Para baratear o
veículo, usina de Itaipu concentra esforços no desenvolvimento de uma nova
bateria - hoje, o componente mais caro.
Depois de trabalhar
na montagem de carros elétricos, o desafio de Itaipu é aprimorar a tecnologia
para torna-la viável comercialmente. O custo, a baixa autonomia e o tempo para
“abastecer” o veículo o colocaram em desvantagem em relação ao carro a
combustão. Hoje o carro elétrico consegue percorrer até 120 km sem carregar a
bateria.
O motorista precisa deixar o carro conectado na tomada por
oito horas para recarregar a bateria - peça que se tornou o novo alvo de
pesquisa de Itaipu para tornar o carro competitivo. Esse tipo de veículo tem a
vantagem de emissão zero de CO2 e traz economia na hora de abastecer. Mas seu
custo de produção ainda é muito acima de uma versão equivalente a combustão. O
grande "vilão" que torna o produto caro é a bateria. A Fiat, por
exemplo, estima que gasta R$ 100 mil para importar uma bateria da Europa para o
Brasil, considerando preço e taxas. Esse e outros componentes especiais
elevariam o preço de um Palio Weekend para R$ 250 mil na versão elétrica, mais
de cinco vezes o valor cobrado pelo mesmo modelo com motor flex para gasolina e
etanol.
"Os preços são proibitivos e a tendência é que o carro
elétrico seja um veículo de nicho no Brasil", disse Marcelo Cioffi, sócio
da PricewaterhouseCoopers.
Entre janeiro e novembro deste ano, foram licenciados 435
veículos elétricos, ante 117 em todo o ano passado, segundo a Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Apesar do
crescimento expressivo, o número é irrisório perto das 2,77 milhões de unidades
vendidas de janeiro a novembro.
Na tentativa de tornar o carro elétrico viável
comercialmente, Itaipu concentra seus esforços, agora, em pesquisas para
reduzir o custo do veículo e aumentar a sua eficiência. A grande aposta da
usina é no desenvolvimento de uma bateria de sódio brasileira - tecnologia que
tem aplicações além do carro elétrico e também pode ser uma solução para levar
energia elétrica a comunidades isoladas.
A proposta é desenvolver uma bateria de sódio nacional e
licenciar a tecnologia. Hoje os veículos de Itaipu usam baterias de níquel
importadas. "Queremos dominar a tecnologia e oferecer para uma empresa
produzir a bateria no Brasil", explica Celso Novais, coordenador do
Projeto VE de Itaipu.
A usina já tem estudos em curso e está construindo ao lado
do centro de pesquisa em veículos elétricos uma fábrica piloto de baterias de
sódio, que será capaz de produzir dez unidades por mês. A previsão é ter o
primeiro protótipo no fim de 2014.
As pesquisas sobre bateria são feitas por meio de convênio
entre o Parque Tecnológico de Itaipu, a empresa suíça Battery Consult e o
Centro de Pesquisas de Energia Elétrica, da Eletrobrás. A Financiadora de
Estudos e Projetos (Finep) liberou R$ 32 milhões para o projeto.
Além de aprimorar a tecnologia para dar mais eficiência ao
automóvel, Itaipu estuda o uso da bateria como sistema de armazenamento de
energia. A companhia já montou na sua oficina uma "engenhoca" para
testar o sistema. Trata-se de um contêiner cheio de baterias importadas, ligado
a um gerador eólico e painéis solares. "A ideia é que as baterias sejam
carregadas lentamente com energia solar e eólica e a energia fique armazenada.
Esse contêiner pode ser usado para carga rápida de veículos elétricos ou para
comunidades isoladas", diz Novais.
Um dos interessados no projeto é a ilha de Fernando de
Noronha, onde já circula um protótipo de carro elétrico feito em Itaipu e há
sistemas de iluminação pública criados pela usina.
Incentivo
Para reduzir o custo do carro, a Anfavea enviou ao governo
há dois meses proposta para a criação de política de incentivo ao produto. A
Anfavea pede que a alíquota de IPI caia dos atuais 25% para zero. "O carro
elétrico tem o IPI mais alto que qualquer categoria de veículo", compara o
presidente da Anfavea, Luiz Moan.
A associação pediu também que o governo crie cotas de
importação de veículos elétricos para as empresas com condições tributárias
favoráveis. "É uma primeira fase até que as empresas possam nacionalizar
os componentes", disse Moan. "O Brasil é o quarto mercado em vendas
de veículos, mas terceiro em produção. As empresas têm de ousar produzir no
Brasil as novas tecnologias para reduzir esse descompasso."
Além de incentivos fiscais, o carro elétrico depende de
adequações da estrutura urbana para "vingar" no País. Será necessário
a criação de "eletropostos" em regiões de alto tráfego. "Podemos
ter um cartão pré-pago para carregar veículo como o bilhete único do
metrô", diz Pietro Erber, presidente da Associação Brasileira do Veículo
Elétrico, entidade formada principalmente por empresas de energia. "O
carro elétrico pode trazer novos negócios para o setor." (OESP)
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