Alta contratação de eólicas
fará com que sistema necessite de energia firme fornecidas por usinas a gás, as
movidas a carvão lutam por financiamento e restrições a fonte. Geração térmica
estará em debate no Enase nos dias 23 e 24 de maio/2018, no Rio de Janeiro/RJ.
A forte expansão de eólicas e
solares que vem sendo aplicada no país nos últimos anos não é motivo de alegria
apenas para os agentes dessas fontes. O aumento da participação de fontes
intermitentes na matriz traz a necessidade de uma complementação de geração
térmica, que desde o leilão A-6 do ano passado viu duas usinas serem leiloadas,
além de ver a Prumo Logística assumir uma usina da Bolognesi em construção. “A
expansão aqui vai estar calcada com fontes renováveis e complementadas com
geração térmica. Acho que vai continuar a ter muita geração térmica no médio e
longo prazo”, avisa Xisto Vieira, presidente da Associação Brasileira das
Geradoras Termelétricas. A geração térmica será um dos temas em debate na 15ª
edição do Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase), que será
realizado a partir de 23/05/2018, no Rio de Janeiro (RJ),
e segue em 24/05/2018.
De acordo com Vieira, a
expansão da fonte térmica na esteira das renováveis é um movimento que também
acontece nos países mais desenvolvidos da Europa e nos Estados Unidos. Segundo
ele, na Califórnia, a cada 3 MW de renováveis contratados, deve ser contratado
1 MW térmico. Ele acredita que o novo presidente da empresa de Pesquisa
Energética, Reive Barros, saberá analisar o nível de penetração das renováveis
no país para fazer um planejamento ideal par o setor.
O presidente da Abraget
acredita que do total da geração térmica do sistema, uma parte deveria estar na
base e outra em térmicas flexíveis para serviços ancilares, como atendimento a
intermitências, da ponta e partidas rápidas. “Nós consideramos importante
colocar renováveis, mas tem que ter cuidados, que são colocar valor de geração
térmica”, explica Vieira. No último leilão A-6, foram viabilizados dois
projetos no Rio de Janeiro que somam mais de mil megawatts. No leilão A-6 de
agosto, foram cadastrados 39 projetos que somam 28.656 MW.
Sobre o novo modelo do setor,
Xisto Vieira acredita que um modelo de leilão em que as especificidades das
fontes sejam observadas seria fundamental no novo modelo. Para ele, é difícil a
comparação entre os empreendimentos hídricos, eólicos e térmicos. “Cada tipo de
fonte tem um atributo diferente. A UTE é mais cara, mas ela dá segurança ao
sistema, a EOL tem um custo de operação mais baixo, mas tem a intermitência”,
avisa.
Se pelo lado das térmicas a
gás a tendência é de crescimento, as termelétricas a carvão têm um cenário mais
desafiador. Há a expectativa com dois projetos cadastrados no próximo leilão: o
da Ouro Negro (RS – 600 MW) e o Usitesc (SC – 340 MW), que ele espera que sejam
viabilizados. Mas para Fernando Zancan, presidente da Associação Brasileira de
Carvão Mineral, o maior entrave do carvão hoje no país é o financiamento, já
que o BNDES não financia mais projetos desse tipo. “Com isso torna difícil a
atração dos investidores”, comenta.
As conversas com o governo
federal para o Plano de Modernização do parque Térmico a carvão brasileiro
continuam. Segundo Zancan, sem esse plano as usinas vão acabar fechando, o que
já está acontecendo, com a desativação de Charqueadas e as fases A e B de
Candiota. “Com isso o Brasil perdeu 30% da sua capacidade instalada de carvão
“, aponta. Segundo ele, a modernização é importante porque em 2027 o fim da CDE
tornará o parque inviável economicamente. Como consequência disso vem o fim da
mineração subterrânea do carvão, que vai trazer impactos negativos ao Sul do
Brasil.
Lembrando que o carvão
mineral é uma das maiores reservas de energia que o Brasil tem, Zancan quer ver
aplicada no país tecnologias de alta eficiência e baixas emissões que permitem
que a fonte seja usada sem causar danos ao meio ambiente. “Não devemos ser
contra as fontes, mas sim ser contra as suas emissões. Se os combustíveis
fosseis forem de baixo carbono, porque ser contra eles?”, pondera. Segundo o
presidente da ABCM, tecnologias já existentes alcançam 50% de eficiência em
usinas da China. A fonte não foi abandonada no mundo e somente o Japão
inaugurou oito novas usinas a carvão nos últimos dois anos e deve construir
mais 36 para diversificar a sua matriz e fornecer segurança energética para o
país.
As políticas de subsídios
concedidas à expansão renovável são frisadas por Zancan, que acredita haver uma
grande disputa comercial entre as fontes e que se o meio ambiente fosse o foco
principal, os investimentos para mitigação dos gases de efeito estufa seriam
iguais. “As tecnologias de renováveis receberam desde 2006 cerca de US$ 2
trilhões enquanto as tecnologias de captura de CO2 – CCS só US$ 20 bilhões ou
1% do total”, dispara. Para o executivo, o mundo deve buscar a reduções dos
impactos ambientais, mas não estigmatizar uma fonte se ela conseguir mitigar o
impacto ambiental. (canalenergia)
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