segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Geração eólica apresenta novo recorde no Nordeste

Geração eólica apresenta novo recorde no Nordeste, afirma ONS.
Produção de energia pela fonte alcançou 8.722 MWmed em 06/09/19, atendendo a 87% da carga na região no dia.
A energia eólica atingiu um novo recorde de geração média diária no Nordeste em 06/09/19, ao produzir 8.722 MW médios, com um fator de capacidade de 74%, informou em nota o Operador Nacional do Sistema Elétrico em 10/09/19. O volume de energia foi responsável por atender a 87% da carga da região no dia.
Para o Operador, o recorde é explicado pela intensificação do sistema de alta pressão que atuou no litoral do estado da Bahia, o que proporcionou uma produção eólica mais elevada, principalmente na Bahia, Piauí e Pernambuco. O recorde anterior da região havia ocorrido em 26/08/19, quando foram produzidos 8.650 MW médios. (canalenergia)

Nordeste quebra novo recorde de produção de energia eólica

Em 06/09/19, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), 87% da carga de energia elétrica da região foi gerada pela força dos ventos.
No segmento de energia renovável, a eólica tem importância estratégica no Nordeste.
O Nordeste registrou novo recorde de geração média diária de energia eólica em 06/09/19, ao produzir 8.722 MW médios, volume que atendeu 87% da carga da região no dia, informou em 10/09/19 o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O fator de capacidade das
eólicas da região chegou a 74%.
Conforme o operador, o recorde decorreu da intensificação do sistema de alta pressão que atuou no litoral do estado da Bahia, o que proporcionou geração eólica mais elevada, principalmente, nos estados da Bahia, Piauí e Pernambuco.
O recorde anterior de geração média no Nordeste havia ocorrido em 26 de agosto, quando foram produzidos 8.650 MW médios.
O país vive atualmente a “safra de ventos”, quando sazonalmente a produção de energia proveniente das usinas eólicas é maior.
Anteriormente, especialistas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) já haviam sinalizado que setembro seria um mês tão bom quanto agosto ou até melhor.
O Nordeste é responsável por 86% da produção de energia eólica do Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
O país já tem mais de 7 mil aerogeradores em 601 parques eólicos em 12 estados. Dos 15 GW de capacidade instalada, 86% estão no Nordeste.
Há ainda outros 4,6 GW já contratados ou em construção. Em 2023, a expectativa é que o país consiga gerar mais de 20 GW na segunda fonte de energia nacional. (op9)

Projeto prevê energia fotovoltaica para escolas municipais do Paraná

Parceria entre Governo, Fomento Paraná, Paranacidade e Green Building Council Brasil busca qualificar unidades de ensino para a autoprodução energética. Primeira fase contemplará 180 escolas de 6 municípios.
O Governo do Paraná deu início a um projeto inovador na semana passada, após a assinatura de um Memorando de Entendimento entre o secretário do Desenvolvimento Urbano e de Obras Pública do Estado, João Carlos Ortega, com a Paranacidade, o Green Building Council Brasil (GBC BR) e a Fomento Paraná. A iniciativa pretende transformar as escolas municipais de todo estado em geradoras de energia elétrica fotovoltaica e qualificá-las para alcançar autoprodução energética das unidades.
O objetivo é levar o benefício as cerca de 4 mil escolas existentes nos 399 municípios paranaenses. Na primeira fase serão 180 unidades escolares de seis municípios, em que as prefeituras receberão R$ 30 milhões do Sistema de Financiamento dos Municípios (SFM) para viabilizar as mudanças. Os valores foram disponibilizados pela Fomento Paraná.
O secretário Ortega destacou a integração dos diferentes órgãos governamentais para viabilizar a iniciativa. “O Governo deve unir esforços, atuar em conjunto com a sociedade e, assim, inovar e promover as melhorias na vida da população”, enfatizou. Já o diretor de Operações do Setor Público da Fomento Paraná, Wellington Dalmaz, ressaltou a importância social da iniciativa. Para ele, começar a mudança pelas escolas colocará as crianças não apenas em contato com novas tecnologias, mas principalmente com conceitos da importância de economizar energia e também da sustentabilidade.
Paraná terá escolas geradoras de energia solar fotovoltaica.
“As crianças conhecerão os ‘edifícios verdes’, verão os benefícios na prática e atuarão como multiplicadoras. Primeiro, ao levar para as suas famílias a cultura de que o mundo sustentável é possível. Depois, quando adultas, poderão tomar suas decisões dentro desse critério”, disse Dalmaz.
O processo para implantação dos sistemas fotovoltaicos terá início com a Copel que, pelo do seu Programa de Eficiência Energética, irá viabilizar a análise das necessidades de energia de cada unidade e a substituição dos elementos atuais por alternativas mais econômicas, como lâmpadas LED, ou promover adequações nos sistemas de ar-condicionado.
Após o consumo mínimo ser alcançado, começará a elaboração do Projeto para a Geração de Energia Fotovoltaica, pelo Green Building Council Brasil, sob encomenda das prefeituras. Com o projeto, o poder municipal encaminhará, via Secretaria do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, a solicitação de recursos à Fomento Paraná. À Paranacidade caberá o encaminhamento, apoio técnico e fiscalização de todo o processo. Ao final, o GBC BR fará a certificação da economia alcançada. “A evolução tecnológica nos permite prever a possibilidade de alcançarmos o índice de energia zero”, afirmou o diretor executivo do CBC BR, Felipe Faria.
De acordo com dados da Copel, o potencial de geração de energia solar no Paraná é de 18 GW, enquanto a Hidrelétrica de Itaipu produz 14 GW, o que indica o tamanho do mercado no segmento e o impacto que a sua implantação poderá representar em favor do meio ambiente. “A transformação das 180 escolas iniciais colocará o Paraná na segunda posição em todo o mundo nesse tipo de intervenção. Apenas na Califórnia, nos Estados Unidos, há um número maior de escolas nesse conceito”, disse Faria. O programa implantado no estado norte-americano começou no ano de 2010.
Parceria levará energia fotovoltaica às escolas municipais do Paraná. (canalenergia)

Bandeiras vermelhas nas faturas aumenta interesse por energia solar

Período das bandeiras vermelhas nas faturas aumenta interesse dos brasileiros por energia solar.
Pelo segundo mês consecutivo em 2019, os mais de 80 milhões de consumidores de energia elétrica do Brasil irão arcar com a cobrança adicional da bandeira vermelha na conta de luz.
O anúncio foi feito pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) e marca a época do ano, de agosto a novembro que, desde 2017, registra a ocorrência desses adicionais devido ao quadro de estiagem que impacta a geração por hidrelétricas no país.
No entanto, o sol que castiga os reservatórios é o mesmo que liberta milhares de brasileiros gerando sua própria energia através dos sistemas fotovoltaicos, integrantes do segmento de geração distribuída criado pelas regras da ANEEL em 2012.
São, hoje, mais de 104 mil consumidores no país que fazem uso de painéis solares para economizar até 95% na conta de luz e ficar livres das bandeiras tarifárias por mais de 25 anos, vida útil mínima da tecnologia.
Pelas regras da geração distribuída, o consumidor conecta seu gerador ao poste da distribuidora e é compensado em créditos por toda energia excedente que é injetada na rede elétrica.
Esses créditos, por sua vez, compensam a energia consumida da rede durante o período noturno ou em momentos de pouca geração do sistema, como em dias muito nublados ou chuvosos.
Uma vez que os sistemas são dimensionados para gerar toda a energia consumida em uma casa ou empresa, o consumidor sempre terá créditos para zerar o que consumiu da rede, ficando livre do valor da energia da distribuidora e seus acréscimos.
São essas vantagens, em conjunto com as mais de 70 linhas de financiamento para energia solar oferecidas no país, que impulsionam a geração distribuída no Brasil e elevam a cada ano o número de sistemas conectados.
Foram 46.720 novas conexões registradas pela ANEEL somente até o final de agosto de 2019, quase 33% a mais que todo o volume conectado em 2018.
Com a marca histórica de 1 Gigawatt (GW) de capacidade instalada atingida no começo de agosto, a energia solar distribuída segue forte no Brasil e deverá alimentar mais de 886 mil telhados até 2024, segundo a previsão da ANEEL. (ecodebate)

