Microgeração de energia elétrica em sistemas de abastecimento de água
Cada vez mais as concessionárias de abastecimento de água
têm se preocupado em realizar ações de eficiência energética. Isso se deve ao
fato do aumento da demanda de água e ao aumento dos custos de produção de água
tratada. Os grandes alvos para estudos de eficiência energética são os sistemas
de bombeamento, responsáveis por cerca de 90% do consumo de energia de um
sistema de abastecimento. Dentre as principais ações estão a substituição dos
conjuntos motobombas por equipamentos mais eficientes, a redução da altura
manométrica de bombeamento, seja pela limpeza das tubulações ou pelo seu
redimensionamento, redução das perdas reais de água que, indiretamente, diminui
a vazão bombeada.
Entretanto, alguns sistemas se beneficiam de sua topografia
privilegiada, realizando a captação e distribuição por gravidade, evitando os
altos custos com bombeamento. Nesse ponto surge a questão: esse tipo de sistema
é 100% eficiente?
Do ponto de vista dos custos operacionais pode-se dizer que
sim, pois a maior parcela, relativa aos gastos com energia elétrica dos
sistemas de bombeamento, não existe. Entretanto, quando consideramos o termo
“eficiência energética” essa afirmação não é verdadeira. A eficiência
energética busca otimizar o uso das fontes de energia. Nesse caso a fonte de
energia é a potencial, existente no desnível entre a captação e a estação de
tratamento (ETA) e entre a ETA e a rede de distribuição. Em muitos desses
casos, parte dessa energia potencial é dissipada em válvulas redutoras de
pressão ou reservatórios, ou seja, a energia não foi aproveitada da melhor
forma. Uma alternativa para otimizar esses sistemas seria o aproveitamento
dessa energia excedente para geração de energia. Atualmente, de acordo com a
resolução 482, da ANEEL, é possível conectar uma microcentral à rede e realizar
a “troca” da energia gerada pela consumida. Caso o local onde a energia seja
gerada tenha um consumo menor que a produção, o excedente pode ser utilizado
por outra unidade, desde que pertença à mesma concessionária.
Em muitos desses sistemas, alguns componentes básicos de uma
microcentral, como câmara de carga, conduto forçado e válvulas, já existem, o
que reduz significativamente o investimento necessário. Outro ponto a ser
considerado é o uso de bombas funcionando como turbinas (BFTs), que para a
faixa de potência das microcentrais apresentam um bom rendimento com um custo
inferior ao de turbinas convencionais.
A atratividade dessas microcentrais deve-se principalmente
ao baixo custo inicial, já que grande parte dos componentes já existe. O uso de
BFTs nesses casos também se mostrou de grande valia, já que turbinas
convencionais apresentaram custos de até 5 vezes maior, com rendimento igual e algumas vezes inferior ao da BFT. Dessa
forma, pode-se afirmar que até mesmo sistemas que utilizam apenas a gravidade
para realizar a captação e a distribuição de água também podem melhorar sua operação
e aumentar seus lucros. (tecnocontrol)
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