quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Microgeração de energia elétrica e o abastecimento d'água

Microgeração de energia elétrica em sistemas de abastecimento de água
Cada vez mais as concessionárias de abastecimento de água têm se preocupado em realizar ações de eficiência energética. Isso se deve ao fato do aumento da demanda de água e ao aumento dos custos de produção de água tratada. Os grandes alvos para estudos de eficiência energética são os sistemas de bombeamento, responsáveis por cerca de 90% do consumo de energia de um sistema de abastecimento. Dentre as principais ações estão a substituição dos conjuntos motobombas por equipamentos mais eficientes, a redução da altura manométrica de bombeamento, seja pela limpeza das tubulações ou pelo seu redimensionamento, redução das perdas reais de água que, indiretamente, diminui a vazão bombeada.
Entretanto, alguns sistemas se beneficiam de sua topografia privilegiada, realizando a captação e distribuição por gravidade, evitando os altos custos com bombeamento. Nesse ponto surge a questão: esse tipo de sistema é 100% eficiente?
Do ponto de vista dos custos operacionais pode-se dizer que sim, pois a maior parcela, relativa aos gastos com energia elétrica dos sistemas de bombeamento, não existe. Entretanto, quando consideramos o termo “eficiência energética” essa afirmação não é verdadeira. A eficiência energética busca otimizar o uso das fontes de energia. Nesse caso a fonte de energia é a potencial, existente no desnível entre a captação e a estação de tratamento (ETA) e entre a ETA e a rede de distribuição. Em muitos desses casos, parte dessa energia potencial é dissipada em válvulas redutoras de pressão ou reservatórios, ou seja, a energia não foi aproveitada da melhor forma. Uma alternativa para otimizar esses sistemas seria o aproveitamento dessa energia excedente para geração de energia. Atualmente, de acordo com a resolução 482, da ANEEL, é possível conectar uma microcentral à rede e realizar a “troca” da energia gerada pela consumida. Caso o local onde a energia seja gerada tenha um consumo menor que a produção, o excedente pode ser utilizado por outra unidade, desde que pertença à mesma concessionária.
Em muitos desses sistemas, alguns componentes básicos de uma microcentral, como câmara de carga, conduto forçado e válvulas, já existem, o que reduz significativamente o investimento necessário. Outro ponto a ser considerado é o uso de bombas funcionando como turbinas (BFTs), que para a faixa de potência das microcentrais apresentam um bom rendimento com um custo inferior ao de turbinas convencionais.
A atratividade dessas microcentrais deve-se principalmente ao baixo custo inicial, já que grande parte dos componentes já existe. O uso de BFTs nesses casos também se mostrou de grande valia, já que turbinas convencionais apresentaram custos de até 5 vezes maior, com rendimento igual e algumas vezes inferior ao da BFT. Dessa forma, pode-se afirmar que até mesmo sistemas que utilizam apenas a gravidade para realizar a captação e a distribuição de água também podem melhorar sua operação e aumentar seus lucros. (tecnocontrol)

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