As alterações no
clima do planeta são concretas e o grande responsável pelo cenário é o setor de
energia no mundo, por meio das emissões de gases do efeito estufa (GEE). As
consequências vão de panoramas catastróficos a moderados, com perturbações que
afetam e afetarão muito a vida do planeta. No Brasil, segundo especialistas,
comprometerão sobretudo a agricultura, a saúde, a habitação, a economia e a
segurança energética.
As emissões de CO2
em 2012 cresceram 1,4% em todo o mundo, mas foi considerada uma notícia
positiva, pois a expectativa era de incremento muito maior. A China é o maior
emissor do mundo. No entanto, o acréscimo de emissão em 2012 (300 milhões de
toneladas) foi bem menor que nos anos anteriores, em função dos fortes
investimentos em energias renováveis e eficiência energética. Nos Estados
Unidos, o decréscimo de emissões fez o país chegar a 200 milhões de toneladas,
nível apresentado em meados de 1990. Na Europa, a crise e a desaceleração
econômica fizeram o continente reduzir em 50 milhões de toneladas de CO2
as emissões.
O Brasil de 2005 a
2010 conseguiu reduzir 38,7% das emissões. A Agência Internacional de Energia
(AIE) aponta que, com o ritmo atual de emissões, a temperatura do planeta deve
crescer entre 3,6ºC e 5,3ºC nas próximas décadas, o que é muito preocupante.
Ainda, dois terços dessas emissões são provenientes do setor energético.
E aí está a
preocupação, no setor energético. Em 2005, o Brasil fez seu primeiro inventário
de emissões e o setor de florestas era responsável por 57% das emissões
nacionais. Em 2010, com os progressos neste setor, a fatia caiu para 22%.
Segundo o relatório, desde 2010 a agropecuária lidera o ranking (35%), seguido
dos setores energético (32%), de processos industriais (7%) e de tratamento de
resíduos (4%).
O setor de energia
foi o que mais aumentou as emissões: +21,4%. O país conseguiu resultado
importante na redução global da emissão dos GEE, mas, analisando
detalhadamente, é possível ver que o forte aumento do setor de energia é
preocupante. Ações objetivando frear essa elevação necessitam ser implantadas.
A presidente Dilma
Rousseff, durante o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC), realizado
em Brasília, em junho de 2013, disse que a meta de emissões de CO2
do Brasil para 2020 é “extremamente passível” de ser cumprida. Afirmou que
haverá uma tendência inexorável de aumento das térmicas na matriz decorrente de
hidrelétricas a fio d’água e de energia eólica.
Para a presidente,
são energias que não têm mecanismos de reserva e que mudam em relação ao clima;
por isso são necessariamente voláteis e necessitam, portanto, ser firmadas por
térmicas. A afirmação reforça, assim, a política do governo de manutenção da
tendência atual na expansão da geração de energia elétrica por termoelétricas
e, principalmente, carvão.
Segundo a
PricewaterhouseCoopers (PwC), no relatório “Índice de economia de baixo
carbono”, a eficiência energética foi a grande responsável pela diminuição na
intensidade de carbono da economia mundial. Cerca de 92% da redução da
intensidade de carbono atingida em 2012 foi em decorrência de melhoras na
eficiência energética, enquanto apenas 8% foram de uma mudança para um mix
energético mais limpo.
No Brasil, o Plano
Nacional de Energia (PNE), o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) e o
Decreto nº 7.390, que regulamenta a Política Nacional de Mudança do Clima,
expressam claramente o compromisso brasileiro para o incremento da eficiência
energética no país. Portanto, o norteamento sobre as políticas para incremento
da eficiência energética para o país existe, bem como um mercado e fornecedores
habilitados.
É sabido que o
desperdício energético no Brasil é enorme e está praticamente estagnado nos
índices ligados à eficiência energética na última década. Existe um descompasso
entre a teoria e a realidade. Muitos projetos de eficiência energética são
instalados nos diversos setores da economia brasileira, mas, pelas dimensões do
país, ainda é muito pouco frente ao potencial e à necessidade. Se realmente o
objetivo é conquistar resultados, é preciso tirar os planos das gavetas e ser
mais arrojado na implantação de políticas de curto prazo. (ecodebate)
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