Existe uma ação de
manipulação da opinião pública – concatenada pelo lobby nuclear – com foco em
Pernambuco (Nordeste), voltada a propagandear e defender a necessidade de se
instalar usinas nucleares na região. “Isso ocorre através de editoriais nos
jornais, reportagens autopromotoras, entrevistas com especialista”, tudo
dirigido para subverter a opinião pública com informações, no mínimo, dúbias
sobre esta fonte energética tão polêmica. Infelizmente não se pratica um
jornalismo informativo, nem investigativo. Não se ouve e nem se dá o mesmo
destaque ao outro lado da questão, aos críticos.
Neste ano, em
particular, ocorreram diversas iniciativas neste sentido, e recursos
financeiros consideráveis foram despendidos, para evidenciar junto à opinião
pública os benefícios, a inexistência de riscos, e a necessidade “urgente” da
região receber uma usina nuclear (ou mais de uma).
Aos defensores dessa
tecnologia, apoiados pela grande mídia (que precisa das verbas de publicidade
para sobreviver), se juntam alguns setores acadêmicos (que recebem recursos
para financiar suas pesquisas), grandes empreiteiras, fabricantes de
equipamentos, e – por motivos óbvios – setores militares, todos com amplo
espaço na “mídia amiga” para alardear a sua concepção e assim formar uma
opinião pública favorável a este tipo de empreendimento que – em países
desenvolvidos – já vem sendo abandonado.
Nesse contexto, o
vale tudo e a insanidade predominam. Chegam à raia da desonestidade científica
e intelectual ao afirmarem que “as usinas nucleares não oferecem risco a
população”. Deixa-se mesmo de levar em conta a tragédia do desastre em Fukushima (Japão, março 2011) que parece não ter fim, pois as atividades de
limpeza da área da usina devem levar ainda mais 40 anos. E o que agrava mais a
situação é que será preciso ainda desenvolver tecnologias para finalizar esse
trabalho sem precedentes.
Outra seara que
emerge nesse debate – onde o nuclear se apresenta como falsa solução, para um
falso problema – é com relação aos apagões e apaguinhos (interrupções de
energia elétrica) dominantes e recorrentes no dia a dia da população da região.
Apregoam que tudo seria diferente se as usinas nucleares estivessem
funcionando. Mentem descaradamente associando eventos que estão ligados à
questão da gestão do setor elétrico, à falta de investimentos e de manutenção
das redes, e mesmo à incompetência dos gestores do sistema elétrico nacional.
Querem fazer crer que as usinas nucleares resolveriam o problema dessas
interrupções no fornecimento de energia elétrica que a população brasileira vem
tendo que suportar. Afirmam também que a eletricidade nuclear é barata e não
vai onerar o bolso do consumidor. Tudo mentira. A energia nuclear é uma das
mais caras fontes energéticas comerciais, com enormes subsídios que desviam
recursos e mascaram o preço final do Mwh produzido.
A falácia maior é a
afirmativa de que não produz gases de efeito estufa, sendo assim uma “fonte
limpa” de energia. Não levam em conta que para se obter o combustível nuclear
são utilizados diversos processos industriais (mineração e produção do
concentrado, conversão, enriquecimento, reconversão, fabricação de pastilhas e
de elementos combustíveis…) que contribuem para a produção e emissão de
considerável quantidade de CO2. Fonte limpa coisa nenhuma.
Não se justifica,
tampouco, a afirmação de que essas usinas vão incrementar o desenvolvimento
regional através de aumento do emprego e da renda, pois estudos da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) comprovam que as indústrias ligadas às cadeias
produtivas de energia eólica e de energia solar geram mais emprego e renda do
que a cadeia da indústria nuclear.
Têm-se ainda os
resíduos – o chamado lixo atômico – um dos enormes problemas dessa tecnologia
de produção de energia elétrica. Esses resíduos são deixados para as gerações
futuras, uma vez que não se sabe qual destinação dar a eles, cuja radiação
permanece ativa por milhares de anos.
Concluindo: temos que
dizer, em alto e bom som, que o Brasil, o Nordeste, e Pernambuco não precisam
de usinas nucleares.
Xô Nuclear. (ecodebate)
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