sábado, 28 de setembro de 2019

Energia solar é vantagem para pequenos negócios no Brasil

Energia solar é vantagem para pequenos negócios no Brasil, mas esbarra em falta de informação.
Painéis de uso comercial.
Uma pesquisa inédita realizada no Brasil mostrou que a energia solar é uma solução ideal para micro e pequenas empresas brasileiras, mas a falta de conhecimento sobre a tecnologia e o mercado ainda é uma barreira a ser vencida.
Intitulado “Energia Solar Fotovoltaica e os Pequenos Negócios”, o estudo é fruto da parceria entre o Centro SEBRAE de Sustentabilidade (CSS), a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e a Fundação Seade.
Foram 3.199 micros e pequenos empresários entrevistados em de todo o país, sendo que apenas 0,1% deles já possuem empresas sustentáveis com energia solar fotovoltaica.
Mais espantoso, porém, são os 90,8% desses empreendedores que possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre essa tecnologia que já proporciona redução de até 95% na conta de luz para mais de 100 mil brasileiros.
Atuantes no segmento de geração distribuída, criado em 2012 pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), esses consumidores utilizam a luz do sol como fonte elétrica de seus geradores conectados à rede e realizam a troca da energia com a sua distribuidora.
Das empresas entrevistadas e que já fazem uso da energia solar, praticamente todas elas afirmaram ter obtido resultados positivos com a tecnologia, sendo que 83,9% conseguiram redução nas faturas de energia.
A falta de recurso financeiro para a instalação do sistema foi o principal motivo apontado por 41,5% dos empresários que ainda não geram sua energia, sinal que muitos desconhecem as mais de 70 linhas de financiamento para energia solar oferecidas hoje no país.
A vontade, no entanto, existe. Mais da metade dos entrevistados pretende investir na autogeração solar nos próximos dois anos e, entre os que já utilizam, 47,5% confirmaram o desejo de expandir seu sistema (e benefícios) nesse período.
Segundo seus realizadores, a pesquisa foi capaz de mostrar os dois maiores desafios da energia solar para micro e pequenas empresas no Brasil hoje: mais conhecimentos acerca da tecnologia e suas vantagens e maior facilidade de acesso ao crédito para implantação do sistema.
Empreender no mercado de energia solar no Brasil é negócio do ano.
Com o alto potencial da fonte solar em nosso país tropical, aliado as contas de luz cada vez mais caras e um modelo de negócio ainda pouco explorado, o mercado de energia solar no Brasil apresenta as maiores chances para quem busca sucesso profissional e financeiro. (ecodebate)

Recursos europeus solares&eólicos são suficientes para atender demanda de eletricidade

A Europa possui recursos solares e eólicos suficientes para atender sua demanda de eletricidade inteiramente de fontes renováveis.
Um novo estudo de pesquisadores do Institute for Transformative Sustainability Research (IASS), em Potsdam, mostra que muitas regiões e municípios podem atender à demanda de eletricidade usando sistemas de eletricidade baseados exclusivamente em energias renováveis. No entanto, seu desenvolvimento exacerbaria a pressão do uso da terra em torno das áreas metropolitanas e conturbações maiores.
A eletricidade de fontes renováveis pode abastecer muitas regiões e cidades da Europa
Os resultados do estudo são apresentados on-line em um mapa interativo que cobre as regiões e cidades da Europa. (https://timtroendle.github.io/possibility-for-electricity-autarky-map/): Os usuários podem simplesmente aumentar o zoom em uma região ou vila – de Landau, na região da Renânia-Palatinado da Alemanha, até Berlim, e de Menton, na França. Riviera para a capital italiana de Roma – o mapa identifica o potencial de geração de eletricidade a partir de fontes renováveis em toda a Europa e revela se as regiões poderiam atender à demanda de eletricidade a partir de fontes renováveis.
“Nossos resultados mostram como é difícil, especialmente no caso de cidades densamente povoadas, como Berlim, atender à demanda de eletricidade a partir de fontes de energia renováveis”, explica o principal autor Tim Tröndle – “mas a tecnologia agora está suficientemente avançada para que mesmo isso seja possível”, viável se as áreas metropolitanas juntassem forças com as regiões vizinhas. As regiões rurais e as áreas urbanas com extensos campos rurais poderiam atender à demanda de eletricidade inteiramente a partir de fontes renováveis: no nível local, 75% dos municípios podem acessar recursos solares e eólicos suficientes para atender à demanda anual de eletricidade.
Atingir a autarquia de eletricidade em quatro níveis administrativos
O desenvolvimento de um suprimento de eletricidade regenerativa autossuficiente requer a disponibilidade de superfícies abertas ou terrenos suficientes que possam ser usados para geração de energia. Como parte de sua pesquisa para o estudo, os cientistas coletaram dados para identificar áreas e superfícies elegíveis e determinar os rendimentos de eletricidade renovável nos níveis continental, nacional, regional e municipal.
Liderados pelo professor Johan Lilliestam, os autores do IASS e ETH Zurich determinaram o potencial técnico de sistemas fotovoltaicos montados no teto e no nível do solo, bem como de turbinas eólicas onshore e offshore, analisando a disponibilidade e a elegibilidade de áreas terrestres. Sua análise leva em consideração a atual cobertura e uso da terra pelas cidades, bem como o uso agrícola e incluiu altitudes e condições climáticas locais, o que poderia limitar a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis. Isso permitiu que os pesquisadores determinassem o potencial de produção de eletricidade, levando em consideração as restrições técnicas.
Mas, se os sistemas energéticos futuros forem sustentáveis e gozarem de ampla aceitação em toda a sociedade, eles não serão capazes de explorar todo o seu potencial técnico. Para refletir isso, os pesquisadores excluíram certas áreas, como reservas naturais e terras aráveis, onde a infraestrutura de energia prejudicaria a paisagem ou impediria atividades agrícolas.
Dados sobre o consumo de eletricidade de 2017 foram usados para medir a demanda. De acordo com análises anteriores, os autores conseguiram demonstrar que o potencial técnico e social da eletricidade renovável é maior que a demanda nos níveis continental e nacional. Para alcançar também a autarquia da eletricidade no nível subnacional, no entanto, as regiões teriam que atribuir grandes parcelas e, às vezes, toda a sua terra não desenvolvida à geração de eletricidade a partir de energias renováveis, de acordo com o estudo.
As perspectivas para a Europa
Se forem aplicadas restrições sociotécnicas, o potencial total de produção de eletricidade no nível continental é de 15.000 TWh / a – mais de quatro vezes a demanda atual. Mesmo quando severas restrições sociais são aplicadas, reduzindo o potencial técnico em mais de 90%, a Europa ainda pode gerar eletricidade suficiente a partir de fontes renováveis para alcançar a autarquia de eletricidade no nível continental e em cada país.
Nos níveis regional e municipal, os autores veem o menor potencial relativo dentro das fronteiras da cidade: por exemplo, Oslo mostra o menor potencial, pois menos de um quarto da demanda da cidade por eletricidade pode ser atendida através da geração local de energia a partir de fontes renováveis. Outras áreas urbanas também carecem de potencial técnico e social suficiente, incluindo a Ilha de França (Paris), Dublin e Berlim. Mas essas cidades poderiam alcançar a autarquia da eletricidade, cooperando com as regiões vizinhas para formar regiões metropolitanas autossuficientes. O estudo também mostra, no entanto, que a busca pela autarquia local pode concentrar a geração de eletricidade em áreas já densamente povoadas – um resultado que pode ou não ser desejável e quais regiões precisam ser consideradas.
“Em última análise, é um ato de equilíbrio entre a autossuficiência e o uso local mais intensivo da terra, por um lado, e a aceitação das importações, juntamente com uma maior cooperação com outros municípios, regiões e países da Europa, por outro”, diz Tröndle. Mas, em princípio, é possível uma autossuficiência 100% de eletricidade renovável em todos os níveis administrativos, do continental ao regional e, frequentemente, até no nível municipal, especialmente se os mecanismos de comércio de eletricidade entre regiões e países puderem ser estabelecidos. (ecodebate)

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Itaipu atinge novo recorde mensal de produtividade

Binacional apresentou ganhos de performance em agosto, obtidos pela preferência de operação das unidades geradoras em sua faixa de maior rendimento durante a maior parte do tempo.
O volume de energia gerado pela hidrelétrica de Itaipu em agosto deste ano superou o recorde registrado em julho, configurando o melhor mês de produtividade da binacional. Foram obtidos 1,1003 megawatts médios por metro cúbico de água por segundo, ante 1,0997 MWmed/m³/s aferidos no mês anterior. Segundo Itaipu, a produtividade de julho havia sido arredondada de 1,0997 MWmed/m³/s para 1,100 MWmed/m³/s. No entanto, para efeito comparativo com a de agosto, foi necessário utilizar mais uma casa decimal, deixando clara a ligeira superioridade do último mês: 1,1003 MWmed/m³/s contra 1,0997 MWmed/m³/s.
O recorde ocorre em um cenário bastante difícil para a produção de energia, mas o aproveitamento hídrico tem sido praticamente total. O índice de produtividade identifica a quantidade de energia que é produzida com um mesmo volume de água que passa pela turbina. Portanto, quanto maior o número mais energia se produz com a mesma água disponível. Em meses com poucas afluências, como tem sido o caso, este índice elevado é ainda mais significativo.

