Ativistas protestaram em Brasília, contra a volta do carvão ao
leilão de energia. Nenhum comprador se interessou por essa fonte.
O lobby da indústria fóssil levou um grande revés no leilão
de energia promovido hoje pelo governo. Competindo em pé de igualdade com as
térmicas de biomassa, o carvão ofertado não teve compradores. Em contrapartida,
nove empreendimentos de biomassa, em cinco Estados (BA, MG, MS, PI e SP) foram
contratados a um preço médio de R$ 134,66 por MW.
O leilão chamado de A-5 porque oferece ao mercado energia
com inicio de fornecimento em cinco anos – comercializou 647 MW desta fonte
renovável, que reutiliza materiais como bagaço de cana para gerar calor e mover
os geradores de eletricidade. Isso é mais da metade da potência contratada
neste leilão A-5 e suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Goiânia.
A derrota do carvão acontece após fortes críticas do setor
de energias renováveis e do movimento ambientalista. Ontem, o Greenpeace
realizou um protesto em frente ao Ministério de Minas e Energia, em Brasília,
pedindo a retirada do carvão dos leilões de energia. Ativistas vestidos de
mineiros despejaram uma tonelada e meia de briquete de carvão diante do
edifício do ministério e protocolaram uma “pepita de carvão gigante” para o
titular da pasta, o ministro Edison Lobão.
O carvão é uma das fontes mais poluentes que existem. Para
cada kWh de eletricidade produzida, um quilo de CO2 é despejado na atmosfera.
Em comparação com toda a cadeia de produção de biomassa, a mesma quantidade de
energia emite apenas 18 g de CO2 – 55 vezes menos que o carvão.
O carvão também é mais caro que fontes renováveis como
eólica e biomassa, como mostrou o leilão de hoje. Isso, mesmo com todo o
incentivo público que essa energia poluente recebe.
Para viabilizar as térmicas a carvão, o Governo Federal
zerou o PIS e Cofins da compra deste mineral. O Estado do RS, produtor de
carvão e um dos maiores interessados nessa fonte de energia junto do Estado de
SC, reduziu de 17% para 12% o ICMS cobrado sobre a construção das usinas. Por
outro lado, fontes renováveis como a solar fotovoltaica são completamente
ignoradas das políticas de incentivo do governo. Pelo jeito, nada disso
adiantou para reduzir a competitividade das renováveis.
“O resultado do leilão de hoje deixou claro que, quando
existe pressão da sociedade civil, os mercados se movem para as alternativas
mais sustentáveis”, disse Renata Nitta, da campanha de Clima e Energia do
Greenpeace. “As renováveis já são uma realidade para complementar e
diversificar a matriz elétrica e agora mostram que são altamente competitivas
no mercado. Não faz mais sentido investir em energias do passado com tanto
potencial em vento, sol e biomassa que o Brasil tem para gerar energia limpa.”
Apesar da derrota do carvão, em dezembro o governo pretende realizar novo
leilão de energia colocando novamente esta fonte poluente no mercado.
Na última terça-feira, 27, o Greenpeace lançou seu cenário
[R] evolução Energética, mostrando que, com vontade política e planejamento, o
Brasil poderá ter até 92% da matriz elétrica alimentada por fontes renováveis.
Para acessar o relatório na íntegra, acesse aqui: http://bit.ly/17opY2n
Hidrelétricas
Além dos empreendimentos de biomassa, o leilão de hoje
também negociou 400 MW da usina hidrelétrica Sinop (MT), a ser construída no
complexo do rio Teles Pires.
A energia dessa usina foi contratada ao valor de R$ 109,40
por MWh, preço muito próximo ao alcançado pela fonte eólica no leilão A-3 da
semana passada. A diferença é que as eólicas têm impacto socioambiental mínimo
em comparação com uma hidrelétrica. O custo da construção da hidrelétrica Sinop
será de R$ 1,7 bilhão. (greenpeace)
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