sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Chuvas irregulares e as incertezas do nível dos reservatórios

Chuvas irregulares trazem incertezas quanto ao nível dos reservatórios
NOS revisou PMO de janeiro que aponta redução de afluências no Sudeste e Nordeste; preços no mercado livre continuam estáveis.
A situação do setor elétrico está melhor do que no ano passado, essa é a opinião unânime dos especialistas ouvidos pela Agência CanalEnergia. Contudo, a incerteza ainda domina as estimativas de como será 2014. Tanto é assim que a revisão do PMO de janeiro, publicado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico em 03/01/14, considerou a irregularidade das chuvas no país com a redução da previsão de afluência no Nordeste e Sudeste. Esse fator resultou no aumento do custo marginal de operação e redução da expectativa de aumento do nível de reservatórios. Apesar das variações, os preços no mercado livre permanecem no patamar de R$ 192 por MWh para a energia convencional e em cerca de R$ 220 por MWh na incentivada, já considerando o desconto da TUST.
De acordo com o relatório InfoPLD, publicado em 03/01/14 pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, os reservatórios no Sudeste, a principal reserva de armazenamento, estavam a 42,8% ao final de 2013. Esse patamar é 14% acima do registrado um ano antes. Na região Sul o nível dos lagos estava 24% acima na mesma base de comparação.
A recuperação dos reservatórios do Nordeste começou a ser vista pelo ONS em dezembro, quando atingiu o nível crítico de pouco mais de 22% de energia armazenada. Em janeiro, as barragens iniciaram o ano com 10 pontos percentuais acima do mês anterior.
O próprio operador explicou essa elevação em seu relatório como uma anomalia positiva de precipitação na bacia do São Francisco, além do Tocantins, Doce e Jequitinhonha, por conta da Zona de Convergência do Atlântico Sul. Contudo, a perspectiva de comportamento dos reservatórios das hidrelétricas ainda é uma incógnita, apesar desse fenômeno que alcançou duas das principais bacias do país ter seu efeito positivo para o SIN.
Em sua revisão, o ONS alterou significativamente os dados de energia armazenada para o final do mês de janeiro. De acordo com o gerente geral de Risco e Inteligência de Mercado da Ecom Energia, Carlos Caminada, esses dados são alterados semanalmente e neste caso levam em conta a previsão de pouca chuva que as regiões Sudeste e Nordeste deverão ter.
A expectativa do mercado já era de que o nível de reservatórios estimado no PMO da primeira semana operativa deste ano não deveria mesmo se confirmar. Na opinião do vice-presidente da Comerc, Fábio Fernandes, a estimativa de que o Nordeste alcançasse quase o dobro do que apresentava no inicio da semana passada em termos de armazenamento, passando de 30,9% para 57,9% poderia ocorrer somente se chovesse muito. De acordo com ele, seria necessário um volume 150% da MLT. Para ele, a previsão do ONS - de 120% da MLT para a região - não seria suficiente para elevar ao patamar projetado inicialmente.
Segundo o documento publicado pelo Operador, o subsistema Sudeste/Centro Oeste poderá encerrar a quinta semana operativa de janeiro a 48,1% (ante previsão anterior de 52,7%), já o Sul passou a ter expectativa de 74,6% (ante 54,8%). No Nordeste e Norte é que vem as maiores alterações: a primeira região está com previsão de alcançar 51,9% (esperava-se na semana passada 57,9%) e na maior região do país o nível de armazenamento deverá saltar de 42,7% para 74%, segundo o último relatório.
Como esperado pelo executivo da Comerc, como resultado da previsão de afluências e consequente elevação do CMO, o PLD apresentou elevação. O CMO médio para todos os submercados e cargas, à exceção da leve no Norte, passaram de pouco mais de R$ 245 por MWh para mais de R$ 280 por MWh. A CCEE divulgou que o aumento do PLD ficou na casa de 15%, já na carga leve na região Norte recuou 53%.
Essa elevação foi justamente o resultado da redução das afluências nas regiões Nordeste e Sudeste, que elevou os preços em quase todos os subsistemas, exceção apenas ao Norte, cuja previsão de armazenamento aumentou, como demonstrado na revisão do PMO. (canalenergia)

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