Emissão de poluentes à base de nitrogênio causa ‘chuva seca’.
O potencial do etanol de cana-de-açúcar de combater o aquecimento global ofusca um lado maléfico de sua produção: a emissão de poluentes à base de nitrogênio que causam uma “chuva seca” de fertilizantes e podem prejudicar ecossistemas regionais.
Todo produto “sustentável” que se preze tem estampada na embalagem sua “pegada de carbono”, uma medida dos gases de efeito estufa emitidos durante sua produção. Quanto menor a pegada, menos o produto contribui para aumentar o aquecimento global e suas consequentes mudanças climáticas.
O etanol vem sendo visto com bons olhos justamente porque, ao contrário do petróleo, cuja queima lança no ar carbono que estava fora de circulação há centenas de milhões de anos, suas emissões são compensadas durante o crescimento das plantações de cana-de-açúcar, que absorvem CO2 no processo de fotossíntese. Isso praticamente zera o balanço de carbono.
Pegaria muito mal, porém, se fosse estampada na embalagem do etanol sua pegada de nitrogênio. Como quase todo tipo de agricultura intensiva, a cultura da cana-de-açúcar exige a aplicação de fertilizantes à base de compostos com nitrogênio, como o nitrato de amônio. Acontece que essa aplicação é extremamente ineficiente. Apenas 30% do nitrogênio dele é absorvido pela cana. O restante acaba se perdendo no solo, na água e no ar.
O nitrogênio é essencial à vida, faz parte do DNA, RNA e das proteínas; daí ser um dos ingredientes essenciais dos fertilizantes. Mas quando ele fica à disposição em excesso, espécies de plantas e micro-organismos que o absorvem mais rápido podem se proliferar e tomar o lugar das outras, destruindo o equilíbrio do ecossistema e sua biodiversidade. Nos ambientes aquáticos, o efeito é imediato: uma explosão de crescimento de algas libera toxinas e consome quase todo o oxigênio na água.
Vários estudos feitos no Estado de São Paulo, local da maior produção de cana-de-açúcar do mundo, já observaram como as águas arrastam nitrogênio fertilizante dos canaviais até córregos, rios e represas, onde ele degrada o ambiente aquático e as matas ciliares. Mas ao avaliar a concentração nas represas, os cientistas perceberam que somente o transporte pela água não explica toda a quantidade de nitrogênio encontrada.
O químico ambiental Arnaldo Cardoso, do Instituto de Química da Unesp, câmpus de Araraquara, suspeita que esse nitrogênio em excesso venha da atmosfera, na forma de uma poeira microscópica de nitrato de amônio. É como se fosse uma “chuva seca” de fertilizantes que se forma no ar a partir de gases emitidos pela queima da folhagem da cana feita antes da colheita. “Mas esse é um conceito que ainda não cristalizou na cabeça dos biólogos”, afirma Cardoso.
Todo produto “sustentável” que se preze tem estampada na embalagem sua “pegada de carbono”, uma medida dos gases de efeito estufa emitidos durante sua produção. Quanto menor a pegada, menos o produto contribui para aumentar o aquecimento global e suas consequentes mudanças climáticas.
O etanol vem sendo visto com bons olhos justamente porque, ao contrário do petróleo, cuja queima lança no ar carbono que estava fora de circulação há centenas de milhões de anos, suas emissões são compensadas durante o crescimento das plantações de cana-de-açúcar, que absorvem CO2 no processo de fotossíntese. Isso praticamente zera o balanço de carbono.
Pegaria muito mal, porém, se fosse estampada na embalagem do etanol sua pegada de nitrogênio. Como quase todo tipo de agricultura intensiva, a cultura da cana-de-açúcar exige a aplicação de fertilizantes à base de compostos com nitrogênio, como o nitrato de amônio. Acontece que essa aplicação é extremamente ineficiente. Apenas 30% do nitrogênio dele é absorvido pela cana. O restante acaba se perdendo no solo, na água e no ar.
O nitrogênio é essencial à vida, faz parte do DNA, RNA e das proteínas; daí ser um dos ingredientes essenciais dos fertilizantes. Mas quando ele fica à disposição em excesso, espécies de plantas e micro-organismos que o absorvem mais rápido podem se proliferar e tomar o lugar das outras, destruindo o equilíbrio do ecossistema e sua biodiversidade. Nos ambientes aquáticos, o efeito é imediato: uma explosão de crescimento de algas libera toxinas e consome quase todo o oxigênio na água.
Vários estudos feitos no Estado de São Paulo, local da maior produção de cana-de-açúcar do mundo, já observaram como as águas arrastam nitrogênio fertilizante dos canaviais até córregos, rios e represas, onde ele degrada o ambiente aquático e as matas ciliares. Mas ao avaliar a concentração nas represas, os cientistas perceberam que somente o transporte pela água não explica toda a quantidade de nitrogênio encontrada.
O químico ambiental Arnaldo Cardoso, do Instituto de Química da Unesp, câmpus de Araraquara, suspeita que esse nitrogênio em excesso venha da atmosfera, na forma de uma poeira microscópica de nitrato de amônio. É como se fosse uma “chuva seca” de fertilizantes que se forma no ar a partir de gases emitidos pela queima da folhagem da cana feita antes da colheita. “Mas esse é um conceito que ainda não cristalizou na cabeça dos biólogos”, afirma Cardoso.
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