Sistema possibilita transformar caixas d’água em mini usina hidrelétrica
À direita, a caixa d’água com os dois fios elétricos que a conectam à
mini usina, transmitindo a energia gerada a toda a casa.
À direita, a caixa
d’água com os dois fios elétricos que conectam à mini usina, transmitindo a
energia gerada a toda a casa.
O fornecimento
regular de energia elétrica em cidadezinhas afastadas dos grandes centros
urbanos é um grande desafio para o desenvolvimento econômico. Além do
alto custo de manutenção da rede elétrica, em locais como esses, é comum que
fortes chuvas ou mesmo desastres ambientais provoquem apagões e deixem a
população sem eletricidade. Pensando numa solução para o problema, o casal de
empreendedores Mauro Serra e Jorgea Marangon vem desenvolvendo um sistema
extremamente simples e não poluente como alternativa para complementar ao uso
da energia elétrica sem nenhum custo adicional aos moradores: a Unidade
Geradora de Energia Sustentável (UGES), uma espécie de mini usina hidrelétrica
que transforma o abastecimento de água utilizado nas caixas d’água em energia
elétrica. O produto conta com recursos do edital Apoio a Modelos de Inovação Tecnológica e
Social, da FAPERJ e foi
patenteado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial.
“A UGES transforma a
passagem da água que abastece os reservatórios em um sistema gerador de
energia. Vale destacar que o consumo diário de água no país é em média de
250 litros diários por pessoa, consumo que é totalmente desperdiçado como
forma de energia. Ao desenvolver um sistema que reaproveita essa energia,
podemos gerar eletricidade, sem emissão de gases e totalmente limpa”, explica
Mauro Serra.
Com pequenas
dimensões, a unidade geradora é acoplada à entrada de água da caixa e
conectada, por fios elétricos, a uma unidade móvel de tamanho aproximado a um
pequeno container – que pode ter rodinhas e ser móvel. Composta por várias
partes, desde a válvula que regula a entrada de água, uma válvula
pressurizadora para gerar pressão na saída para a caixa, fiação, unidade
acumuladora móvel, composta de diversos aparelhos de recarga, inversor de
energia, tomadas de saída para transformar a energia gerada em eletricidade,
com espaço para duas baterias grandes, essa mini usina é autossustentável. Isso
significa que o sistema só precisa de água circulando para gerar, armazenar e
distribuir energia.
“Ao entrar pela
tubulação para abastecer a caixa, a água que vem da rua é pressurizada
pelo sistema gerador de energia, passando pela mini usina fixada e angulada na
saída de água do reservatório. Girando com pressão mínima de 3 a 5 bar, ela
gera nova energia, que, por sua vez, será levada, pelos fios elétricos, ao
sistema que transformará a energia de 12 V em 110/220 V e a acumulará
para abastecer o local. A energia elétrica gerada tem capacidade para abastecer
lâmpadas de iluminação, geladeira, rádio, computador, ventilador e outros
aparelhos domésticos”, explica Mauro Serra.
“O sistema é simples:
abastece de água a caixa, gera e acumula energia, abastecendo eletricidade para
fazer funcionar eletrodomésticos da casa. Tudo vai funcionar de acordo com o
consumo de água local. Ou seja, consumiu água, gerou energia”, completa a
engenheira Jorgea. Ela afirma ainda que, caso não haja demanda de energia, a
eletricidade que sobra é exportada para um banco de baterias – necessárias para
garantir que a energia gerada pelo sistema seja armazenada. Ali, ela fica
armazenada para eventuais necessidades. Equipamentos de alto consumo de
energia, no entanto, como secadores de cabelo, ar-condicionado, chuveiros
elétricos, ferros de passar roupa e fornos micro-ondas, não devem ser ligados
ao equipamento”, explica o empreendedor.
Os empreendedores
destacam também que a unidade geradora deve ser compatível com o volume do
reservatório de água local. “Em um lugar público, por exemplo, onde a
quantidade de água consumida é maior, tem-se uma caixa d’água maior. Logo, a
UGES deverá ter suas dimensões calculadas para esse consumo e, assim, gerar
energia compatível. Se ela for instalada em um sistema de abastecimento de água
municipal, poderá, por exemplo, ser dimensionada para gerar energia suficiente
para abastecer a iluminação pública. Imagine então esse benefício em certos
locais, como restaurantes, lavanderias, ou mesmo indústrias, onde o consumo de
água é grande. Com o nosso sistema, esse gasto de água pode se tornar de vilão
a um grande benefício para a geração de energia”, afirmam entusiasmados Mauro e
Jorgea.
O casal ainda chama a
atenção para o fato de que além de poder ser empregada por municípios, o
projeto pode ser disseminado de modo a minimizar o efeito de catástrofes
ambientais que provocam falhas de transmissão e falta de energia elétrica. “Já
que é independente da energia fornecida pelas distribuidoras, o sistema pode
atender a cada residência. Ou seja, cada casa poderá gerar energia
independente”, destaca Serra. E ainda chama atenção para a eficiência e o
custo-benefício da UGES, que é capaz de superar em muitas outras fontes de
energia alternativa e não poluentes, como a solar e a eólica, pelo fato de
gerar eletricidade de modo constante. “Sua instalação é adequada a qualquer
lugar, a geração de energia é maior, não depende do sol nem ventos, é de
pequeno porte e atende a qualquer tipo de consumo de água, seja para apenas um
único morador, seja para um município”, conclui Jorgea. (ecodebate)
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