O diretor técnico executivo, Celso Torino, explica que os ganhos de performance estão sendo obtidos dando-se preferência para operação das unidades geradoras em sua faixa de maior produtividade durante a maior parte do tempo. Segundo ele, essa é a chamada faixa ótima de operação e inclui o ponto ótimo de operação, aquele valor único de potência que tem o maior rendimento possível. “Este ponto ótimo é variável ao longo do dia, conforme ocorre a mudança no valor da queda bruta de água (diferença entre a altura do reservatório, a montante, e o Rio Paraná, a jusante)”.
A faixa ótima de operação tem pequena diferença de performance em relação ao ponto ótimo e apresenta, em todos seus valores de produção, pelo menos seis vezes mais eficiência que o mínimo ou o máximo de operação de cada unidade geradora. Em 03/09/19, por exemplo, a faixa encontrava-se entre 560MW e 690MW.

A busca pelo melhor desempenho no processo de produção de energia ocorre desde a etapa de programação, na tentativa de atender os valores de energia solicitados por Eletrobras (por meio do Operador Nacional do Sistema – ONS) e Ande (empresa pública que opera os sistemas de geração e transmissão de energia no Paraguai) com a quantidade de unidades geradoras que estejam na faixa ótima de operação. Isso tudo mantendo, ao longo do dia, o número adequado de unidades geradoras ligadas para essa produção. Desta forma se obtém o menor consumo de água.

Para tanto, os ajustes são feitos pelos programadores da binacional, com ajuda do sistema ProgE, que indica a faixa ótima e qual a correção deve ser feita para atingir tal resultado. O sistema foi desenvolvido pela equipe de programação energética da Divisão de Programação e Estatística da usina. Negocia-se então com as entidades compradoras para permanecer nestes valores. Eventualmente, uma pequena troca de produção entre setores, do setor 50Hz para o 60Hz ou o inverso, pode resultar em maior eficiência sem alterar a quantidade de energia produzida.
Bom aproveitamento de água turbinada, menos abertura do vertedouro.

Com menor gasto de água há um ganho de queda, contribuindo também para a maior a eficiência do processo. Na execução em tempo real da produção toma-se o cuidado para que as novas correções e reprogramações que ocorrem também estejam alinhadas com a maior eficiência, adequando o ponto de produção e mantendo a filosofia de todo o processo. “Estes ajustes finos no ponto de operação só são possíveis pela alta confiabilidade e disponibilidade de todos os equipamentos da usina, fruto do projeto robusto e que conta com manutenção correta, eficaz e pontual”, afirma o diretor-geral brasileiro de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna. (canalenergia)

