Novo vazamento de
água altamente radioativa chama atenção para ameaça nuclear em Fukushima
Pela terceira vez em
dois meses, água de refrigeração radioativa da usina nuclear avariada escoou
para o oceano. Apesar da sequência ininterrupta de panes, Tóquio segue afirmando
que situação está “sob controle”.
Na ruína nuclear de
Fukushima, no nordeste do Japão, voltou a ocorrer vazamento em mais um tanque
contendo água altamente radioativa, na noite desta quarta-feira (02/09).
Segundo declarou um porta-voz da Tepco, a operadora da usina termonuclear de
Fukushima, é possível que cerca de 430 litros tenham escoado para o Oceano
Pacífico.
O novo desastre
possivelmente se deveu a um erro de cálculo. O tanque com capacidade de 450
toneladas de líquido se encontra numa espécie de rampa. No entanto, ao
enchê-lo, não se levou em consideração essa inclinação, e a água contaminada
transbordou do tanque, cuja tampa não o fecha hermeticamente.
Construção defeituosa
A Tepco decidira
encher os tanques o máximo possível, já que, pouco a pouco, vai se esgotando a
capacidade de armazenamento na área da usina, devido ao acúmulo diário da água
subterrânea usada na refrigeração dos reatores, que evita o superaquecimento e
eventual explosão.
Premiê Shinzo Abe (c)
visita Fukushima
A água no tanque em
questão está contaminada com radiações beta na ordem de 580 mil becqueréis por
litro. Uma das substâncias contidas é estrôncio 90, cujo limite máximo, por
lei, é de 30 becqueréis. Segundo consta, contudo, os raios beta não atravessam
as vestes de proteção das equipes de reparo.
O tanque é construído
por placas de aço unidas às pressas com parafusos, exatamente como o contêiner
do qual escoaram 300 toneladas de líquido radioativo, em agosto último. Dos mil
tanques disponibilizados pela Tepco no local, 350 apresentam a mesma construção
dos contêineres que agora começam a vazar.
“Situação sob
controle”
O drama de Fukushima
se arrasta desde 11 de março de 2011, quando um forte terremoto e subsequente
tsunami danificaram seriamente parte dos reatores da usina nuclear, provocando
fusão de seus núcleos. Desde então, a sequência de panes tem sido ininterrupta.
Em meados de
setembro, a Tepco divulgara que, após uma forte chuva, mais de mil toneladas de
líquido levemente contaminado haviam escoado para o oceano. E na última
sexta-feira um dispositivo para filtragem da água radioativa teve que ser
desligado, poucas horas após ser colocado em funcionamento, devido a um defeito
numa bomba. Um sistema mais eficaz de filtragem não estará em ação antes de
meados de 2014.
Apesar de todas as
notícias alarmantes, o porta-voz do governo japonês afirma que a situação “está
sob controle, no geral”, segundo a imprensa nacional. Com essa mesma
afirmativa, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, conseguiu recentemente
convencer o Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre a viabilidade de realizar
em Tóquio os Jogos Olímpicos de 2020. (EcoDebate)
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