Dentro da própria usina ou em
depósitos na vizinhança, dependendo do nível de radioatividade. Todo rejeito
radioativo é classificado de acordo com a atividade e a duração de seus
isótopos radioativos. Depois de um tempo de uso - geralmente um ano - o
combustível "vence" e precisa ser trocado. Esse rejeito de alta
atividade (RAA) é o mais perigoso, mas pode ser reciclado. Já os outros tipos
de lixo são os rejeitos de média e baixa intensidade, que são produzidos pelo
contato direto ou indireto de equipamentos, ferramentas e roupas de proteção
com o combustível da usina. Atualmente, eles são guardados em depósitos
temporários na própria usina ou no Centro de Gerenciamento de Rejeitos, em
Angra dos Reis (RJ). Mas uma das exigências feitas para a construção de Angra 3
foi exatamente a criação de um depósito geológico, para o armazenamento do lixo
radioativo até cem anos. Esse depósito guardará não só o lixo das usinas, mas
também rejeitos nucleares de hospitais e indústrias do país.
COLETA SELETIVA
O destino dos rejeitos varia de
acordo com a intensidade e a duração da radioatividade
1) No reator das usinas nucleares,
existem cilindros cheios de pastilhas de urânio enriquecido, que funcionam como
combustível para gerar energia. A cada ano, um terço desse combustível
"vence" e precisa ser trocado. Esse material é o rejeito de alta
atividade (RAA), que tem alto potencial de contaminação.
2) O RAA não presta como
combustível, mas ainda emitirá radiação e calor por séculos. Por isso, é
guardado dentro da própria usina, em uma piscina especial, feita para
resfriá-lo e conter a radiação perigosa. Quando as usinas de Angra forem
desativadas, esse material irá para um depósito geológico.
3) Equipamentos da usina que têm contato
direto com o RAA são contaminados e se tornam rejeitos de média atividade
(RMA). Cerca de mil vezes menos radioativo que o RAA, esse lixo é solidificado
em concreto dentro de barris metálicos.
4) O que tem contato indireto com o
RAA, como as roupas de proteção dos funcionários, ganha um nível de
contaminação baixo, cerca de mil vezes menor que o RMA. Esse resíduo de baixa
atividade (RBA) pode ser lavado para reuso, mas depois de algumas lavagens
também vai para os barris.
5) Selados, os barris são guardados
na usina e depois levados para um dos quatro depósitos intermediários de
Itaorna, a 2 quilômetros dali. Eles são vedados com concreto e resinas
isolantes para garantir nível zero de radiação mesmo no pátio externo do
depósito.
6) Por fim, os rejeitos radioativos
seguem para depósitos geológicos de longa duração, que podem armazenar também o
lixo vitrificado produzido no reprocessamento de combustível (ver quadro
Reciclagem radioativa). Hoje, o Brasil pesquisa o melhor local para a
construção de um depósito geológico, que deverá receber o rejeito das usinas de
Angra a partir de 2012.
RECICLAGEM RADIOATIVA
Veja como o combustível nuclear
pode ser reprocessado para reaproveitar o rejeito inicial dos reatores.
TUDO SE APROVEITA
O urânio usado no reator pode ser
reciclado com algumas tecnologias. A mais usada é a que o mistura com ácido
nítrico, numa reação que fornece três produtos: urânio mesmo, plutônio e um
material altamente radioativo.
SEGUNDA MÃO
Apenas 1% do produto da reação é o
isótopo de urânio pronto para ser reaproveitado. Outros 95% ainda precisam ser
enriquecidos para ser reutilizados. O urânio reciclado é mais caro que o
natural, mas é mais ecológico e reduz o volume de lixo produzido.
LIXO SEM REMÉDIO
Cerca de 3% do produto da
reciclagem é um rejeito inútil e altamente radioativo. Esse lixo é solidificado
em uma mistura com vidro especial e colocado em cilindros de aço para
armazenagem em depósitos geológicos especiais.
PLUTÔNIO FLEX
O plutônio obtido na reciclagem
pode ser misturado com urânio para formar o MOX, um outro tipo de combustível
nuclear que pode ser usado nas mesmas usinas movidas a urânio. Mas esse
material é bastante perigoso, porque, se cair em mãos erradas, o plutônio pode
ser extraído para a fabricação de bombas nucleares.
DE VOLTA PRA CASA
Só há três unidades capazes de
reciclar combustível radioativo no mundo, que, após a reciclagem, devolvem ao
país de origem a parte boa e o lixo. Por motivo de segurança, o transporte é
feito em navios parecidos com petroleiros, com forte esquema de segurança. (abril)
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