Especialistas alertam para
condição de hidrelétricas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste
Usina
Hidrelétrica de Mauá
O diretor do Instituto Luiz Alberto Coimbra de
Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), Luiz Pinguelli Rosa, avaliou
que se não chover em quantidade satisfatória, algumas hidrelétricas que geram
energia para as regiões Sudeste e Centro-Oeste só terão condições de operar por
mais um mês. O alerta foi feito em carta que o diretor encaminhou ao ministro
de Minas e Energia, Eduardo Braga, e que inclui dados do estudo do diretor do
Instituto de Desenvolvimento do Setor Energético (Ilumina), Roberto D’Araujo.
“Se não chover, estamos perdidos. Se chover
50% da média [tradicional], vamos ter racionamento no meio do ano, porque o
período de seca começa em abril. É mais do que urgente começar alguma coisa.
Todas as medidas que estão sendo tomadas estão corretas, mas com um grande
atraso”, revelou à Agência Brasil. No trabalho da Ilumina, D’Araujo indica que
a situação hídrica do país é bastante severa, mas não é inédita. Aponta ainda
que o caso mais grave é o do Rio São Francisco, que registra índices
declinantes há mais de dez anos.
A análise foi apresentada no seminário A Crise
Hídrica e a Geração de Energia Elétrica”, coordenado pela Coppe com
especialistas do setor, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no
Fundão, zona norte do Rio de Janeiro. Os dois especialistas defenderam a
adoção, pelo governo, de uma campanha de esclarecimento da população sobre o
uso racional de energia e água. “É igual campanha de vacinação de saúde pública
contra a dengue. Tem que ter uma campanha para economizar energia e água. O
governo tem que educar e estabelecer regras. No momento é a solução. São Pedro
não tem nada a ver com isso”, disse D’Araujo.
Na avaliação do diretor do Ilumina, o setor
elétrico precisa passar também por uma reformulação. “O critério de operação
tem que mudar. Precisamos rever os certificados de garantia dados a cada usina.
No passado tínhamos reservatórios que eram capazes de guardar água equivalente
ao consumo de dois anos. Nós não temos mais, e a carga foi subindo. A maneira
de operar os reservatórios tem que ser alterada, e os certificados definidos no
passado têm que ser mudados, porque o critério mudou. O problema é que a gente
botou valores fixos para cada usina, dependente de um critério de operação, e
ele mudou”, disse ele.
Segundo D’Araujo, o governo deveria também
incentivar o uso de lâmpadas de led, que além de gastarem menos energia,
esquentam menos o ambiente, e reduzir os impostos para a instalação e aquisição
de placas de energia, incluindo os tributos sobre a utilização de energia
solar. “Esse incentivo transforma o consumidor em uma espécie de investidor do
setor elétrico. Telhados com placas solares, o preço no Brasil é proibitivo,
porque as placas pagam imposto, e ao se produzir a energia e não usar, fica com
o saldo na Light, mas se consumir de volta, paga ICMS. É um negócio
inacreditável. É como se você produzisse tomate no seu jardim e na hora de
consumir tivesse que pagar ICMS”, completou, informando que ações como estas
favoreceriam um sistema mais eficaz. “Está tudo atrasado”, salientou.
(ecodebate)
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