Eficiência energética precisa
de políticas públicas para crescer, afirma Abesco.
Envelhecimento do parque
industrial brasileiro tem levado país a usar mais energia para a produção de
mesmo volume de produtos e serviços que no passado.
A eficiência energética
depende mais de políticas públicas do que o desenvolvimento da tecnologia. Essa
é a opinião do presidente da Abesco, Alexandre Moana. Segundo ele, é necessário
existir a obrigatoriedade de metas para que essa modalidade de “geração de
energia” possa realmente decolar no país. Segundo o executivo, que participou
de um workshop promovido em 10/04/18 pela Comerc Esco, faltam mecanismos para
incentivar a eficiência energética no país. A tecnologia existe e sua mutação é
contínua, e isto não é um problema para o crescimento das ações do segmento que
representa.
Ainda hoje, comentou ele,
investimentos nesse segmento são vistos como gastos e não como medidas de
economia de energia e redução de custos. Mas, contou, o efetivo uso da
eficiência energética como ferramenta de redução de custos existe em diversos
países do mundo. Moana lembrou das características que a eficiência energética
apresenta como ser a energia mais limpa e barata porque não depende de
investimentos altos e evita aportes em novas usinas. O valor estimado para
eficiência está em cerca de US$ 31/MWh cerca de um quarto do gasto com energia
nova. “Ao redor do mundo vemos o crescimento de países que adotam políticas
para o aumento de eficiência energética. E essas medidas vêm atreladas a uma
palavra ‘obrigatoriedade’, sem isso essas ações não aconteceriam em algumas
partes do mundo que hoje apresentam avanço nessa área”, comentou.
Segundo dados apresentados
pela entidade, apenas 32% do mundo tem alguma política para incentivar a
eficiência energética. Portanto, 68% não possuem nenhuma ação voltada a esses
investimentos e o Brasil está incluído nesse grupo maior. Por aqui, avaliou,
existem oportunidades, mas sem essa obrigatoriedade que as políticas em outras
regiões impõe. Uma das possíveis forma de viabilizar a eficiência energética no
país, continuou ele, pode se dar pela reforma do setor elétrico que estava em
discussão durante a última gestão à frente do MME. O executivo destacou que a
continuidade de ações pró mercado podem ser uma sinalização positiva para o
mercado. Mas, mesmo assim, Moana salientou que a obrigatoriedade de metas é
algo imprescindível para o Brasil conseguir fazer com que a eficiência
energética realmente entre na agenda.
Segundo
a Abesco, a receita de sucesso para a eficiência energética no Brasil passa
ainda pela necessidade de uma forma de medição e verificação adaptada à
realidade nacional com programas de etiquetagem de unidades consumidoras, assim
como já existem com aparelhos elétricos e até veículos automotores. Marcel
Haratz, presidente da Comerc Esco, ressaltou ainda que o Brasil assumiu
compromissos na COP 21 de Paris em melhorar a eficiência energética em 10%.
Contudo, o país vem apresentando aumento na intensidade de energia primária. Ou
seja, está gastando mais recursos para produzir o mesmo produto ou serviço que
no ano anterior e essa curva de crescimento é vista desde o ano de 2013 a 2016.
Nesse período o crescimento médio foi de cerca de 2%. A comparação fica mais
negativa para o Brasil quando se compara os dados de outros países nesse mesmo
período. No Japão fica na casa de redução de mais de 2% e na China está 4%
menor. A média mundial é de redução de 2% no uso de energia. Os dados são da
Agência Internacional de Energia.
A explicação para esse
fenômeno vem do fato de que a idade média de máquinas e equipamentos no Brasil
está em 17 anos enquanto, por exemplo, na Alemanha que é o benchmark em
eficiência energética, é de apenas cinco anos. Com o aumento da idade média é
natural que vejamos a redução da produtividade e da competitividade. Outro dado
que explica a perda da competitividade em eficiência energética é o gasto per
capita com essas ações, por aqui é de US$ 3,29 o que coloca o país em 13° lugar
do ranking enquanto a primeira é a Alemanha, com US$ 318,49. Os maiores
potenciais de eficientização para 2050 estão no segmento de transportes com 44%
e na indústria com 41%, segundo dados da EPE em um estudo de demanda de energia
de janeiro de 2016. (ctee)
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