Briquetes prontos para gerar energia em indústrias e fábricas que
utilizam caldeiras.
O Brasil possui condições
vantajosas para produzir energia, mas a recomendação é de que não sejamos
dependentes de fontes não renováveis como o petróleo, o gás natural, o urânio
ou do carvão mineral. Necessitamos buscar fontes renováveis de energia. No
Brasil, a biomassa é a principal fonte de energia renovável. Ela gera calor,
energia elétrica e pode ser transformada em biocombustível sólido como briquetes,
resultante da compactação de resíduos vegetais, por exemplo. Como somos um dos
maiores produtores agrícolas e florestais do mundo, a quantidade gerada de
biomassa residual pode e deve ser melhor aproveitada, especialmente na forma de
briquetes e péletes.
Os briquetes podem ser produzidos a partir de
qualquer resíduo vegetal, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, José
Dilcio Rocha, que participa da Dinapec 2015. Em sua apresentação feita para um
público formado por professores, universitários, estudantes, produtores e
empresários ele explica em detalhes como os briquetes são feitos, suas
vantagens, utilização e investimento para produção.
Dentre os materiais utilizados para produzir
os briquetes o pesquisador cita a serragem e restos de serraria, casca de
arroz, sabugo e palha de milho, palha e bagaço de cana-de-açúcar, casca de
algodão, casca de café, soqueira de algodão, feno ou excesso de biomassa de
gramíneas forrageiras, cascas de frutas, cascas e caroços de palmáceas, folhas
e troncos das podas de árvores nas cidades. Os briquetes possuem diâmetro
superior a 50 mm e substituem a lenha em muitas aplicações, inclusive em
residências (lareiras e churrasqueiras), hotéis (geração de vapor) em
indústrias (uso em caldeiras) e estabelecimentos comerciais como olarias,
cerâmicas, padarias, pizzarias, lacticínios, fábricas de alimentos, indústrias
químicas, têxteis e de cimento. Do ponto de vista econômico, o pesquisador
alerta para a realização de um plano de negócio, já do ponto de vista ambiental
ele afirma que a tendência é se tornar um bom ou excelente investimento.
No Brasil são produzidos cerca de 1,2 milhão
de toneladas de briquetes por ano. Destes, 930 mil toneladas são de madeira e
272 mil toneladas de resíduos agrícolas. A taxa de crescimento da demanda de
briquete é de 4,4% ao ano, o que demonstra a importância potencial no mercado
de energia renovável, atesta o pesquisador. Ele afirma também que nosso país
possui condições vantajosas para produzir com sucesso briquetes como também
péletes, outro substituto da lenha em muitas aplicações. “A prática é excelente
opção para vários setores produtivos agregarem valor aos resíduos que hoje são
subaproveitados”.
Fábrica de briquetes demonstra linha de
produção para visitantes
A oficina sobre briquetes incluiu a visita a
uma empresa de Campo Grande, MS, que produz briquetes, a Eco Esfera Indústria e
Comércio de Artefatos de Madeiras. No local os visitantes tiveram a
oportunidade de acompanhar a linha de produção, ver o funcionamento das
máquinas, etapas da fabricação e tirar dúvidas com o proprietário Glauco Silva,
um adepto da preservação do ambiente. O briquete tem alto poder calorífico e
produz pouca fumaça, diz Glauco. “É um produto 100% reciclado e é feito de
madeira com baixo teor de umidade. Produzimos o industrial feito em forma de
bolachas e o em forma de tarugos de 5 a 10 centímetros de diâmetro e 40
centímetros de comprimento, para utilização em fornos de padarias e pizzarias e
também para uso doméstico. É um combustível ecologicamente correto, substituindo
a lenha”. Segundo ele, o poder de calor do briquete é de 5000 Kcal/kg e o da
lenha 750 kcal/kg e 1 tonelada de briquete corresponde a três árvores altas
preservadas ou 7 m3 de madeira.
Participantes da oficina de briquetes na
Dinapec ficaram satisfeitos com as apresentações e a programação do evento.
“Divulgar esta tecnologia de aproveitamento de resíduos é importante”, disse
Brenda Farias, estudante de zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul, que igualmente com outras 12 universitárias ficaram surpresas com a visita
à fábrica Eco Esfera. “Foi muito bom assistir a palestra e ver de perto o
processo de fabricação dos briquetes, disse Brenda, que não sabia da existência
em Campo Grande de uma fabrica de lenha ecológica”. Fábio Alexandre, gerente da
Agropecuária AGRO HB, também saiu da Dinapec com boa impressão. “Fiz a
inscrição nesta oficina porque tenho interesse em fazer este tipo de
aproveitamento na fazenda”. Já o engenheiro mecânico e professor da
Universidade Federal da Grande Dourados, Antonio Carlos de Souza, lamentou não
ter divulgado mais o evento entre os colegas. Ele aproveitou para levar uma
publicação técnica da Embrapa sobre produção de briquetes e uma amostra do
produto para apresentar aos seus alunos do curso de engenharia de energia.
O pesquisador da Embrapa Agroenergia, José
Dilcio, que ministrou a oficina de briquetes pela primeira vez na Dinapec
gostou da receptividade do público. Disse que a Dinapec é aconchegante e uma
feira tecnológica interessante e que a Embrapa tem tudo para dar um salto ainda
maior neste tipo de ação. (ecodebate)
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