quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Pesquisadores discutem geopolítica do etanol

Artigos de pesquisadores discutem geopolítica do etanol, crise e MERCOSUL.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) lançou em 09/02/10, o Boletim de Economia e Política Internacional. A publicação é o primeiro produto coletivo da nova área de estudos internacionais do Instituto, criada em 2009 no âmbito da Diretoria de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod). Trimestral, o boletim tem como público alvo os gestores de políticas públicas vinculadas aos temas internacionais.
O editor da publicação, André Viana, diz que a ideia é dar visibilidade ao trabalho da área internacional do Ipea e estabelecer um diálogo com os atores da Esplanada dos Três Poderes e com outros setores, como a academia. “Nossa intenção é de que se problematizem os temas conjunturais e estruturais de forma profunda, mas não exaustiva, servindo de porta de entrada dos estudos mais completos elaborados pelos técnicos das diretorias”, disse.
Segundo o diretor da Dicod, Mario Theodoro, o boletim representa o avanço do IPEA na área internacional, reforçada com a chegada de 15 novos técnicos aprovados em concurso público realizado em 2009. “Eles se agregaram a colegas na casa que trabalhavam com a questão internacional. Agora temos uma diretoria estruturada, funcionando, trabalhando, discutindo as questões internacionais. A concretude de tudo isso está no boletim”, afirmou o diretor.
Temas
A primeira edição do boletim traz sete artigos, que contaram com a participação de 16 pesquisadores do IPEA. Durante a apresentação do boletim, três dos artigos foram apresentados pelos autores. Luciana Acioly falou sobre a reação dos países à crise econômica internacional e apresentou um quadro, presente no artigo, que mostra como 33 países utilizaram os instrumentos financeiros de resposta durante o período. Segundo a pesquisadora, enquanto os Estados Unidos utilizaram quase todos os instrumentos possíveis, a Turquia recorreu somente aos empréstimos de emergência do FMI.
Pedro Silva Barros falou sobre a geopolítica do etanol e os desafios para os próximos anos: diminuir as restrições dos mercados consumidores; aumentar o número de países produtores e enfrentar a campanha antietanol, com a aparente contradição entre a produção de alimentos e de biocombustíveis. Sobre a incerteza da oferta, o pesquisador diz que há como aumentar a produção. “Apesar do grande crescimento da demanda interna, há espaço forte para o aumento da produção porque a cana-de-açúcar, diferentemente de outros produtos agrícolas, pode responder rapidamente ao aumento da demanda. É preciso insistir nas políticas públicas para expandir a produção.”
As assimetrias estruturais no MERCOSUL foram o tema do artigo apresentado por Samo Sérgio Gonçalves. O artigo resume um estudo maior que será divulgado em breve pelo IPEA. Entre as políticas públicas na área, Samo destacou o Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (Focem), criado para atenuar as diferenças em convergência estrutural, desenvolvimento da competitividade, coesão social e fortalecimento da estrutura institucional. A maior parte dos recursos vai para o Paraguai. “Embora pareça pouco e seja pouco US$ 100 milhões para o Brasil, para esses países menores é uma quantia não desprezível”, disse, explicando que os repasses do Focem equivalem a quase 1% do PIB paraguaio.

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