Associações de fontes
renováveis defendem transição para modernização do setor.
Executivos da Absolar, da
AbraPCH e da Abeeólica participaram de audiência no Senado sobre projeto do
novo modelo.
Representantes dos segmentos
de energia eólica, solar fotovoltaica e de pequenas hidrelétricas defenderam
aperfeiçoamentos pontuais no projeto de lei do Senado que trata da
reestruturação do modelo setor elétrico. Em audiência pública na Comissão de
Infraestrutura em 22/08/19, eles falaram sobre a necessidade de uma transição
para as mudanças propostas, especialmente em relação à abertura do mercado e à
retirada de descontos tarifários, além de tratamento isonômico entre as fontes
de geração.
O presidente da CI, Marcos
Rogério (DEM-RO), disse que a transição para a abertura do mercado é um tema
lembrado por todos os atores envolvidos no processo desde o começo. “Tanto é
que a transição proposta no substitutivo é uma transição bastante generosa, e
acho que até certo ponto um pouco exagerada”, ponderou o senador.
A base dos debates do novo
modelo, tanto no Congresso quanto no Executivo, é o resultado da Consulta
Pública 33, realizada no governo passado. No Ministério de Minas e Energia, um
grupo de trabalho dividido em subgrupos discute medidas de modernização do
setor, com a expectativa de implantar parte delas por meio de atos que não
dependerão de mudanças em lei. O MME considera o projeto do Senado mais
completo que o da Câmara e conta com o andamento da discussão no Legislativo
para emplacar as alterações legais que serão necessárias para a reestruturação
do modelo.
Primeiro a se apresentar
entre os convidados da audiência pública de hoje, o presidente executivo da
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica, Rodrigo Sauaia, destacou
que o PLS 232 pode ser o carro chefe na modernização do setor elétrico e, por
isso, o papel dos senadores será importante na construção de um texto mais
afinado com a sociedade e com o setor. A discussão do tema no legislativo tem
andado de fato no Senado. A Câmara ainda vai retomar o assunto, com a criação
de uma nova comissão especial do PL 1917, que também trata dos temas do setor.
Para Sauaia, houve avanços
desde a CP 33, mas há pontos de atenção no debate. Um deles é a necessidade de
transição na abertura do mercado livre para que o processo aconteça
gradualmente e de forma coordenada com outras
mudanças estratégicas do setor.
Existe ainda preocupação com
um eventual crescimento da inadimplência, em razão da migração de consumidores
cativos para esse ambiente, e com a retirada dos descontos nas tarifas de uso
dos sistemas de transmissão (Tust) e de distribuição (Tusd). O executivo diz
que é preciso ainda valorizar os atributos de cada fonte para que haja isonomia
entre elas, “definir com clareza o modelo de precificação de lastro e energia”
e garantir a financiabilidade da expansão da oferta de energia.
O presidente da Associação
Brasileira de Pequenas Centrais Hidrelétricas e de Centrais Geradoras
Hidrelétricas, Paulo Arbex, defendeu ajustes para problemas não contemplados no
PL. Ele disse que é preciso definir em lei princípios de isonomia geral e
irrestrita, para colocar as fontes em pé de igualdade, e estabelecer
pré-condições para a abertura de mercado. Seria preciso, por exemplo, resolver
de forma definitiva a questão da inadimplência do mercado livre, testar por
pelo menos por dois anos o funcionamento da bolsa de energia e comprovar que
haveria financiamento para expansão do sistema. Para Arbex, “abertura de
mercado não necessariamente reduz custo.” “O que reduz é ter uma infraestrutura
mais barata e menos impostos”.
Para os geradores eólicos,
três questões principais se sobressaem no debate. A primeira delas é o modelo
de contratação em separado de lastro e energia, que exigirá uma transição para
não prejudicar o desenvolvimento das fontes renováveis e deverá se implantado
de forma coordenada com outras ações de modernização. O diretor técnico da
Associação Brasileira de Energia Eólica, Sandro Yamamoto, destacou a proposta
de modelo apresentada pela Empresa de Pesquisa Energética, que prevê a
comercialização centralizada de lastro e outro ambiente para a contratação de
energia, e manifestou preocupação em relação aos atributos a serem considerados
para garantir a financiabilidade dos projetos.
Outro
ponto que também em envolve a viabilidade financeira dos projetos é a questão
do tratamento dos subsídios, na migração para o ambiente livre de consumidores
abaixo de 500 kW. Segundo Yamamoto, o que preocupa o segmento é a transição para
os consumidores menores, dada a possibilidade de inadimplência no mercado. “Se
o consumidor inadimplente continuar conectado na rede, isso pode virar uma bola
de neve. A gente acredita que é importante abrir o mercado, mas que existam
regras muito claras e muito rígidas para o consumidor inadimplente. Para nós é
fundamental, na medida que a gente tem financiamentos de longo prazo”.
A última questão é a
necessidade de sintonia do projeto de lei com as medidas em andamento no
governo em relação à formação do Preço de Liquidação das Diferenças. Uma
decisão recente do Ministério de Minas e Energia determinou que mudanças ainda
em fase de teste nos modelos de operação e de formação de preços deverão ser
implantadas na operação do sistema em 2020 e no cálculo do PLD em base horária
a partir de 2021.”Esperamos que, no final de 2020, a gente tenha uma forma de
reproduzir os cálculos [do modelo]. Se não tiver, volta a insegurança no
mercado”. (canalenergia)
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