A empresa aérea GOL lançou em 04/06/14 o primeiro voo comercial
abastecido com mistura de biocombustível do País. O voo partiu do aeroporto
Santos Dummont, no Rio, em direção a Brasília.
A iniciativa integra o planejamento de outros 200 voos que usarão a
tecnologia durante a Copa do Mundo. A expectativa da empresa é reduzir em 220
toneladas as emissões de carbono com a redução no consumo de combustíveis
fósseis.
A iniciativa é uma espécie de "legado ambiental" para o
torneio. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o País é o primeiro
a ter 100% das emissões de carbono relacionadas diretamente ao evento
mitigadas.
"É a primeira Copa Verde e a Fifa passa a adotar essa prática como
uma referência para os próximos torneios. A marca de baixo carbono do País é a
única que poderá ser associada ao evento, ao lados dos patrocinadores",
destacou Izabella.
A estimativa é que o uso de biocombustível para aviação reduz em 80% as
emissões em relação ao combustível fóssil. As emissões dos deslocamentos aéreos
são chamadas de "indiretas" em relação ao torneio.
Nesse aspecto, segundo a ministra, ainda faltam 40% das emissões a serem
reduzidas. "Nós somos o País que mais reduz as emissões, sem custo e
voluntariamente. Em relação às reduções no setor florestal, as emissões que
cortamos representa toda a produção do Reino Unido", destacou Izabella.
O voo foi abastecido com querosene de aviação com uma mistura de 4% de
biocombustível, produzido a partir de óleo de milho, gorduras não vegetais.
Ao todo serão usados mais de 2 milhões de litros do combustível nos
deslocamentos da Seleção Brasileira e em voos comerciais da companhia, partindo
do Aeroporto do Galeão, no Rio.
"Essa iniciativa coloca a companhia na liderança mundial na redução
das emissões de carbono. Esperamos incorporar a tecnologia em voos comercial
com o biocombustível já a partir de 2015", destacou o diretor executivo de
operação da GOL, Sergio Quito.
Isenção
Durante o evento, o governo, empresas aéreas e associações de produtores
de biocombustível assinaram um protocolo de intenções para estudar a ampliação
do programa nos voos comerciais do País.
Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aereas
(Abear), Eduardo Sanowicz, para ampliar a escala da iniciativa e tornar o uso
dos biocombustíveis sustentáveis, ainda é preciso reduzir em cerca de 30% o
custo da bioquerosene.
"Temos compromisso internacional de reduzir à metade as emissões
até 2050. O fator técnico está praticamente concluído, mas ainda não o aspecto
econômico. Essas conversas procuram encontrar as condições para torná-lo
viável", afirmou Sanowicz.
O diretor da GOL, Sérgio Quito, defendeu a desoneração e redução de ICMS
para acelerar a implantação do combustível na malha viária.
"Para incluir nos voos já em 2016, seria necessário discutir uma
redução total ou parcial do imposto. Isso é fundamental para ampliar a escala,
tornar o negócio sustentável e atender às exigências internacionais. O
desenvolvimento do biocombustível traz enormes benefícios ambientais, mas
também estrutura uma cadeia de valor no País", destacou.
O consultor Arnaldo Vieira de Carvalho, que representou o Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID) no evento, destacou a importância
econômica da medida.
Segundo ele, a estruturação do setor fortalece os produtores agrícolas,
gera empregos e desenvolvimento tecnológico, tornando o País capaz de atender
também ao mercado internacional.
"Aqui é o lugar mais promissor para indústria de bioquerosene se
desenvolver e atender não só ao mercado interno."
Na avaliação da ministra do meio ambiente, o diálogo com os produtores,
empresas e governo está aberto para defender o melhor modelo para o setor.
"Este é um processo político que demanda envolvimento do setor
financeiro para adoção da tecnologia nacional. Estamos propondo uma repactuação
da leitura das emissões, olhando para o processo econômico, dentro da realidade
do mercado", afirmou. (biodieselbr)
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