Afora
o simplismo de considerar somente a extensão territorial como fator
determinante para a enorme vocação do país para a obtenção de combustíveis a
partir de biomassa, desconsiderando fatores climáticos, recursos humanos e
tecnologia, se inicia ressaltando novamente e considerando todos os fatores
citados, a enorme vocação do país para geração de combustíveis, a partir de
fontes renováveis, associadas a bioenergia.
Existem
dados e observações até simplórias, mas nem por isso negligenciáveis ou menos
impressionantes. Os biocombustíveis são renováveis e biodegradáveis que são
obtidos a partir de reações químicas de lipídios, óleos e gorduras, que
geralmente são de origem vegetal, mas podem também serem de origem animal.
Estes combustíveis são produzidos por reações com álcool na presença de
catalisadores, em reações conhecidas como transesterificação.
Podem
ser utilizados na forma pura ou misturados com diesel de origem petroquímica.
Atualmente no diesel vendido no Brasil, o percentual de biodiesel é de 6%,
devendo ser ampliado para 7% em novembro. Cada ponto percentual de biodiesel
equivale a uma quantidade em torno de 600 milhões de litros anuais. Outros
dados sobre o potencial de produção são fantásticos e instigantes. Enquanto os
óleos naturais a partir de soja, por exemplo, podem produzir 500l/hectare, a
obtenção de biodiesel
a partir de palmáceas como o dendê ou a macaúba pode atingir 4 ou 5 mil litros
por hectare. Considerando todos os fatores acima mencionados, é ou não é um
enorme potencial e uma grande vocação para a produção de biodiesel? E nos
últimos anos não se recorda de qualquer política pública perseverante e
relevante para o setor.
Atualmente,
segundo dados divulgados pela Petrobras, cerca de 75% da produção do país
provêm de obtenção a partir de soja, cerca de 20% com óleos de origem animal e
aproximadamente um total de 5% de outras fontes como o dendê, a canola e o óleo
de algodão. Para produzir o biodiesel, o óleo retirado das plantas ou de origem
animal é misturado com álcool ou metanol, sendo a reação estimulada por uma
substância catalisadora que produz e acelera as reações químicas. Depois, o
óleo obtido é separado e filtrado, enquanto a glicerina produzida é utilizada
para fabricação de sabonetes e produtos afins.
Os
biocombustíveis, portanto, são substâncias ou materiais que geram energia a
partir de fontes renováveis de origem vegetal ou animal, produzidos através de
reações químicas que removem a glicerina dos óleos, reação que é conhecida como
transesterificação.
Muito
se discute se a ampliação da produção de biocombustíveis não resultará em
prejuízo da produção de alimentos para consumo humano, de forma direta ou
indireta (cereais para alimentação e manejo de espécies animais fornecedoras de
proteína). Mas com os potenciais de produtividade e vocação das espécies
vegetais em estado natural ou desenvolvidas, que se tem demonstrado e atingido,
acredita-se que este fato não venha a ser problema. As dificuldades continuarão
sendo debitadas à ausência de renda, gerada pela má distribuição ou pelas
incapacidades de absorção pelo mercado de trabalho. Fatores que necessariamente
devem ser resolvidos em outras dimensões, na área de educação e nas políticas
de estado de distribuição de renda, dentre outros cenários.
Claro
que diretrizes impostas ou determinadas por mercados tendem a definir a
utilização de espaço agrícola. Assim como na preservação ambiental. Por isto se
fala tanto na remuneração pelos serviços ambientais. Se o ente mercadológico se dispõe a remunerar melhor a produção
de combustíveis a partir de biomassa em detrimento de alimentos que se
viabilizam como entes saturados por ausência de renda gerada por qualquer motivo,
não é ao produtor rural que se vai debitar esta responsabilidade, e sim às
teias sociais, em suas vertentes políticas, econômicas e até mesmo
educacionais, dentre outras.
O
importante é que combustíveis de origem fóssil, ou seja, finitos e grandes produtores
de gases de efeito estufa que interagem com os climas, serão deixados de serem
produzidos. E isto tem um valor inestimável. Os compostos de biodiesel, quanto
mais adicionados de misturas de origem vegetal ou animal, mais tendem a ter a
queima limpa. São biodegradáveis, não-tóxicos e segundo as especificações que
se divulga, essencialmente livres de compostos sulfurosos e aromáticos, que
também geram impactos ambientais.
A
produção, conforme se descreve, produz ésteres, que é o nome químico do biodiesel
e as glicerinas que são importantes na produção de cosméticos. Em nível
internacional, é válido registrar que o biodiesel é regido nos Estados Unidos
pela norma ASTM D6751, sendo o único combustível alternativo a obter completa
aprovação do denominado “Clean Air Act” de 1990, obtendo plena autorização da
“Environmental Protection Agency” ou “EPA” como é conhecida a agência ambiental
americana. Adicionado a óleos de origem fóssil, confere melhores condições de
lubricidade, sempre que os teores de enxofre são reduzidos.
Deve
ser enfatizado que não se pode confundir problemas sociais e econômicos com
situações de preservação ambiental ou de interesse mercadológico. Por isso,
foro de resolução para ausência de renda ou programas compensatórios de
segurança alimentar é outro, e não as definições da produção rural, para o bem
de todas as partes envolvidas na situação e a melhoria da qualidade ambiental e
da qualidade de vida de todas as populações consideradas. (ecodebate)
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