Usinas Hidrelétricas reversíveis e outras considerações

Usinas Hidrelétricas reversíveis pelo mundo e outras considerações.
As usinas hidroelétricas reversíveis – UHR´s, denominadas “baterias de água” do mundo, são responsáveis por 95% da capacidade global instalada de armazenamento de energia e agregam diversas vantagens, tais como custos durante a vida útil, níveis de sustentabilidade e escala de capacidade. Segundo o “United States Department of Global Energy Storage” existem atualmente cerca de 184 GW de capacidade instalada mundial de usinas reversíveis, suportando a estabilidade dos sistemas elétricos e reduzindo os custos operacionais destes sistemas, inclusive suas emissões de gases de efeito estufa. A operação e a tecnologia das UHR nestes últimos anos vêm sendo adaptadas para lidar com as alterações necessárias aos sistemas elétricos, provocadas pela inserção crescente das energias renováveis. O sucesso das fontes renováveis está causando importantes mudanças nos sistemas elétricos em todo o mundo. Ocorrendo baixos níveis de penetração de renováveis, as flutuações no suprimento de energia podem ser gerenciadas com eficácia, estando os geradores convencionais existentes aptos a prover os serviços necessários ao equilíbrio dos sistemas. Entretanto, na medida em que a inserção das renováveis continua a crescer,  em alguns sistemas pode ocorrer o mau funcionamento dos geradores convencionais restando aos operadores enfrentar o desafio de gerenciar eficazmente a crescente variabilidade. Por esta razão tanto o planejamento como as operações dos sistemas elétricos precisam ser adaptados e otimizados para adicionar “flexibilidade” aos mesmos. Flexibilidade é um dos termos utilizados para referenciar a capacidade dos sistemas elétricos de poderem manter um serviço ininterrupto quando experimentam grandes e rápidas alterações de suprimento ou de demanda, independentemente da causa. Esta flexibilidade nos sistemas elétricos pode ser alcançada através de quatro pilares principais:
a)     Suprimento flexível de energia – através de turbinas a gás e hidroelétricas capazes de iniciar operação rapidamente com geração despachável ajustável;
b)     Demanda flexível – quando os consumidores são incentivados a ajustar suas demandas de acordo com os requisitos do sistema como, por exemplo, pela resposta de demanda;
c)     Interconexões com sistemas elétricos adjacentes – expandindo essencialmente a área de atuação na qual suprimento e demanda possam ser equilibrados, quando está distante a conexão com geradores flexíveis; e,
d)     Armazenamento de energia – para equilibrar suprimento e demanda.
Apresenta-se a seguir uma comparação das formas de armazenamento de energia elétrica e térmicas atualmente existentes, registrando-se que as usinas reversíveis - UHR´s constituem a tecnologia mais comercializada pelo mundo.
Figura 1 – Grau de Maturidade e de Comercialização das Tecnologias de Armazenamento
As usinas hidroelétricas convencionais tradicionalmente têm suprido a geração flexível, da mesma forma que o armazenamento de energia em grande escala, armazenando água em reservatórios, quando a geração é reduzida, para acomodar o excesso das energias variáveis. Este tipo de usina conseguiu suprir ao longo dos anos a flexibilidade necessária para os sistemas elétricos, através da geração modulada, em linha com as flutuações da demanda. Quando a geração é reduzida para acomodar o excesso das energias variáveis o reservatório destas usinas atua como um armazenamento. Geralmente as hidroelétricas convencionais possuem grande potencial de manutenção da flexibilidade, mesmo com rápidas elevações potenciais de demanda. No restante do mundo e em particular no Brasil, o armazenamento através dos reservatórios do país reduziu-se drasticamente de 4 meses para 2,5 meses na ultima década, em virtude das transformações climáticas mundiais causadas essencialmente pelo crescimento das emissões de gases de efeito estufa. As Usinas hidroelétricas reversíveis – UHR´s têm, entretanto a habilidade adicional de absorver o excesso de geração. Desde 1960, sua tecnologia e operação vêm sendo adaptadas para a crescente evolução dos sistemas elétricos, oferecendo nos dias atuais uma variação mais ampla para equilíbrio dos mesmos, bem como serviços ancilares. Estas adaptações envolvem principalmente turbinas-bomba com velocidade variável. Suprindo a flexibilidade indispensável ao sistema, possibilitam a regulação de potencia e o ajuste de cargas quando no modo de bombeamento, ao contrario das unidades convencionais de velocidade fixa. As vantagens das maquinas da velocidade variável sobre as de velocidade fixa, encontram-se na sua maior amplitude, melhor eficiência e tempo de resposta mais rápido, podendo ainda ajustar o consumo de energia quando operando no modo bombeamento, assegurando melhor controle de frequência. Relativamente ao tipo de UHR a ser utilizado, de acordo com as características especificas topográficas e hidráulicas do local selecionado, pode-se selecionar 3 diferentes concepções básicas para o equipamento eletromecânico ( turbina reversível):
a) Unidades Ternárias: na fase inicial da tecnologia das usinas reversíveis, devido às limitações impostas pelas quedas máximas, as unidades eram projetadas separadamente para a bomba e a turbina, cada qual conectada ao motor-gerador. Assim, a unidade era constituída por três partes principais: motor-gerador, bomba ( usualmente com múltiplos estágios) e a turbina ( geralmente Pelton), possibilitando a operação em altas quedas. Suas desvantagens: alto investimento inicial, trabalho subterrâneo adicional, condutos separados para as turbinas e bombas, bem como equipamentos eletromecânicos adicionais.
b) Unidades turbina-bomba reversíveis síncronas: a concepção ternária inicial foi logo substituída pelas unidades reversíveis síncronas, a não ser para as altas quedas. Estas máquinas operam com velocidade constante e pode passar facilmente do “modo” bombeamento para o “modo” geração. São mais econômicas, pois requerem menores espaços. A passagem de um “modo” para outro requer, entretanto algum tempo uma vez que a direção de rotação deve ser alterada. Outro inconveniente deve-se a que as eficiências das operações da turbina e da bomba não se encontram no mesmo ponto, isto é, estes valores não podem ser maximizados simultaneamente para a bomba e a turbina, resultando em menores eficiências para um dos “modos”.
c)Unidades turbina-bomba reversíveis assíncronas com velocidade variável : Estas máquinas constituem o tipo mais moderno de UHR, caracterizadas pela velocidade ajustável no “modo” de bombeamento. Devido a sua maior amplitude de opções de regulação, estas máquinas estão cada vez mais populares apesar de apresentarem custo de 20 a 30% superior às de velocidade constante. Atualmente já é pratica comum a inclusão nos projetos de algumas máquinas assíncronas, possibilitando assim suporte e flexibilidade instantâneos para os sistemas.
Os principais parâmetros para a implantação são: alturas geograficamente compatíveis entre os reservatórios bem como disponibilidade de água. Os locais mais propícios   para posicionamento vão se encontrar provavelmente em regiões mais montanhosas e de beleza cênica, podendo possivelmente originar questões ambientais de natureza social e ecológica a serem adequadamente administradas e solucionadas. Não obstante às potenciais dificuldades para implantação de UHR´s, um considerável número de países já instalou centenas de UHR´s sendo que  23 deles implantaram 68 destas usinas com capacidade instalada superior a 1000 MW, como: EE.UU - 10, China - 18, Japão - 14, Austrália - 1, França - 1, Espanha - 2, Reino Unido - 1,Taiwan - 2, Suíça - 1, Bulgária - 1, Índia - 1, África do Sul - 1, Itália - 3, Luxemburgo - 1, Rússia - 1, Bélgica - 1, Alemanha - 1, Irã - 1 ,Áustria - 1, Coreia do Sul - 1, Ucrânia - 2 e Indonésia - 1.
Vê-se que o Brasil já está bem defasado do primeiro mundo em termos de armazenamento de energia elétrica! A maior UHR atualmente existente encontra-se nos EE.UU, Bath Country, com 3003 MW, entretanto, até 2021 a China completará a implantação do Projeto Fengning com incríveis 3600 MW, passando a figurar no primeiro lugar. A seguir alguns dados sobre os países com maior armazenamento de energia , bem como dados gerais da maior UHR do mundo, em fase final de implantação.
Figura 2 – Os 10 Países de Maior Capacidade Instalada de Armazenamento de Energia Elétrica.
Figura 3 – Antevisão da Usina Reversível de Fengning - China - 3600 MW
Reservatório superior: 48.830.000 m3
Reservatório inferior: 66.150.000 m3
Queda: 425m
Potencia Instalada: 12x300MW- Turbinas- Bomba Francis com velocidade variável, 3600 MW
Fabricação: Andritz
Inicio de construção: 2013  
Operação: A partir de 2019 até 2021
Fase 1 – 6x300 MW
Fase 2 – 6x300 MW
Custo: US$ 1,87 bilhões
Geração Anual: 3.424 TWh
O armazenamento de energia e as UHR´s serão decisivos na aceleração dos enormes esforços globais voltados para as metas da mitigação climática e do desenvolvimento sustentável, estabelecidas respectivamente em 2015, nas Conferências de Paris e Nova York. Em seu recente relatório especial referente aos impactos do aquecimento global, o painel intergovernamental para as mudanças climáticas salientou que a redução das emissões para alcançar o limite estabelecido de 1,5 graus centigrados demandará rápidas decisões de longo alcance em toda a economia mundial. Segundo o Painel, existem caminhos para alcançar tal meta, mas todos eles compartilham característica semelhante, ou seja, emissões de gases de efeito estufa aproximando-se de zero, com as energias renováveis representando a maior parte do suprimento futuro de eletricidade. O relatório apresentado enfatiza ainda os recursos para flexibilização dos sistemas elétricos como facilitadores para o desenvolvimento acelerado das energias renováveis. A característica principal das UHR consiste em equilibrar a natureza variável das energias eólica e solar, suprindo energia confiável em grande volume, em função da demanda, durante períodos sustentáveis, evitando a necessidade de sua restrição durante os períodos de geração excessiva. Como as fontes renováveis continuam a desalojar a geração despachável através de combustíveis fósseis, a flexibilidade dos sistemas elétricos torna-se uma ferramenta crucial para evitar interrupções para os consumidores, bem como variações extremas de preços pela sua volatilidade. Quanto à eficiência das UHR, considerando-se as perdas por evaporação da superfície exposta da água, bem como as perdas no sistema de conversão (turbina-bomba e motor-gerador), estima-se poder ser alcançada uma recuperação de energia da ordem de 70%-80% ou até mais, segundo alguns autores. A densidade energética das UHR necessita de vazões significativas e ou de grande diferença de nível entre os dois reservatórios para a obtenção de volumes significativos de armazenamento. Para armazenar grandes quantidades de energia é imprescindível a obtenção de um grande corpo de água, localizado relativamente próximo e em altitude tanto maior quanto possível do segundo corpo de agua.
Figura 4 – Concepção Geral de uma Usina Reversível - UHR
A seguir apresentam-se custos estimados de UHR´s de acordo com a experiência europeia e em função da etapa de projeto.
Figura 5 – Custos Específicos de URH´s em milhões de Euros / MW
Segundo a Ilha–International Hydropower Association, até 2030 estima-se que a capacidade instalada mundial de UHR será incrementada em cerca de 78000 MW, com a maior parte desta expansão acontecendo na China (cerca de 50000 MW). O maior motivador para esta expansão na China é a crescente necessidade de maior flexibilidade nos seus sistemas elétricos, principalmente com a finalidade de reduzir os cortes das energias variáveis. As mudanças regulatórias em 2015 na China, colocaram entretanto a responsabilidade pelas UHR´s com os operadores dos sistemas de transmissão, ao invés das companhias de geração. Assim, o crescimento das reversíveis tem sido supervisionado pelas 2 maiores empresas de transmissão da China, State Grid Corporation of China e China Southern Grid.
Figura 6 – Incrementos da Capacidade Instalada de UHR entre 2018 e 2030
Na Europa, a capacidade instalada das UHR foi estimada até 2030 com um crescimento modesto, entre 8000 MW e 11000 MW, também motivadas pela necessidade da obtenção de maior flexibilidade para os sistemas, devido aos problemas causados pelo crescimento das energias variáveis. Entretanto, em alguns países as barreiras para o crescimento das UHR encontram-se na incerteza de retorno financeiro como acontece nos longos casos de arbitragens de energia, bem como na incerteza de retorno compensatório pelo fornecimento de capacidade de carga, equilíbrio do sistema e fornecimento de serviços ancilares, pela falta de uma regulamentação específica. Os maiores incrementos na Europa no período 2018-2030 estão previstos para a Suíça, Áustria, Reino Unido, Portugal e França bem como alguns projetos prospectivos na Romênia, Irlanda e Ucrânia os quais provavelmente terão prosseguimento. As incertezas acima referenciadas constituem essencialmente o caso do Brasil! As autoridades do setor elétrico já estão conscientizadas para o valor desta tecnologia, mas, entretanto, torna-se fundamental a rápida criação da legislação e regulamentação pertinentes, disciplinando técnica e comercialmente o fornecimento dos seus diversos produtos e dos serviços ancilares: regulação de carga, regulação de frequência, capacidade de reserva, suporte de tensão, blackstart, etc. (linkedin)

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Burger King faz parceria para construir usinas fotovoltaicas

