segunda-feira, 2 de junho de 2014

Aparelhos de ar condicionado e a crise energética

Consumo de aparelhos condicionadores de ar e a crise energética brasileira
Em um país como o Brasil, com cerca de 71% da energia produzida a partir de matriz hidrelétrica, a necessidade de reduzir a dependência em relação ao uso da água pela diversificação da matriz energética e a busca por uso racional de energia ficam cada vez mais evidentes. A atual escassez de chuvas, o baixo nível de reservatórios de água no país e o aumento da renda média da população agravam, de forma explícita, o cenário de demanda crescente e abalo da segurança da oferta de energia.
O Brasil é o 9º maior consumidor de energia elétrica do mundo e o estudo da projeção do consumo para os próximos anos aponta continuidade da tendência de crescimento, com uma elevação em cerca de 55% (EPE, 2011). Grande parte dessa energia, assim como na maioria dos países do mundo, é destinada ao condicionamento artificial do ar. O Brasil figura, também, como o 5º maior comprador mundial de condicionadores de ar, considerando os aparelhos de janela e splits. Tal demanda tem se elevado rapidamente nos países desenvolvidos e ainda mais nas economias emergentes de clima quente. No ano de 2005, o condicionamento ambiental já representava 20% do consumo de energia elétrica no setor residencial brasileiro e 47% no setor comercial (ELETROBRAS, 2009).
Desde 2001, o Brasil possui mecanismos legais para direcionar a política nacional de conservação e uso racional de energia. Porém, apenas em 2007 foi aprovada uma regulamentação específica de condicionadores de ar, estabelecendo níveis mínimos de coeficiente de eficiência energética. Tal coeficiente é a razão entre a capacidade total de refrigeração (expressa em Watts) e a potência elétrica demandada (expressa em Watts). Em 2011, nova regulamentação foi publicada alterando as exigências com o objetivo de elevar os índices mínimos.
A elevação do desempenho dos equipamentos é uma necessidade evidente, tendo em vista o atual panorama energético nacional. Porém, o nível mínimo estabelecido na regulamentação brasileira ainda se mostra tímido se comparado ao praticado em outros países. Os atuais níveis mínimos exigidos pela legislação nacional são compatíveis apenas com o apresentado atualmente na Índia e com o que havia na China em 2004. A China, porém, em 2010 já elevou tal valor, e vários outros países analisados já apresentam dados superiores aos brasileiros.
Uma análise a respeito de condicionadores tipo split demonstra que economias como União Europeia, China e Japão comercializam produtos com eficiência muito superior aos melhores equipamentos brasileiros. O aparelho mais eficiente no Brasil apresenta coeficiente de eficiência energética de 4,79 W/W. Já na China, país de onde são importados grande parte dos condicionadores de ar consumidos no Brasil, há equipamentos com valores superiores a 6,0 W/W, e no Japão tal coeficiente ultrapassa 6,5 W/W.
No Brasil, apesar da tendência de redução do uso de condicionadores do tipo janela, é importante manter o diálogo com a indústria, de forma a elevar os níveis mínimos de eficiência. Quanto aos splits, é imprescindível e urgente a determinação de níveis mínimos de eficiência mais elevados, impulsionando o mercado a privilegiar os melhores equipamentos. É também importante a adoção do coeficiente de eficiência energética sazonal como parâmetro na regulamentação brasileira para favorecer os equipamentos com tecnologia inverter, notadamente mais eficientes que os convencionais. (ambienteenergia)

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