Shoppings como fonte emergencial para geração de energia elétrica
O Ministro de Minas Energia,
Eduardo Braga, está correto quando sugere utilizar os grupos geradores de
reserva dos shoppings centers como fontes de geração de energia elétrica no
horário de ponta. Trata-se de uma maneira rápida de disponibilizar energia
elétrica num sistema que está prestes a entrar em racionamento.
Este chamamento feito pelo Ministro
para que os shoppings centers coloquem seus grupos geradores de reserva
operando no horário de ponta da curva de demanda de energia elétrica, que
atualmente ocorre entre as 14 horas às 22 horas, pode contribuir com o déficit
de capacidade de geração que atualmente ocorre no país.
A questão é que os shoppings
centers façam o que a maioria dos supermercados e grande número de fábricas já
fazem, só que em outro horário. O chamado horário de ponta é convencionado
entre 17 às 19 horas. Tal ação é feita para diminuir a demanda contratada no
horário mencionado, pois a tarifa de energia cobrada neste horário chega a
custar cinco vezes o valor da energia contratada fora do horário de ponta. Ou
seja, os shoppings e outras empresas fazem isso para diminuir o custo do
contrato de energia elétrica junto à concessionária.
Figura 1- Curva Típica de Demanda
de Energia Elétrica em Shopping Center no Brasil – Energia Gerada pelo GG
Diesel em horário de ponta.
A Figura mostra uma curva típica de
demanda de energia elétrica em shoppings centers, O valor 1 corresponde à
situação em que a potência consumida pelo shopping iguala-se à demanda
contratada.. A diferença entre a demanda contratada dentro e fora do
horário de ponta corresponde à potência que o Grupo Diesel deve ter para suprir
as necessidades energéticas do Shopping. A área marcada corresponde à potência
gerada pelo grupo Diesel e essa energia gerada é consumida pelo shopping.
Figura 2- Curva Típica de Demanda
de Energia Elétrica em Shopping Center no Brasil – Energia Gerada pelo GG
Diesel em Horário Atual de Ponta – proposta do Ministro Eduardo Braga.
A proposta do Ministro propõe que
estes grupos Diesel passem a operar no atual pico de energia que vai das
14horas às 22horas. Neste caso, o Grupo Diesel geraria a energia marcada em
amarelo, mostrada na Figura 2. O grupo gerador operaria 3 horas a mais, gerando
um saldo de energia que ajudaria a atenuar o estresse no sistema de geração
nacional. O que é muito interessante, visto que essa energia pode ser injetada
de imediato no sistema.
Para se ter uma ideia de quanto
essa disponibilidade pode representar em energia, supondo que no caso de
shoppings centers a capacidade média deste grupos geradores esteja na ordem de
1 MW e que há no Brasil por volta de 541 unidades, a capacidade de geração disponibilizada
é de 541 MW, que corresponde à um acréscimo de 0,4% na capacidade de geração de
energia elétrica no país. Considerando o tempo médio de geração de
cada unidade, fora do atual horário de ponta, que é de 3 horas, a energia
gerada por estas unidades seria de 1623 MWH por dia, ou 593,4 GWH de energia
elétrica no ano. Ou seja, 9 % da energia eólica gerada em 2013, ou 0,1 % da
energia elétrica gerada no Brasil em 2013.
Agora se consideramos que estes
grupos geradores tenham a energia comprada para o dia todo, levando em conta
que a recomendação dos fabricantes é que estes grupos geradores operem em
regime de 8 horas contínuas por 4 horas parados, para manutenção, pelos
gráficos das figuras 1 e 2, descontando-se o horário de pico, verifica-se que haverá
uma disponibilidade de 13 horas de operação, o que representaria 0,45% de
acréscimo na garantia de energia a ser gerada no país. Pouco, mas considerável
em tempo de crise.
Agora, se considerarmos que além
dos Shoppings Centers, há no Brasil milhares de supermercados, cujas demandas
são menores, e indústrias que também contam com grupos geradores Diesel de
segurança, é possível estimar que caso se consiga motivá-los a gerar energia
elétrica, pode-se estimar por baixo, algo em torno de 2.000 MW de capacidade
instalada apta a entrar de imediato no sistema de geração de energia elétrica.
O que constitui uma quantidade considerável de energia nova no
sistema.
Apesar da possibilidade real de se
injetar esta energia, isso gera algumas dificuldades a serem ultrapassadas. Uma
delas é a questão: como motivar estes empreendimentos a colocar os grupos
geradores em operação neste horário de ponta estendido?
Uma maneira é tornar a geração da
energia elétrica economicamente atraente ao empreendedor. Ou seja, promover
meios para que a tarifa de compra da sua energia seja igual ou superior à
tarifa evitada fora do horário de ponta. Por exemplo, dependendo da
concessionária, hoje paga-se pela tarifa fora do horário de ponta algo em
torno é de R$ 330,00 o MWH e no horário de ponta o valor passa para
R$ 1.020,00. O custo para gerar a energia elétrica pelo grupo gerador Diesel é
de R$ 500,00 o MWH. Ou seja, o empreendedor tem um ganho de R$ 520,00 por MWH
gerado, o que justifica o investimento do gerador, que é de R$ 700 a R$ 800 mil
o MW instalado.
Já para gerar fora do horário de
ponta o gerador terá uma perda de R$ 190,000 por MWH gerado. Se o gerador for
ressarcido pela energia gerada pela tarifa hoje praticada no mercado, que é de
R$ 388,00 o MWh, ele teria uma perda de R$ 112,00 o MWh gerado.
Ou seja, que seja ressarcido pela
tarifa pela qual compra a energia da concessionária, quer seja pela tarifa
praticada no PLD o empreendedor terá prejuízo!
Assim, para incentivar o
empreendedor a disponibilizar esta energia, a tarifa a ser praticada deverá ser
superior ao seu custo operacional, taxas e impostos, algo em torno de R$ 600,00
o MWH.
E qual seria o mecanismo de compra
da energia? Sugere-se a promoção de um leilão especial para compra de energia,
prevendo-se o fornecimento imediato da energia contratada. (ambienteenergia)
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