Burger King fecha parceria para construção de cinco usinas fotovoltaicas.
Contrato com a H2energy prevê 6,5 MW para abastecer restaurantes da rede em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a partir de julho de 2020. Energia limpa deve reduzir emissão de 270 mil toneladas de gás carbônico das lojas.
O Burger King, um dos maiores operadores de fast-food no país, fechou contrato com a empresa H2energy para o desenvolvimento de cinco usinas de geração de energia a partir de painéis fotovoltaicos. Os empreendimentos serão construídos em São Paulo, Rio de Janeiro e em Brasília, totalizando 6,5 MW de potência para abastecer lojas da marca com energia limpa e renovável, a partir de julho de 2020.
A energia que será gerada pelas cinco UFVs equivale ao consumo médio de mais de 5 mil residências e representam redução de 270.000 toneladas no volume de emissão anual de gás carbônico. Além disso, a rede também possuí outras iniciativas que promovem a sustentabilidade. Desde o ano passado, por exemplo, a marca oferece canudos biodegradáveis feitos de papel aos consumidores, retirou a tampa de plástico de suas bebidas e implementou um programa de reciclagem de óleo e reutilização de água em seus restaurantes.
Iuri Miranda, CEO do Burger King do Brasil, afirmou que o compromisso com o meio ambiente é parte da responsabilidade da marca e que a mesma busca investir cada vez mais em inovações que possam “reforçar a importância da sustentabilidade para a proteção do nosso planeta e para essa e as próximas gerações”.
Para João Paulo Éboli, diretor geral da H2energy, a parceria com a rede de fast food é um grande exemplo do modelo de negócio de geração distribuída criado pela empresa com um objetivo primordial: “estimular a redução de dependência brasileira em energias não-renováveis e de alto prejuízo ao meio ambiente”, comenta.
“Isso se dá de forma perfeitamente alinhada às estratégias do mercado, e é de extrema relevância que empresas do porte do Burger King liderem iniciativas como essa”, complementa o executivo. (canalenergia)

Consumo de biodiesel alemão cresce e empata com o de 2018

Alemanha: consumo de biodiesel em 2019 cresce e empata com o de 2018.
Depois de um escorregão no primeiro trimestre, o mercado de biodiesel da Alemanha voltou a engrenar. Segundo dados divulgados pelo Escritório Federal de Assuntos Econômicos e Controle de Exportações (Bafa, na sigla original), entre os meses de abril e junho os motoristas alemães consumiram o equivalente a 636,8 milhões de litros de biodiesel e de óleo vegetal hidrotratado (HVO). (biodieselbr)

domingo, 22 de setembro de 2019

Energia solar no Brasil alimenta mais de 100 mil casas e empresas

Energia solar alimenta mais de 100 mil casas e empresas no Brasil.
Economizar na conta de luz com energia solar já é uma realidade para 101.999 brasileiros que ingressaram no segmento de geração distribuída (GD).
Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que em 2012 promulgou as regras da GD através de sua Resolução Normativa 482.
Distribuídos entre sistemas de micro e minigeração, os geradores solares fotovoltaicos abastecem empresas, agronegócios e, principalmente, residências.
Mais de 73% dos sistemas fotovoltaicos conectados no país são residenciais, enquanto os telhados solares comerciais ganham em potência instalada, com 41,5% do total.
A economia de até 95% na conta de luz é o maior atrativo para esses consumidores, que recebem em créditos a energia injetada na rede pelo seu sistema.
É essa vantagem que impulsiona a tecnologia no país e levou ela a atingir a marca histórica de 1 Gigawatt (GW) instalado no começo de agosto.
E o crescimento em 2019 continua forte. Foram 35.262 conexões somente no primeiro semestre, mais de 90% do total instalado em 2018.
Na mesma proporção dos sistemas, crescem também as empresas e profissionais para trabalhar com energia solar.
Foram 15,6 mil vagas de empregos geradas no setor solar fotovoltaico em 2018, segundo os dados da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA, na sigla em inglês).
A maioria delas estão no segmento distribuído, que emprega profissionais graduados e técnicos para trabalhar com os projetos e instalações dos sistemas.
Cursos de capacitação técnica também se multiplicam pelo país, muitos deles oferecidos por empresas integradoras que acabam absorvendo os novos trabalhadores.
E as perspectivas são boas para quem busca uma chance no setor, com 15 mil novas vagas projetadas para 2019, segundo a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).
Desde a sua criação, a geração distribuída no Brasil já trouxe mais de R$5,2 bilhões de investimentos ao país. (ecodebate)

Italianos criam telha que já vem com placas solares

A invenção é uma alternativa aos painéis fotovoltaicos tradicionais, que são grandes e pesados.
As empresas italianas Area Industrie Ceramiche e REM desenvolveram a Tegola Solare, uma telha cerâmica com células fotovoltaicas integradas. É uma alternativa sustentável que não atrapalha a estética original das telhas, como acontece muitas vezes com os painéis fotovoltaicos tradicionais, que são grandes e pesados.
Cada telha tem quatro células que transformam a luz solar em energia elétrica, e a fiação fica logo embaixo do telhado.
A invenção pode gerar cerca de 3 kW de energia em uma área instalada de 40 m², o que já seria capaz de suprir as necessidades energéticas da residência.
As telhas fotovoltaicas são mais caras do que as placas convencionais, mas sua instalação é feita como a de qualquer outro telhado.
Italianos criam telhas que já vem com placas solares. (casadasustentabilidade)

Projeto de "sol artificial" chinês pode mudar nossa relação com a energia

Homem trabalha dentro de um reator de fusão nuclear HL-2M Tokamak, apelidado como o "sol artificial", em construção em Chengdu, província de Sichuan, China.
'Sol artificial' chinês bate recorde e supera várias vezes a temperatura da Estrela-mãe.
O reator experimental de fusão nuclear chinês EAST (Experimental Advanced Superconducting Tokamak, na sigla em inglês), conhecido como "sol artificial", alcançou mais de 100 milhões de graus centígrados no plasma do núcleo, informaram cientistas chineses.
A temperatura recorde foi registrada durante o experimento de 4 meses realizado neste ano, segundo pesquisadores dos Institutos de Ciências Físicas de Hefei da Academia de Ciências da China.
O EAST é um reator para obter energia de fusão nuclear, imitando a maneira como o Sol gera seu enorme poder de calor e luz.
Em comparação com o "sol" chinês, o núcleo da estrela de nosso Sistema Solar possui uma temperatura muito menor, cerca de 15 milhões de graus Celsius.
Centro de voos espaciais Goddard da NASA.
Com este reator, a China visa estudar a fusão nuclear para poder um dia utilizá-la como fonte de energia alternativa. Ao contrário das usinas de energia nuclear que usam urânio, a fusão nuclear não produz qualquer tipo de resíduos radioativos.
O "sol artificial" não é a única invenção dos chineses nesta área. Em outubro, foi informado que a cidade de Chengdu, na província de Sichuan, elaborou um ambicioso plano para lançar ao espaço em 2020 uma "lua artificial" que iluminará as ruas à noite, substituindo a iluminação pública.
Muito além da 'bugiganga': China é principal fonte de produtos tecnológicos para o Brasil. (sputniknews)

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Porque o Brasil não precisa de energia nuclear

