Mais da metade dos domicílios do país têm ao menos um veículo, diz IPEA
Mais da metade dos
domicílios brasileiros (54%) contam com pelo menos um automóvel ou uma
motocicleta para o deslocamento dos seus moradores. Essa proporção, relativa a
2012, representa um aumento de 9 pontos percentuais na comparação com 2008,
quando 45% dos lares tinham um veículo particular. A tendência, segundo
comunicado divulgado em 24/10/13 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(IPEA), é que o número aumente ainda mais nos próximos anos.
O cenário, segundo o
IPEA, aponta, de um lado, para o maior acesso da população, inclusive os
segmentos de menor renda, aos automóveis. De outro, indica intensificação dos
desafios para os gestores dos sistemas de mobilidade, uma vez que a maior taxa
de motorização dos brasileiros contribui para elevação no número de acidentes,
de congestionamentos e dos índices de poluição.
Problemas relativos à
mobilidade urbana, especialmente em regiões metropolitanas, foram apontados
como estopim das mobilizações que levaram às ruas, em diversas cidades do país,
milhares de brasileiros, em junho.
De acordo com o
documento, o fato de grande parte da população ainda não ter a propriedade de
veículos pode contribuir para uma piora ainda mais intensa nesse quadro nos
grandes centros urbanos, sobretudo nas regiões com menor percentual de
motorização (Norte e Nordeste).
“Cada vez mais, os
domicílios de baixa renda terão acesso ao veículo privado, já que metade deles
ainda não tem automóvel ou motocicleta, e as políticas de incentivo à sua
compra são muito fortes”, diz o texto. “Resta ao poder público estabelecer
políticas para mitigar as externalidades geradas pelo aumento do transporte
individual, já que as tendências apresentadas corroboram a tese de piora das
condições de trânsito nas cidades brasileiras”, acrescentam os técnicos do Ipea,
no comunicado.
Considerando a posse
de veículos privados por estado, o levantamento revela que os maiores índices
são verificados em Santa Catarina (onde 75% dos domicílios têm carro ou moto),
no Paraná (68%) e no Distrito Federal (64%). Por outro lado, Alagoas (32%) tem
o menor índice de motorização por domicílio.
O levantamento também
traz dados sobre o tempo de deslocamento entre casa e trabalho. Dois terços
(66%) da população gastam até 30 minutos diariamente nesse trajeto, “mas há uma
clara tendência de piora, em função do crescente aumento da taxa de motorização
da população conjugado com a falta de investimentos públicos nos sistemas de
transporte público ao longo das últimas décadas”. Ainda segundo o documento,
10% gastam mais de uma hora nesse deslocamento.
O estudo do IPEA
mostra ainda que as políticas de auxílio ao transporte, como o vale-transporte,
atingem pouco as classes sociais mais baixas. Aproximadamente 40% dos
trabalhadores brasileiros recebem esse tipo de auxílio, mas os menores percentuais
de cobertura estão nas famílias com renda per capita inferior a meio salário
mínimo. Segundo o estudo, apenas 11% das famílias nessa condição recebem
auxílio-transporte, enquanto entre as famílias com renda superior a cinco
salários mínimos o percentual é 36%.
De acordo com o
comunicado, esse cenário “levanta questões sobre a eficácia desse tipo de
medida, especificamente para os trabalhadores informais e os desempregados”.
(EcoDebate)
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