A empresa espera disponibilizar cerca de 200 rotas com essa
tecnologia durante a copa do Mundo de 2014.
Decolou no início da tarde de 23/10/13 do Aeroporto de
Congonhas, na capital paulista, para o Aeroporto Presidente Juscelino
Kubitschek, no Distrito Federal, o primeiro voo comercial brasileiro com
bioquerosene. A operação com combustível renovável, feita pela companhia Gol
Linhas Aéreas, pode reduzir em até 80% a emissão de gases de efeito estufa. A
empresa espera disponibilizar cerca de 200 rotas com essa tecnologia durante a
Copa do Mundo de 2014. O evento marca o Dia do Aviador, celebrado na data em que
Santos Dumont fez o primeiro voo em um avião.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas Aéreas
(Abear), o combustível de aviação representa, atualmente, cerca de 43% do custo
das passagens aéreas. Em curto prazo, no entanto, essa mudança não deve repercutir
no valor da tarifa. "Com maior adesão a esse tipo de programa, acompanhado
de políticas públicas, a tendência é que haja um ganho de escala a ponto de
fazer com que esse combustível tenha um custo equivalente ao de origem fóssil.
Para nós, já seria uma grande conquista. Essa é a meta do primeiro
momento", explicou Paulo Kakinoff, presidente da Gol.
O ministro-chefe da Secretaria de Aviação Civil, Moreira
Franco, considera que ainda é cedo para definir uma política pública de
incentivo à utilização de biocombustível na aviação. "A consequência que
queremos é que essas melhorias signifiquem custos menores, mas é cedo para
definir como vamos operar para que essa experiência, que já é viável, seja
coletivamente utilizável. Esse é o objetivo da política que vai ser formulada a
partir de agora", declarou. Ele esclareceu que, inicialmente, a proposta
foi garantir um padrão de sustentabilidade que melhore a vida no planeta.
A tecnologia do biocombustível, exclusiva para a aviação,
foi desenvolvida pela empresa norte-americana Amyris, com filial no Brasil, e
não necessita de nenhum ajuste do maquinário do avião. "O bioquerosene é
uma mudança de paradigma. Você passa a ter, a exemplo do carro a álcool e
veículos de biodiesel, também os aviões com essa possibilidade", avaliou
Donato Aranda, professor do curso de engenharia química da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ). O processamento do combustível do voo de hoje
utilizou uma mistura de óleos vegetais, incluindo o de milho e o de cozinha já
usado.
O primeiro voo com essa tecnologia em caráter experimental
foi feito no ano passado, durante a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. "De todos os biocombustíveis,
esse é o mais novo. E para a adoção de um parâmetro novo na aviação, a
segurança exigida é quatro vezes maior do que qualquer outro veículo. É uma
tecnologia mais sofisticada", justificou Aranda. Foram pelo menos cinco
anos de estudos até que fossem concluídas as validações de especificações
técnicas pela indústria aeronáutica e órgãos como a ASTM Internacional (um
órgão norte-americano de normalização, originalmente conhecido como American
Society for Testing and Materials) e a Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP). (ultimoinstante)
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