Agora a usina
nuclear será em Piranhas, Alagoas? A insensatez continua
A construção de
usinas nucleares no país significa a disposição do poder público de aceitar
mais riscos do que recomendaria a prudência.
A formulação de
políticas públicas, em particular na área energética, tem sido calcada em
diagnósticos superficiais e imediatistas, influenciados por interesses
econômicos poderosos, com clara reincidência em erros cometidos no passado. Na
verdade o governo pensa o Brasil do futuro com ideias do passado.
Hoje no chamado mundo
moderno, se discute e executa uma completa mudança de direção no que concerne à
questão nuclear. Mais e mais países decidiram refrear e mesmo abandonar a
construção de novas usinas nucleares. Decisões essas tomadas com largo apoio
popular. A óbvia conclusão é que o risco de tal tecnologia não compensa os
ganhos (se é que existem!!!).
Aqui no Brasil tudo é
diferente. Projeta-se até 2030 a instalação de quatro novas usinas nucleares
sendo duas no Nordeste. Falou-se na cidade de Itacuruba no sertão pernambucano
(480 km de Recife) como provável local para esta instalação a beira do Rio São
Francisco. Houve uma total repulsa a esta proposta. As populações, os
movimentos populares, sindicais e religiosos, se expressaram no documento
“Carta de Itacuruba” (http://blogs.diariodepernambuco.com.br/meioambiente), subscrito por mais de 50 entidades.
Agora no final do ano
toda atenção é dirigida ao município de Piranhas (291 km de Maceió) no sertão
oeste alagoano, em função da declaração pública do chefe do escritório da
Eletrobrás/Eletronuclear de Recife, apontando o município como o provável
destino para a instalação da usina nuclear nordestina, as margens do Rio São
Francisco.
Com esta informação
um inquérito civil foi instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) em
Arapiraca/Alagoas para investigar o processo de instalação da usina nuclear. O
MPF enviou ofício a Eletrobrás/Eletronuclear solicitando informações sobre o
andamento do projeto, e detalhes, como a localização exata das duas usinas
nucleares anunciadas pelo Governo Federal a serem instaladas no Nordeste, bem
como a data prevista para o início da construção. Ainda foi solicitado o
esclarecimento de que forma as populações afetadas foram consultadas sobre a
implantação da usina, como exige a Convenção 169 da Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
De acordo com a
procuradora da República em Arapiraca, responsável pela instauração do
inquérito, a instalação de uma usina nuclear no Sertão de Alagoas é passível de
afetar diversas populações tradicionais locais, como ribeirinhos, quilombolas,
indígenas e pescadores artesanais. Motivo pelo qual o MPF instaurou o
inquérito, de forma a reunir informações sobre eventual violação de direitos,
pelo poder público federal, às normas internacionais sobre populações
tradicionais e ao meio ambiente.
O procedimento
adotado é característico da área energética, em particular pelos gestores da
energia nuclear no país, que agem na surdina. Na calada da noite, sem nenhuma
discussão com os maiores interessados, as populações próximas do local que os
“sábios” decidiram como o mais adequado (?), a noticia vem a público, é vazada.
A reação nesse caso
foi imediata visto que existe um sentimento e um desejo da maioria da população
de que tal forma de geração de energia elétrica não ocorra no Brasil. Não
importando em que região, a quase unanimidade contrária a estas usinas existe
fortemente. Todavia o governo e setores minoritários, mas com grande poder de
decisão, insistem nessa insanidade que parece não ter limites.
Mas uma certeza é
muito clara. As usinas nucleares não terão espaço em nosso país, e por uma
única razão, os brasileiros e brasileiras não a desejam. Em 2014, vem pra a rua
você também. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário