava a 80% no Nordeste (19 contra 10,5).
Isso explica, em parte, a proporção de mulheres ocupadas em trabalhos por tempo
parcial, de até 30 horas semanais, ser o dobro da de homens (28,2% das mulheres
ocupadas, contra 14,1% dos homens).
“Em função
da carga de afazeres e cuidados, muitas mulheres se sentem compelidas a buscar
ocupações que precisam de uma jornada de trabalho mais flexível”, explica a
coordenadora de População e Indicadores Sociais do IBGE, Barbara Cobo,
complementando que “mesmo com trabalhos em tempo parcial, a mulher ainda
trabalha mais. Combinando-se as horas de trabalhos remunerados com as de
cuidados e afazeres, a mulher trabalha, em média, 54,4 horas semanal, contra
51,4 dos homens”.
Mesmo trabalhando mais
horas, a mulher segue ganhando menos. Apesar da diferença entre os rendimentos
de homens e mulheres ter diminuído nos últimos anos, em 2016 elas ainda
recebiam o equivalente a 76,5% dos rendimentos dos homens. Uma combinação de
fatores pode explicar essa diferença. Por exemplo, apenas 37,8% dos cargos
gerenciais eram ocupados por mulheres; essa diferença aumentava com a faixa
etária, indo de 43,4% de mulheres em cargos de chefia no grupo até 29 anos de
idade até 31,3% no grupo de 60 anos ou mais.
Outros
aspectos, como a segregação ocupacional e a discriminação salarial das mulheres
no mercado de trabalho, podem contribuir para a diferença de rendimentos.
“Observamos o que se chama de teto de vidro, ou glass ceiling”, explica Barbara
Cobo: “A mulher tem a escolarização necessária ao exercício da função, consegue
enxergar até onde poderia ir na carreira, mas se depara com uma ‘barreira
invisível’ que a impede de alcançar seu potencial máximo”. Na categoria de
ocupação com nível superior completo ou maior, a diferença era ainda mais
evidente: as mulheres recebiam 63,4% do rendimento dos homens em 2016.
Mulheres têm maior escolarização
Em
2016, as mulheres de 15 a 17 anos de idade tinham frequência escolar líquida
(proporção de pessoas que frequentam escola no nível de ensino adequado a sua
faixa etária) de 73,5% para o ensino médio, contra 63,2% dos homens. Isso
significa que 36,8% dos homens estavam em situação de atraso escolar. Na
desagregação por cor ou raça, 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de
idade apresentaram atraso escolar em relação ao ensino médio, face a 19,9% das
mulheres brancas. Comparando-se gênero e cor ou raça, o atraso escolar das
mulheres brancas estava mais distante do registrado entre os homens pretos ou
pardos (42,7%).
Essa trajetória escolar
desigual, relacionada a papéis de gênero e à entrada precoce dos homens no
mercado de trabalho, faz com que as mulheres tenham um maior nível de
instrução. Na faixa dos 25 a 44 anos de idade, 21,5% das mulheres tinham
completado a graduação, contra 15,6% dos homens. Desagregando-se a população de
25 anos ou mais de idade com ensino superior completo por cor ou raça, as
mulheres brancas estão à frente, com 23,5%, seguidas pelos homens brancos, com
20,7%; bem abaixo estão as mulheres pretas ou pardas, com 10,4% e, por fim, os
homens pretos ou pardos, com 7,0%. (ecodebate)
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