domingo, 12 de abril de 2015

Reservatórios de hidrelétricas terão painéis de energia solar

Reservatórios de hidrelétricas terão painéis para geração de energia solar
Ideia do governo é espalhar milhares de metros quadrados de boias com painéis solares sobre os espelhos d’água das usinas para gerar energia.
Tanto Sobradinho (foto) quanto Balbina foram escolhidos pelo tamanho de suas represas e por serem estatais.
A crise hídrica e a necessidade de garantir o abastecimento de energia do País levaram o governo a buscar uma alternativa inédita para ampliar a capacidade de geração do setor elétrico. O Ministério de Minas e Energia (MME) trabalha em um plano para transformar os maiores reservatórios de hidrelétricas do País em grandes "fazendas" de painéis solares.
A proposta, apurou o Estado, é espalhar milhares de metros quadrados de boias com painéis solares sobre o espelho d'água das usinas. Já que as turbinas não podem entregar um grande volume de energia por causa da escassez de água, que o reforço na geração venha pela luz do Sol, recurso que fica ainda mais intenso durante o período seco.
Cálculos já feitos por técnicos do ministério apontaram que o uso desses flutuadores solares sobre os reservatórios pode acrescentar ao parque nacional de energia até 15 mil megawatts (MW) de potência, volume superior à capacidade máxima que será entregue pelas Hidrelétricas de Belo Monte e Jirau, em construção na Amazônia.
O plano foi confirmado ao Estado pelo ministro do MME, Eduardo Braga. "Estamos com muita expectativa em relação a esse projeto. Se o experimento der certo, já temos todo o sistema pronto para escoar essa energia", disse.
Duas grandes barragens controladas por estatais da Eletrobrás já foram escolhidas para estrear o plano. No Rio São Francisco, na Bahia, o alvo é o lago de Sobradinho, que é o maior do País em área alagada. No Amazonas, os painéis serão instalados na barragem de Balbina, hidrelétrica que gera pouquíssima energia por meio de suas turbinas, mas que também é dona de um dos maiores lagos artificial do Brasil. A partir das represas dessas hidrelétricas, os painéis flutuantes serão conectados diretamente às subestações de energia das usinas, o que simplifica o processo e reduz custos.
Estatal
O gerenciamento dos painéis solares e a geração de energia serão feito diretamente pela Chesf e Eletronorte, donas de Sobradinho e Balbina, respectivamente. A escolha por iniciar o plano nessas usinas deve-se não apenas pelo tamanho de suas represas, mas também pelo fato de serem controladas por estatais. Se o programa der certo, disse Braga, o governo pretende expandir a ideia para outras hidrelétricas, incluindo aquelas concedidas para concessionárias privadas.
Em Minas Gerais, um projeto do mesmo tipo começou a ser avaliado pela Votorantim, em parceria com o CSEM Brasil, centro de pesquisas que desenvolve tecnologias de painéis de energia solar. Segundo a Votorantim, a iniciativa ainda está em fase inicial e, por enquanto, não há definição sobre qual hidrelétrica da companhia seria usada para testar o projeto.
O plano do governo federal, disse o ministro Eduardo Braga, deve envolver a utilização de tecnologias internacionais. Duas alternativas são estudadas, umas delas representada por um sistema criado em parceria entre França e China. Outra opção considerada vem de uma proposta desenhada entre japoneses e alemães.
Ensolarado
Apesar de o Brasil ser um dos países mais ensolarados do mundo, a geração de energia através de painéis fotovoltaicos sempre foi tratada como um bicho estranho pelo setor elétrico. No fim do ano passado, porém, essa situação começou a mudar, quando um leilão de energia realizado pelo governo contratou, de uma só vez, 31 usinas solares. Foi a primeira vez que o governo comprou exclusivamente energia solar.
Das 31 plantas de geração de energia solar previstas para serem construídas nos próximos anos, 14 serão erguidas na Bahia. Ao todo, a capacidade total negociada no leilão foi de 1.048 MW. Neste ano, novos leilões de geração devem contratar mais projetos solares.
Estudos feitos pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) apontam que o uso pleno do potencial solar do País poderia gerar até 287 mil gigawatts-hora por ano somente no ambiente residencial. Isso equivale a mais de duas vezes o consumo residencial de energia contabilizado atualmente. (OESP)

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