Energia solar: entraves desaceleram crescimento do mercado
Sistema promete benefícios econômicos para as indústrias.
Porém, alguns pontos ainda precisam ser trabalhados para viabilizar o aumento
do volume de instalações nas indústrias.
Sistema de energia solar instalado em indústria
O custo da energia elétrica pesa e muito no bolso das
indústrias. Recentemente, um estudo encomendado pelo jornal Folha de S.Paulo
para a Comerc Energia mostrou que 99% das indústrias pagarão valores mais altos
para ter acesso ao insumo, que teve um aumento de, em média, 24%, após a
promulgação da Medida Provisória 579. A medida foi promulgada em 2012 com o
intuito de diminuir os preços e prometia um deságio médio de 28% nas tarifas
das indústrias no ano passado. Porém, o levantamento mostrou que na prática
isso não aconteceu.
Por isso, a busca constante por minimizar o consumo virou
uma meta a ser alcançada em grande parte das empresas, seja pelo próprio apelo
financeiro como pela pressão ambiental – pela redução da emissão de CO2
ocasionado também pelas fontes geradoras de energia. A energia solar
fotovoltaica não é algo novo no Brasil – estima-se que ela já seja realidade no
país há 15 anos – ainda caminha a passos lentos perto da realidade de outros
países, como Espanha, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Japão, Índia, entre
outros, no qual a geração desse tipo de energia alternativa já têm mercados
consolidados.
Nos últimos anos, um dos passos importantes para o início da
expansão do mercado de energia solar fotovoltaica no Brasil foi a implementação
da normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que permite a
qualquer empresa ou pessoa física a possibilidade de produção desse tipo de
energia. Segundo o diretor da Neosolar Energia, consultoria especializada em
soluções em energia solar, Pedro Pintão, poucas indústrias contam com sistemas
de energia solar fotovoltaica instalados em suas plantas, o que impacta na
baixa representatividade desse tipo de alternativa.
Porém, a procura por esse caminho vem aumentando, de acordo
com o presidente da Associação Brasileira de Energia Alternativa e Meio
Ambiente (Abeama), Ruberval Baldini. “A indústria ainda tem sido conservadora
para o uso mais amplo dos sistemas térmicos, principalmente pela falta de
informação e por adotar processos convencionais de reaproveitamento de calor
gerado em alguns processos industriais.”
Mas para impulsionar de vez esse mercado para os trilhos do
crescimento, na visão de Pedro Pintão, é necessário driblar alguns entraves
ainda presentes no Brasil. O especialista elenca cinco pontos importantes, como
a cobrança de impostos, falta de financiamento, o despreparo das
concessionárias, processos de importação e certificação e ausência de mão de
obra qualificada.
Para Pedro Pintão, impostos como ICMS, PIS e Cofins são
cobrados sobre toda a energia fornecida pela distribuidora, e não se leva em
conta a energia compensada na unidade produtora. Outro aspecto levantado pelo
especialista é a ausência de uma política de crédito para que o consumidor
possa financiar a compra dos equipamentos e instalação do sistema de energia
solar, pagando-os ao longo de sua vida útil.
Pelo fato do mercado ainda estar em processo de evolução, as
concessionárias estão em fase de adaptação, o que implica na demora da
aprovação dos projetos de instalação dos sistemas de energia solar. Além disso,
os equipamentos para a produção desse tipo de energia vêm de fora, em sua
grande maioria, de acordo com Pedro Pintão, e isso os coloca na realidade da
importação no Brasil, “sofrem as etapas da importação, demandas alfandegárias e
péssima estrutura aeroportuária.” Antes de serem comercializados, esses
equipamentos passam pelo processo de certificação obrigatório “que ainda está
em fase de desenvolvimento”, ressalta o consultor.
Além desse fato, não há mão de obra qualificada para atender
as demandas do mercado. Pedro Pintão conta que a Neosolar Energia passou a
ministrar cursos para instaladores fotovoltaicos, abertos para técnicos,
eletricistas e engenheiros. (emobile)
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