A crise energética talvez possa ser
resumida de outra forma também, utilizando os parâmetros apresentados por
Miller (1965) (apud BRAGA et al, 2002):
1. Os
primitivos seres humanos em padrão de vida ainda nômade, tinham um consumo
médio de 2.000 quilocalorias por dia, obtidos através do consumo de alimentos,
no caso caça, pesca e extrativismo;
2. Os
primeiros grupos de caçadores, nômades ou gregários aumentaram este consumo
para cerca de 5.000 kcal/dia, incluídos o consumo de alimentos e os demais
gastos energéticos;
3. Os
primeiros agricultores, já certamente gregários, usando o fogo (queima de
madeira) para cozimento e aquecimento e utilizando ainda tração animal para o
plantio, elevaram o consumo de calorias para em torno de 12.000 kcal/dia,
considerando o consumo de energia através da alimentação para sustento dos
indivíduos e consumo geral de energia para as atividades coletivas;
4. Na
Revolução Industrial, no século XIX, a madeira e os combustíveis fósseis foram
empregados para movimentar máquinas e locomotivas e para converter minério em
metais e fundir areia em vidro. Nações como Inglaterra e Estados Unidos elevam
o consumo médio de calorias para cerca de 60.000 kcal/dia considerando a
quantidade de alimentos e o consumo de energia para as demais atividades
coletivas em sociedade;
5. Atualmente
o consumo “per capita” mundial diário de energia, contando alimentação e
necessidades sociais coletivas é de cerca de 125.000 kcal/dia, mas é totalmente
mal distribuídos e com desequilíbrios insuportáveis entre os países.
Desde a revolução industrial, os
desequilíbrios só cresceram. A Índia, por exemplo, responsável por cerca de 15%
da população mundial, consome apenas 1,5% da energia do planeta.
Existem hoje no mundo duas
correntes que defendem estratégias opostas para enfrentar a crise energética.
Uma delas segue a linha de conduta mais tradicional e recebe a denominação de
“trajetória severa” ou “modelo do mundo em crescimento”.
E a outra é chamada de “trajetória
branda” ou “modelo de crescimento sustentável” (Miller, 1965) (apud BRAGA et
al, 2002):
1. os
defensores da linha do mundo em crescimento enfatizam a necessidade de
incentivar os suprimentos de energias não-renováveis; defendem também o aumento
da oferta através de grandes usinas termoelétricas e nucleares, além da aposta
que no futuro o incremento nas tecnologias de fissão e fusão nuclear (reatores
Breeder), em longo prazo seriam capazes de satisfazer as necessidades;
2. os
defensores da linha do crescimento sustentável argumentam que o caminho mais
rápido, eficiente e barato para prover a energia necessária para o futuro, é
uma combinação do aumento da eficiência no uso de energia, diminuição da
utilização de recursos energéticos não-renováveis, eliminação de usinas
nucleares, pois consideram esta tecnologia antieconômica, insegura e
desnecessária e por fim o aumento do emprego de fontes renováveis,
principalmente fontes solares diretas e indiretas.
As abordagens indicam que a questão
dos recursos energéticos, bem como dos recursos hídricos, tendem a se agravar
muito no futuro.
Miller (1965) (apud BRAGA et al,
2002) assevera que “a primeira decisão
a tomar refere-se a quanto de energia se quer obter e qual a qualidade exigida.
Necessita-se calor a baixa temperatura, de calor a alta temperatura, de
eletricidade, de combustível para transporte? Isso envolve decidir o tipo e a
qualidade de energia requerida para melhor desempenho em face de uma ou várias
necessidades. Feito isso, deve-se determinar qual fonte pode atender a essas
necessidades, a mínimo custo e menor impacto ambiental. Ao analisar a
possibilidade de aproveitamento de uma fonte de energia devemos responder as
seguintes perguntas:
1. Qual o potencial de aproveitamento da fonte,
a curto, médio e longo prazo?
2. Qual o rendimento esperado?
3. Qual o
custo de desenvolvimento, construção e operação?
4. Quais são os impactos sociais, de segurança
(militar e econômica) e como estes fatores podem ser atenuados?
As respostas adequadas a estas
questões são fundamentais para estabelecer a viabilidade dos aproveitamentos
energéticos.
Seria desnecessário enfatizar, mas
os maiores desafios tecnológicos deste milênio passam pela solução da questão
energética e dos recursos hídricos.
Os inúmeros exemplos não
terminariam. Obviamente uma introdução às questões da Percepção Ambiental e das
diretrizes para compreender a questão ambiental, não tem a pretensão de trazer
respostas fechadas ou prontas para as grandes questões da humanidade.
Queremos apenas trazer o
conhecimento do tema, e alguns dados relevantes e motivar a participação e a
conscientização de todos na formulação das ideias que possam representar passos
decisivos nos avanços da humanidade e na busca da felicidade e das condições
dignas de vida para a maioria das populações. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário