sexta-feira, 6 de março de 2015

Shoppings fonte emergencial na geração de energia elétrica

Shoppings como fonte emergencial para geração de energia elétrica
O Ministro de Minas Energia, Eduardo Braga, está correto quando sugere utilizar os grupos geradores de reserva dos shoppings centers como fontes de geração de energia elétrica no horário de ponta. Trata-se de uma maneira rápida de disponibilizar energia elétrica num sistema que está prestes a entrar em racionamento.
Este chamamento feito pelo Ministro para que os shoppings centers coloquem seus grupos geradores de reserva operando no horário de ponta da curva de demanda de energia elétrica, que atualmente ocorre entre as 14 horas às 22 horas, pode contribuir com o déficit de capacidade de geração que atualmente ocorre no país.
A questão é que os shoppings centers façam o que a maioria dos supermercados e grande número de fábricas já fazem, só que em outro horário. O chamado horário de ponta é convencionado entre 17 às 19 horas. Tal ação é feita para diminuir a demanda contratada no horário mencionado, pois a tarifa de energia cobrada neste horário chega a custar cinco vezes o valor da energia contratada fora do horário de ponta. Ou seja, os shoppings e outras empresas fazem isso para diminuir o custo do contrato de energia elétrica junto à concessionária.
Figura 1- Curva Típica de Demanda de Energia Elétrica em Shopping Center no Brasil – Energia Gerada pelo GG Diesel em horário de ponta.
A Figura mostra uma curva típica de demanda de energia elétrica em shoppings centers, O valor 1 corresponde à situação em que a potência consumida pelo shopping iguala-se à  demanda contratada..  A diferença entre a demanda contratada dentro e fora do horário de ponta corresponde à potência que o Grupo Diesel deve ter para suprir as necessidades energéticas do Shopping. A área marcada corresponde à potência gerada pelo grupo Diesel e essa energia gerada é consumida pelo shopping.
Figura 2- Curva Típica de Demanda de Energia Elétrica em Shopping Center no Brasil – Energia Gerada pelo GG Diesel em Horário Atual de Ponta – proposta do Ministro Eduardo Braga.
A proposta do Ministro propõe que estes grupos Diesel passem a operar no atual pico de energia que vai das 14horas às 22horas. Neste caso, o Grupo Diesel geraria a energia marcada em amarelo, mostrada na Figura 2. O grupo gerador operaria 3 horas a mais, gerando um saldo de energia que ajudaria a atenuar o estresse no sistema de geração nacional. O que é muito interessante, visto que essa energia pode ser injetada de imediato no sistema.
Para se ter uma ideia de quanto  essa disponibilidade pode representar em energia, supondo que no caso de shoppings centers a capacidade média deste grupos geradores esteja na ordem de 1 MW e que há no Brasil por volta de 541 unidades, a capacidade de geração disponibilizada é de 541 MW, que corresponde à um acréscimo de 0,4% na capacidade de geração de energia elétrica no país.   Considerando o tempo médio de geração de cada unidade, fora do atual horário de ponta, que é de 3 horas, a energia gerada por estas unidades seria de 1623 MWH por dia, ou 593,4 GWH de energia elétrica no ano. Ou seja, 9 % da energia eólica gerada em 2013, ou 0,1 % da energia elétrica gerada no Brasil em 2013.
Agora se consideramos que estes grupos geradores tenham a energia comprada para o dia todo, levando em conta que a recomendação dos fabricantes é que estes grupos geradores operem em regime de 8 horas contínuas por 4 horas parados, para manutenção, pelos gráficos das figuras 1 e 2, descontando-se o horário de pico, verifica-se que haverá uma disponibilidade de 13 horas de operação, o que representaria 0,45% de acréscimo na garantia de energia a ser gerada no país. Pouco, mas considerável em tempo de crise.
Agora, se considerarmos que além dos Shoppings Centers, há no Brasil milhares de supermercados, cujas demandas são menores, e indústrias que também contam com grupos geradores Diesel de segurança, é possível estimar que caso se consiga motivá-los a gerar energia elétrica, pode-se estimar por baixo, algo em torno de 2.000 MW de capacidade instalada apta a entrar de imediato no sistema de geração de energia elétrica. O que constitui   uma quantidade considerável de energia nova no sistema.
Apesar da possibilidade real de se injetar esta energia, isso gera algumas dificuldades a serem ultrapassadas. Uma delas é a questão: como motivar estes empreendimentos a colocar os grupos geradores em operação neste horário de ponta estendido?
Uma maneira é tornar a geração da energia elétrica economicamente atraente ao empreendedor. Ou seja, promover meios para que a tarifa de compra da sua energia seja igual ou superior à tarifa evitada fora do horário de ponta. Por exemplo, dependendo da concessionária, hoje paga-se pela tarifa fora do horário de ponta algo em torno é de R$ 330,00 o MWH e no horário de ponta o valor passa para R$ 1.020,00. O custo para gerar a energia elétrica pelo grupo gerador Diesel é de R$ 500,00 o MWH. Ou seja, o empreendedor tem um ganho de R$ 520,00 por MWH gerado, o que justifica o investimento do gerador, que é de R$ 700 a R$ 800 mil o MW instalado.
Já para gerar fora do horário de ponta o gerador terá uma perda de R$ 190,000 por MWH gerado. Se o gerador for ressarcido pela energia gerada pela tarifa hoje praticada no mercado, que é de R$ 388,00 o MWh, ele teria uma perda de R$ 112,00 o MWh gerado.
Ou seja, que seja ressarcido pela tarifa pela qual compra a energia da concessionária, quer seja pela tarifa praticada no PLD o empreendedor terá prejuízo!
Assim, para incentivar o empreendedor a disponibilizar esta energia, a tarifa a ser praticada deverá ser superior ao seu custo operacional, taxas e impostos, algo em torno de R$ 600,00 o MWH.
E qual seria o mecanismo de compra da energia? Sugere-se a promoção de um leilão especial para compra de energia, prevendo-se o fornecimento imediato da energia contratada. (ambienteenergia)

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