Os atuais padrões de produção e consumo de energia estão apoiados nas fontes fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) que geram emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em risco o suprimento do planeta em longo prazo, por serem finitas. É preciso mudar esses padrões, incentivar a economia de energia e estimular o uso das energias renováveis (solar, eólica e biomassa), sem gerar danos socioambientais. Nesse sentido, o Brasil apresenta uma condição bastante favorável em relação ao resto do mundo.
Não existe uma fonte de energia que só tenha vantagens. Não há energia sem controvérsia, mas a nuclear, pelo poder destruidor que tem qualquer vazamento de radiação, não deve ser utilizada para produzir eletricidade.
Fica evidenciado que, desde 2005, a indústria nuclear intensificou seu agressivo lobby em diversos países da América Latina com forte influência nos setores legislativos e da política energética, tentando impor a implantação de usinas, sob o falso argumento de que a energia nuclear é uma fonte “limpa”, segura e contribui para evitar o aquecimento global.
Com a retomada discutível e equivocada do Programa Nuclear Brasileiro, direcionado a finalizar as obras de construção de Angra 3, e os planos do Ministério de Minas e Energia de instalar no Nordeste usinas nucleares – a região do Brasil com maior potencial eólico e solar – nada mais atual que discutir as razões contrárias à instalação de usinas nucleares no território nacional.
A opção nuclear para geração de energia elétrica no Brasil e no Nordeste, em particular, não permite resolver os atuais problemas energéticos, e contribuir para com outros problemas sem solução à vista.
A seguir são apresentadas, sucintamente, as razões para rejeitar as usinas nucleares, vistas sob os seguintes aspectos:
– segurança energética,
– econômico,
– ambiental,
– social,
– riscos,
– proliferação e militarização nuclear,
– sustentabilidade energética,
– democracia.
Segurança energética
A segurança energética é um fator prioritário para o país e aumentará com a diversificação da matriz energética. Do ponto de vista da produção de energia, segundo a Empresa de Planejamento Energético-EPE, o país tem folga no abastecimento, podendo suprir as necessidades de energia elétrica, com as atuais taxas previstas de crescimento. Portanto é puro oportunismo, criar uma relação direta entre os apagões que ocorreram, com a necessidade da instalação de usinas nucleares para evitá-los. Como se os atuais apagões fossem decorrentes do desabastecimento, e novamente repetiríamos 2001/2002. Os defensores desta tecnologia associam enganosamente a instalação das novas usinas nucleares como solução aos apagões, que são ocorrências recorrentes do próprio modelo mercantilista empregado no país.
O fundamento principal para a construção de novas usinas de geração é de que existe uma previsão de crescimento da economia (sem que se questione a natureza do crescimento) e de que, em função disso, há necessidade de se ofertar mais energia para atender a esta demanda, construindo novas usinas.
Projeções do consumo futuro de energia dependem do tipo de desenvolvimento e crescimento econômico que o país terá. Existem vários questionamentos sobre os cálculos oficiais que apontam para taxas extremamente elevadas de expansão do parque elétrico brasileiro para atender a uma pretensa demanda. O que essa previsão esconde é o fato de praticamente 30% da energia elétrica ofertada pelo país ser consumida por seis setores industriais: cimento, siderurgia, produção de alumínio, química, o ramo da metalurgia que trabalha com ferro e papel/celulose – 30% somente para seis setores. São exatamente eles que puxam o consumo da energia elétrica para cima, os chamados setores eletro intensivos. Precisamos urgentemente discutir: energia para quê? Para quem? E como produzir?
Temos de fugir dessa ideia míope de discutir qual a melhor fonte. A melhor fonte de energia é aquela que não é consumida. Não consumir energia significa ter uma política de aumento da eficiência energética, situação da qual estamos muito longe ainda. Os resultados oficiais apresentados nesta área são pífios.
No Brasil, o consumo de energia per capita ainda é pequeno e é indispensável que o consumo de energia cresça para promover o desenvolvimento sustentável. No entanto, nada impede que o uso de tecnologias modernas e eficientes sejam introduzidas logo no início do processo de desenvolvimento sustentável, acelerando com isso o uso de tecnologias eficientes (aquecimento solar da água, eletricidade solar, geradores eólicos, geração distribuída…). Combatendo assim o pensamento de que, para haver desenvolvimento, é preciso que ocorram impactos ambientais, devido à geração, transporte e uso da energia.
A conservação de eletricidade reduz o consumo e posterga a necessidade de investimentos em expansão da capacidade instalada, sem comprometer a qualidade dos serviços prestados aos usuários finais. A eficiência energética é, sem dúvida, a maneira mais efetiva de ao mesmo tempo reduzir os custos e os impactos ambientais locais e globais, garantindo assim, conjuntamente com as fontes solar, eólica e biomassa a segurança energética do país.

Aspectos econômicos
Do ponto de vista econômico, o custo de uma central nuclear de 1.000 MW é enorme, da ordem de 5 bilhões de dólares (R$ 20 bilhões). Geralmente este valor está aquém dos valores finais da obra. Nas planilhas de custos é subestimado (até não levado em conta) os custos de armazenamento dos resíduos, da desmontagem da central após sua vida útil e limpeza de locais contaminados, o reforço da linha elétrica para distribuição, e os serviços de fiscalização e segurança, entre outros. O chamado descomissionamento, representa o custo de desmontagem definitiva e descontaminação das instalações das usinas nucleares após o encerramento das suas operações. É preciso que se tenham garantias absolutas de que esse trabalho será levado a cabo com seriedade, e que as instalações e resíduos das usinas não serão simplesmente abandonados contaminados após o seu fechamento.
Como exemplo do que estamos falando, centrais nucleares que estão sendo planejadas atualmente na Finlândia, já estão custando o dobro do estimado antes do começo da obra. Já nos Estados Unidos, as usinas implantadas entre 1966 e 1986 tiveram, em média, custos 200% acima do previsto.
A história do nuclear mostra que esta sempre foi e continua a ser, mesmo com a nova geração de reatores, uma indústria altamente dependente de subsídios públicos. Isto significa que quem vai pagar a conta da imensa irresponsabilidade de se implantar estas usinas em nosso país, será a população de maneira geral, e em particular os consumidores, que pagarão tarifas cada vez mais caras.
Desde 2005, um dos mais conceituados centros tecnológicos do mundo, o Massachusetts Institute of Technology, tem assegurado que a energia nuclear não é competitiva sem subsídios. Estudos publicados pelos jornais The New York Times e The Financial Times chegaram à mesma conclusão. Outro estudo, publicado pela National Geographic Brasil (agosto 2005) aponta na mesma direção. E mais recentemente a revista britânica New Scientist listou argumentos que desfavorecem a energia nuclear: não sobrevive sem subsídios, os custos para pesquisa e desenvolvimento são altíssimos e também são insuportáveis os custos da disposição do lixo nuclear e do descomissionamento dos reatores, assim como a segurança nas usinas.
Para os brasileiros o maior impacto da instalação de usinas nucleares será nas tarifas. De 2001 a 2010, o aumento acumulado das tarifas de energia chegou a 186%, enquanto no mesmo período o IPCA (índice oficial de inflação do governo) acumulou 86%, segundo a Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia Elétrica (Abrace). Pagamos uma das mais altas tarifas do mundo, e com tendência de aumento. Sem nenhuma dúvida pode-se afirmar que o uso da eletricidade nuclear contribuirá ainda mais para a elevação das tarifas de energia elétrica no Brasil.
Para aqueles que afirmam que o Brasil deve manter-se aberto para todas as possibilidades de aproveitamento na geração e oferta de energia elétrica, a médio e longo prazo, o desvio de recursos públicos para a opção nuclear será um verdadeiro obstáculo ao estabelecimento de políticas de incentivo e promoção de energias renováveis no país. O incentivo garantido às usinas nucleares deveria ser direcionado a outras fontes de geração de energia, muito mais seguras e menos impactantes do ponto de vista socioambiental, como a eólica, solar e a biomassa.
O governo brasileiro mostra mais uma vez que está disposto a bancar a construção de grandes empreendimentos contraditórios e de resultados duvidosos, contrariando interesses divergentes que não tem sido considerado e nem incorporado no processo de negociação e decisão.
No caso de Angra 3, além dos equipamentos obsoletos já adquiridos, a estimativa de custos da obra, que era de R$ 7,2 bilhões em 2008, pulou para R$ 10,4 bilhões até o final de 2010, de acordo com a Eletronuclear. Isso sem contar os R$ 1,5 bilhão já empregados na construção e os US$ 20 milhões gastos anualmente para a manutenção dos equipamentos adquiridos há mais de 20 anos. Hoje se estima ser necessário R$ 15 bilhões de reais para finalizar a obra. Os custos e gastos em usinas nucleares são um sumidouro de recursos públicos, e quem pagará por esta insanidade será o povo brasileiro.

