Brasil inaugura primeira
usina solar flutuante do mundo em lago de hidrelétrica
O primeiro projeto-piloto no
mundo, de exploração de energia solar em lagos de usinas hidrelétricas, com uso
de flutuadores, foi lançado em março/16 na Hidrelétrica de Balbina, no
município de Presidente Figueiredo, no Amazonas.
Lançamento de projeto-piloto
de usina para captação de energia solar no lago da Hidrelétrica de Balbina, no
Amazonas.
Segundo o Ministério de Minas
e Energia, a iniciativa já foi implementada em outros países, mas em
reservatórios comuns de água. No caso do Brasil, a engenharia será utilizada
nos lagos das hidrelétricas, permitindo aproveitar as subestações e as linhas
de transmissão das usinas, além da lâmina d’água dos reservatórios, evitando
desapropriação de terras.
As placas fotovoltaicas
flutuantes no reservatório da usina amazonense vão gerar, inicialmente, um megawatt
(MW) de energia. A previsão é que em outubro de 2017 a potência seja ampliada
para cinco MW, o que é suficiente para abastecer, por exemplo, 9 mil casas.
O ministro Eduardo Braga, do
PMDB, explica que o projeto de geração híbrida utiliza a capacidade dos
reservatórios e a infraestrutura de hidrelétricas brasileiras, principalmente,
as que estão com baixa capacidade de geração de energia, como é o caso de
Balbina. “Aqui em Balbina é um caso bastante típico porque nós temos uma subestação
que poderia estar transmitindo algo como 250 MW. Hoje, usa apenas 50 MW.
Portanto, há 200 MW de ociosidade, que vamos poder suplementar com energia
solar, com custo muito reduzido, fazendo com que tenhamos eficiência
energética, segurança energética, melhor gestão hídrica dentro dos nossos
reservatórios e ao mesmo tempo baratear a energia para que a tarifa de energia
elétrica seja mais barata em nosso país”, afirmou.
A pesquisa vai analisar o
grau de eficiência da interação de uma usina solar, em conjunto com a operação
de usinas hidrelétricas, e a influência no ecossistema dos reservatórios. Após
os estudos, de acordo com Eduardo Braga, a expectativa é que a geração de
energia solar seja de 300 MW, podendo abastecer 540 mil residências. “É preciso
fazer vários estudos, e nós esperamos, terminados esses estudos, poder começar
os leilões de energia, de reservas com flutuadores dentro dos nossos
reservatórios, e aí teremos capacidade muito grande no Brasil, porque o país
possui inúmeras hidrelétricas com espaço para coletar energia solar nos seus
reservatórios”, explicou o ministro.
De acordo com o presidente da
Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, a tendência é que o país amplie a
geração de energia solar, o que pode refletir futuramente na redução da conta
de luz. Mas ressaltou que não dá para avaliar a queda percentual, pois ainda
não se sabe quanto será o custo da energia solar. Mas adiantou que será uma
"redução substancial".
Segundo ele, a participação
da energia solar na matriz elétrica brasileira é muito pequena, mas deve
crescer nos próximos anos, podendo chegar a 5%/10% ou até mais. "Cada vez
mais esses painéis estão reduzindo. A energia solar vai ficar muito barata, e
essa economia será repassada para as tarifas que beneficiam o consumidor
brasileiro”, destacou.
Os flutuadores da primeira
etapa foram produzidos em Camaçari, na Bahia, e os próximos vão ser fabricados
no Amazonas. Segundo Orestes Gonçalves, sócio-diretor da empresa Sunlution,
responsável pelo desenvolvimento do projeto, a iniciativa vai contribuir para a
geração de empregos.
Ele disse que todos os
empregos serão contratados no estado do Amazonas, de gente com formação pela
Universidade Federal do Amazonas, Serviço Nacional da Indústria (SENAI) e
outras instituições de ensino. Os eletricistas que vão instalar as usinas, os
engenheiros que vão participar, asseguraram, "serão todos do estado do
Amazonas, e todos com treinamento. Esse é o objetivo de envolver a universidade
no projeto”.
Para Ciro Campos, do
Instituto Socioambiental (ISA), a iniciativa do governo é positiva e oportuna,
porque estimula a produção de energia solar no país e a criação de uma cadeia
produtiva que ajuda a gerar emprego e renda em um momento de crise econômica.
Mas ele chama a atenção para a escolha de usinas como a de Balbina, que
causaram grande impacto ambiental e têm pouca produtividade.
No seu entender, “Balbina é a
pior usina hidrelétrica já construída no Brasil, e talvez seja também o maior
crime ambiental da nossa história. Portanto, não basta o ministério 'solarizar'
Balbina ou outras hidrelétricas na Amazônia para tornar a existência dessas
usinas menos nocivas para a atmosfera e para a sociedade também”.
Projeto semelhante, com a
mesma capacidade de geração de energia solar de Balbina, será anunciado na
Hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia. A Eletronorte e a Chesf vão investir
quase R$ 100 milhões nos dois empreendimentos, que devem entrar em operação em
janeiro de 2019.
A construção será de
responsabilidade da empresa brasileira Sunlution, em parceria com a fabricante
de equipamentos WEG e participação das universidades federais de Pernambuco e
do Amazonas, bem como da Fundação de Apoio ao Rio Solimões. (agenciabrasil)
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