Nível dos reservatórios de energia são preocupantes e El
Niño não será a salvação
O sistema Sul estava melhor em 2001, ano do racionamento de
energia, do que agora.
O setor energético no Brasil vive um colapso. O nível dos
reservatórios está abaixo do esperado para esta época do ano, o preço de venda
da energia no mercado livre está no teto e o período seco no Sudeste e
Centro-Oeste, responsáveis por mais de 70% da produção nacional, está apenas no
início.
A esperança do governo e das empresas está depositada no El
Niño, que se desenvolverá no segundo semestre, porém o fenômeno não será a
salvação completa. “A associação que está se fazendo com o El Niño de 2009/2010
é errada, naquela data o fenômeno foi intenso e clássico, por isso as chuvas
foram abundantes, mas nesse ano a classificação e atuação dele será diferente”,
alerta o climatologista da Somar, Paulo Etchichury.
Primeiro que o El Niño de 2014 será Modoki, nomenclatura que
se dá ao fenômeno quando o aquecimento não tem sustentação. Ou seja, as águas
ficarão mais quentes do que o normal no Oceano Pacífico leste entre julho e
agosto e no Pacífico central somente em setembro e outubro. Por isso é importante
ressaltar que não há garantia de chuvas regulares na primavera e no verão.
Para o Sudeste e o Centro-Oeste do Brasil, no caso de El
Niño Modoki, o sinal mais evidente é em relação a temperatura, com calor na
primavera. “Com relação a chuva não apresenta uma boa correlação, podendo
apenas antecipar alguns episódios de chuvas entre setembro e outubro, porém sem
nenhuma garantia de regularidade na transição para o regime de chuvas de
verão”, explica Etchichury.
O efeito mais evidente para o atual El Niño será a redução
do frio no Sul e também o aumento das chuvas durante a primavera na região. Em
2012, não choveu bem na região, o que comprometeu a distribuição de energia,
pois o Sudeste/Centro-Oeste teve que atender às necessidades desse sistema.
O sub-sistema Sul hoje está com 51% da capacidade total,
sendo que na mesma época de 2001, ano do racionamento, o volume dos
reservatórios era de 92,8%. “Apesar de corresponder a apenas 6,9% da produção
total do Brasil, ele ganha importância nesta época, pois pode ajudar, ou
atrapalhar o sistema interligado”, afirma Paulo Etchichury.
A ligação climática entre o ano de 2001 e de 2014 é muito
próxima, pois os dois casos foram antecedidos de quatro verões com Oceanos mais
frios que o normal, o que diminuiu a quantidade de chuvas. Portanto, os meses
de novembro e dezembro serão decisivos para o setor, pois é a chuva desse
período que definirá os rumos da produção de energia do país. (uol)
Nenhum comentário:
Postar um comentário