Questão ambiental
Do ponto de vista ambiental é uma meia verdade, afirmações que as centrais nucleares não contribuem para os gases de efeito estufa, e que são “limpas”.
Em operação rotineira, as centrais nucleares pouco agridem o meio ambiente, porém expõem a sociedade ao risco de acidentes que liberam na biosfera produtos de fissão nuclear de alta radioatividade, que podem trazer consequências catastróficas à vida. Embora pequeno, tal risco existe, e não pode ser negligenciado. Ademais, essas usinas não resolveram o problema do que fazer com os rejeitos de alta radioatividade, cuja deposição final demanda pesados investimentos. Estima-se que estes rejeitos tenham que ficar isolados durante milhares de anos.
Na geração da eletricidade nuclear na usina a produção de CO2 é pequena, mas se levarmos em conta o conjunto de etapas do processo industrial (chamado ciclo do combustível nuclear), que transforma o mineral urânio, desde quando ele é encontrado nas minas em estado natural até sua utilização como combustível dentro de uma usina nuclear, quantidades consideráveis de gases de efeito estufa são produzidas. Portanto, se levarmos em conta todo o ciclo para preparar o combustível nuclear que será “queimado” nas centrais, pode-se afirmar que esta fonte energética é uma importante fonte de emissões, que são produzidas na prospecção do mineral, na extração e no transporte de urânio, no transporte dos resíduos para processamento ou armazenagem e no futuro descomissionamento. Além das elevadas emissões de carbono, esse ciclo gera resíduos tóxicos altamente radioativos e contribui com agressões ambientais.
Além de uma central nuclear consumir elevados volumes de água para sua refrigeração, tendo sua instalação obrigatoriamente de ser próxima a grandes recursos hídricos (rios, mares…).
Vários estudos científicos têm mostrado que o ciclo do urânio é um grande consumidor de energia e um forte emissor de CO2. O estudo americano Nuclear Power: The Energy Balance (2005), que compara as emissões de CO2 analisando o ciclo de vida de uma central nuclear e de uma central a gás natural (com uma potência equivalente), conclui que, no longo termo, com o decréscimo da qualidade das reservas de urânio, a eletricidade nuclear provoca muito mais emissões que o gás natural consumido na termoelétrica.
O cálculo que faz a Oxford Research Group chega a 113 gramas de CO2 por kWh gerado. Isso é aproximadamente o que produz uma central a gás. Existe um mito, um afã de descartar, cortar e mostrar de maneira parcial a realidade desta fonte de energia.
Já de acordo com a metodologia de Storm e Smith para o cálculo de emissões, o ciclo de geração por fontes nucleares emite de 150 a 400 g CO2/kWh, enquanto o ciclo para geradores eólicos emite de 10 a 50 g CO2/kWh.
Segundo dados da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considerando a mineração do urânio, o transporte, o enriquecimento, a posterior desmontagem da usina e o processamento e confinamento dos rejeitos radioativos, esta opção produz entre 30 e 60 gramas de CO2 por kWh gerado.
Verifica-se então grande contradição nos números relacionados às emissões, e que existem dúvidas sobre a capacidade de emissão de gases de efeito estufa, ao utilizar o urânio para gerar eletricidade. Creio que neste caso o aconselhável seja uma ação preventiva, de não utilização desta fonte de energia.
No caso brasileiro, embora a extração do minério utilizado pelas usinas ocorra em território nacional, o urânio vai para a Europa, onde é enriquecido. Reparem que só nos deslocamentos, terrestre e marítimo, não só existe a emissão de gases provenientes do transporte e do consumo de energia, mas também um grande risco da exposição dos materiais radioativos, ao realizarem viagens intercontinentais.
Aspectos sociais
É comum os defensores da tecnologia nuclear mencionarem com destaque, o impacto revolucionário que um empreendimento de R$ 20 bilhões, pode representar na economia local. Do ponto de vista da empregabilidade e dos ganhos financeiros para o município-estado que abrigar a usina nuclear, há uma falsa retórica de que os investimentos automaticamente favorecerão os moradores do entorno das instalações.
É bom lembrar aos desavisados que os vendedores da usina atômica são responsáveis pelo fornecimento do sistema de abastecimento de vapor, chamado Nuclear Steam Supply System (NSSS), e pelo layout da planta, o que representa aproximadamente 20% do custo total do capital. Os custos restantes são despendidos na contratação de empresas de engenharia e arquitetura e em fornecedores de sistemas e componentes.
A ausência de companhias com capacidade de projeto, fabricação e prestação de serviços de engenharia na região, ou mesmo no país, acaba exigindo a contratação de empresas do exterior e a realização de importações. Em geral, isso resulta em negociações que consomem tempo, extensões de prazos de entrega, dificuldades com a qualidade, transporte de equipamentos e outros problemas similares. Isso explica porque alguns vendedores de usinas têm procurado expandir suas responsabilidades para 50% ou 60% do orçamento total da obra, a fim de ter maior controle sobre a execução da usina.
Portanto não acreditem nestes benefícios mágicos trazidos “pelo progresso” representado por uma usina nuclear. Como exemplo, a construção de Angra 1 chegou a ter 11 mil homens trabalhando no período de maior movimentação da obra. Eles trouxeram também suas famílias e isso gerou um contingente humano imenso que a cidade teve que abrigar. Muita gente veio de outros estados. E se instalou o caos urbano sem que a cidade de Angra dos Reis pudesse atender os que chegavam com os serviços básicos. A migração desordenada em grandes obras no país é uma realidade incontestável.
Assim, acreditar que a mão de obra utilizada na construção e gerenciamento de uma usina nuclear no Brasil/Nordeste sejamão de obra da região, e que os royalties provenientes da usina serão maciçamente aplicados em ações sociais e ambientais, é a mesma coisa que crer em Papai Noel, Saci-Pererê, Mula sem Cabeça e tantas outras figuras do imaginário popular.
Em comparação com a tecnologia eólica ou solar, a energia nuclear cria poucos empregos. Energias renováveis empregam trabalhadores locais para a construção e para a manutenção. Os empregos são criados localmente e ficam no local, por isso as comunidades ganham.
Riscos
Atualmente são feitas afirmativas peremptórias de que as usinas nucleares apresentam alto grau de excelência tecnológica, como principal fator de garantia da segurança e o aumento da confiabilidade. Há uma tentativa de tranquilizar as pessoas, afirmando que a evolução tecnológica dos últimos 30 anos levou as usinas nucleares a se modernizarem e serem praticamente imunes em relação a acidentes. São citadas nos discursos “de perigo zero” as novas usinas que estão em estudos, chamadas de 4ª geração, que utilizam o conceito de “falha para a segurança”.
Afirmam que nestas usinas, quando ocorrem falhas de operação, estas são corrigidas, levando a uma condição mais segura do que a anterior. A correção das falhas seria automática, sem requerer necessariamente a intervenção dos operadores. Como se isto bastasse e fosse suficiente para impedir acidentes. É só verificar e comparar, que mesmo com os enormes avanços tecnológicos da indústria aeronáutica, acidentes ocorrem, como foi o caso do Airbus 330-200 da Air France/AF 477, pérola da indústria aeronáutica nos quesitos automatização e segurança.
E, mais recentemente, terremoto, seguido de tsunami, atingiu usinas nucleares no Japão, as mais seguras do mundo. Houve vazamento de radiação de um reator do complexo nuclear de Fukushima Daiichi, ao norte de Tóquio (250 km), após uma explosão ter arrebentado o telhado da instalação depois do grande terremoto (11/03/2011), com vazamento de radiação. Os efeitos imediatos deste acidente nuclear, anunciados oficialmente  foram de 160 pessoas contaminadas pela radiação, e 170.000 retiradas do entorno do reator, com uma área de exclusão que foi aumentando de 3 km, passando a 10 km e atualmente a 20 km de raio em torno do reator acidentado.
Sem dúvida a segurança das usinas nucleares teve avanços importantes, mas, seu relativo controle é suscetível a fatores humanos e da natureza. Não podemos apagar dos arquivos da memória, acidentes nucleares ocorridos nos últimos anos. Em Three Mile Island, na Pensilvânia – Estados Unidos (1979), e em Chernobyl, na Ucrânia, (1986). Nos dois casos, os acidentes foram causados por falhas que provocaram um superaquecimento no reator e vazamento de material radioativo para a atmosfera.
Sempre há um risco de contaminação com radiação, independente se a usina nuclear funciona perfeitamente com um bom sistema de segurança. Emissão de isótopos radiativos de césio e estrôncio sempre acontece. Isso é uma contaminação “normal”, conhecida na linguagem internacional como contaminação “standard” das usinas nucleares. Acidentes com vazamento de radioatividade já aconteceram em várias usinas nucleares no mundo. A população sofre mais tarde de doenças graves como leucemia, aumentando o nível de mortandade. Além da contaminação do lençol freático e das terras se tornarem impróprias ao plantio e criação de animais.
E mais: parte do lixo nuclear produzido na usina precisa ser depositado de forma totalmente isolada do meio ambiente por um tempo que pode chegar a mais de 240 mil anos. E até agora a tecnologia para garantir isso de forma perfeita ainda não existe.
A radioatividade dos resíduos do urânio processado nas centrais é muito elevada, com graves riscos para a saúde pública durante dezenas a centenas de milhares de anos. Ainda não foi encontrada uma solução satisfatória para o tratamento dos resíduos, hoje armazenados em locais temporários. Este é um pesado legado para as gerações futuras.
E, infelizmente, mesmo o controle rigoroso na operação da usina e em todo processo produtivo do elemento combustível não nos livra de outros tipos de risco como roubo de rejeitos radioativos, ataques terrorista, terremotos, falhas humanas e mecânicas. As consequências de um acidente nuclear são desastrosas, afetando a presente e futura geração.
A nova geração de reatores nucleares em construção na Finlândia (Olkiluoto 3) e na França (Flamanville 3), apresentados como a vanguarda do renascimento do nuclear, têm registrado uma série de atrasos, derrapagens orçamentais e problemas técnicos de segurança. Na Finlândia, o prazo de conclusão da central foi adiado por dois anos e os custos de construção quase que duplicaram para um valor de R$ 11,5 bilhões, com várias falhas na construção a implicar potenciais riscos de segurança. Na França, os problemas são semelhantes. Agência de Segurança Nuclear francesa já mandou parar a construção por vários problemas técnicos de segurança registrados.
Até agora não se tem notícias de que algum acidente em usinas de geração de energia tenha tido proporções semelhantes a Chernobyl e a Fukushima. Ainda que Itaipu fosse destruída, e a maior parte da Argentina fosse por água abaixo, não ficariam sequelas em gerações sucessivas a exemplo do que ocorreu na Ucrânia e no Japão.
Outro fator de extrema preocupação, descrito no Relatório sobre Fiscalização e Segurança Nuclear da Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados (2006), é que o Estado brasileiro está longe de ter a estrutura necessária para garantir a segurança das atividades e instalações nucleares. Nesse documento, são apontadas graves falhas na segurança em radioproteção, no controle, fiscalização e monitoramento do setor nuclear. Vale lembrar que, em setembro de 2019 a contaminação pelo Césio-137 em Goiânia, que vitimou milhares de pessoas completará 32 anos.

Proliferação e militarização nuclear
No Brasil, historicamente, a relação entre o uso da energia nuclear para fins energéticos e para fins militares é muito estreita. O Programa Nuclear Brasileiro surgiu durante a ditadura militar e até hoje atende demandas de alguns setores das forças armadas, fascinados pelo poder que a energia nuclear lhes traz. Outros grupos de interesse fazem “lobby”, como setores industriais, “preocupados” com o risco de um apagão; grupos de cientistas em busca novas pesquisas, prestígio e pelo comando do processo; fornecedores de equipamentos e as empreiteiras, por motivos óbvios.
A exportação e a proliferação contínua de tecnologia nuclear aumentam significativamente o risco de proliferação de armas nucleares, existindo o risco de novos Estados se tornarem novas potências nucleares.
Mesmo neste cenário de degradação ambiental e social, a ameaça de nuclearização da América Latina é real, com o Brasil dividindo com a Argentina a liderança nessa corrida. Ambos têm jazidas de urânio significativas, processo de enriquecimento em curso, usinas e minireatores. O Brasil já tem acordo de cooperação com a Venezuela, que firmou acordo com a Rússia para cooperação na produção de equipamentos. Outros países da América do Sul estão discutindo a fonte nuclear como alternativa para suas demandas de energia, como a Bolívia, Equador e Uruguai. O Peru e o Chile que planejam construir usinas nucleares.
A ressurreição do Programa Nuclear Brasileiro é mais um dos indícios da estratégia governamental de tornar o Brasil uma potência atômica. O dinheiro empregado no programa, para a construção e funcionamento de novas usinas nucleoelétricas, permitirá a lubrificação de todas as suas engrenagens. A cada usina que construirmos aumentaremos o volume de urânio que produzimos, ampliando a chance de virarmos sócio do Clube Atômico.  Para tal é necessário ter a bomba atômica.
Devemos evitar para nosso país problemas de geopolítica que são gerados pelo ciclo de combustível nuclear, a tal ponto que depois das tensões com a Coreia do Norte, atualmente o Irã está em sério perigo de ter seu território invadido militarmente porque está enriquecendo urânio para geração nuclear.
Abrir mão da energia atômica significa um importante passo para evitar o perigo de uma nova onda de proliferação nuclear, dada a natureza dual da energia nuclear, que se presta tanto para aplicações pacíficas como militares, sem falar dos problemas físicos de segurança nuclear. Não podemos esquecer do que afirmou o físico Robert Oppenheimer, responsável pela construção da primeira bomba atômica, quando visitou o Brasil, em 1953: “Quem disser que existe uma energia atômica para a paz e outra para a guerra, está mentindo”.
Sustentabilidade energética
Lamentavelmente, a atual política energética e ambiental adotada tem levado o Brasil a caminhar na contramão do que vem sendo implementado em várias partes do mundo, com o uso de fontes renováveis de energia, não só na geração de energia elétrica, mas também no aquecimento de água solar que evita o consumo de eletricidade nos chuveiros. A noção de sustentabilidade energética descarta a eletricidade de origem nuclear como uma solução sustentável.
Na atual política de expansão da oferta de energia para o país, fica evidente o tratamento especial dado para a construção de mega-hidrelétricas na região Amazônica, de termoelétricas a carvão mineral e óleo combustível e a instalação de usinas nucleares.
O fascínio pelo gigantismo das megaobras, típico de mentes tecnocráticas e autoritárias, beira à insensatez, pois, dada a atual crise ambiental global, são recomendadas obras menores, que valorizam matrizes energéticas com fontes de energia renováveis, menos agressivas ao meio ambiente, e com produção descentralizada.
Se há um país no mundo que goza das melhores oportunidades ecológicas e geopolíticas para ajudar a formular outro mundo necessário para toda a Humanidade, este país é o nosso. Ele é a potência das águas, possui a maior biodiversidade do planeta, as maiores florestas tropicais, a possibilidade de uma matriz energética menos agressiva ao meio ambiente – à base da água, do vento, do Sol, das marés, das ondas do mar e da biomassa.
Temos tudo isso em abundância. Entretanto, ainda não acordamos. Vivemos em permanente estado de letargia política, inconsciente, “deitado eternamente em berço esplêndido”. Não despertamos para nossas potencialidades e responsabilidade em face da preservação da Terra e da Vida.
Em nosso país existe várias alternativas para aumentar a oferta de energia sem a construção de novas centrais, uma delas é incentivando a eficiência energética. Também são evidentes a abundância dos recursos renováveis: solar, eólico e a biomassa para a diversificação e complementação da matriz energética. Simplesmente as vantagens comparativas destes energéticos renováveis não são levadas em conta.
Opções energéticas e a eficientização de processos e equipamentos são apresentadas pelos estudiosos da UNICAMP, USP, CHESF, UFPE, COPPE/UFRJ que indicam as possibilidades de redução da energia na demanda tanto do lado da oferta, como do lado do consumo. Além de apresentarem como fontes renováveis: a energia solar para aquecimento da água e para produção de eletricidade; a eólica; usinas térmicas a bagaço de cana (bioeletricidade) e restos de produtos agrícolas e as ondas do mar.
Democracia
A indústria nuclear é por sua natureza secreta e sem transparência. Em alguns países, foi criada uma polícia especializada para cuidar dos materiais radioativos contra o roubo pelos “terroristas”. Com este argumento, a indústria nuclear contribui para a diminuição dos direitos democráticos da sociedade, porque cria um “Estado de Segurança”.
A segurança das usinas geradoras e demais instalações nucleares (tratamento e enriquecimento de urânio, fabricação de elementos combustíveis, reprocessamento de combustíveis irradiados, depósitos de rejeitos etc.) implica importantes e custosos aparelhos policiais. Assim, países que optam pelas usinas nucleares em seus sistemas elétricos poderão ser forçados a adotar métodos próprios de Estados policiais.
É fundamental a necessidade de se discutir mais a questão energética. O debate de ideias e o confronto de interesses são instrumentos decisivos na formulação de uma estratégia energética sustentável e democrática. Daí a necessidade de ampliar os espaços de debate, hoje restritos aos gabinetes dos especialistas.
No Brasil, informações técnicas, econômicas, financeiras, de segurança, relatórios operativos e outros documentos sobre o ciclo de produção da energia nuclear continuam indisponíveis publicamente. Este fato ressalta o caráter autoritário na condução da política energética no país, o que viola o direito fundamental de acesso à informação que deve ser respeitado pela União, Estados, DF e Municípios como obriga a Lei de Acesso à Informação (2011).

Logo, para que não corramos o risco de material radioativo ser liberado pelas usinas nucleares em um acidente, a única decisão acertada seria não construir tais usinas. O Brasil não precisa de usinas nucleares. (ecodebate)