Projeto de energia solar em
lagos de hidrelétrica é o primeiro do mundo
Governo inaugura piloto na usina de Balbina, no
Amazonas.
Foi
inaugurado em março/16 um projeto de exploração de energia solar em
reservatórios de hidrelétricas, o primeiro do gênero no mundo. Houve o
lançamento de um piloto com 16 painéis de placas fotovoltaicas e geração de 4
quilowatts (kW) no lago da usina hidrelétrica de Balbina (AM). Os estudos vão
apontar se essa alternativa tem viabilidade econômica e ambiental. O custo de
geração de energia a partir do sol ainda supera valores de outras tecnologias
consolidadas, como térmicas, hidrelétricas e também eólicas. No lado ambiental,
a dúvida é qual impacto que essas placas sobre flutuadores nos lagos terão
sobre a fauna, por exemplo, em oxigenação e na temperatura da água.
A partir da
próxima semana, o mesmo piloto será implantado na hidrelétrica de Sobradinho,
para se comparar o desempenho dos equipamentos em dois ecossistemas. A
experiência prevê a instalação de um conjunto de placas para geração de 5
Megawatts (MW) a ser instalado no período de um ano em Balbina e 5 MW em
Sobradinho (BA).
Segundo lo
ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, mesmo que essas respostas sobre os
impactos ambientais e os custos ainda não estejam equacionadas, a instalação de
geração de energia solar em reservatórios de hidrelétrica conta com uma
vantagem de saída, que é a infraestrutura de transmissão.
— É uma
infraestrutura pronta e ociosa _ disse Braga, referindo-se à geração de Balbina
hoje estar em cerca de um quinto de sua capacidade total, por conta do nível
baixo do reservatório. Temos uma subestação e uma linha de transmissão
subutilizadas — completou.
O estudo é
coordenado pela Sunlution e pela WEG, ambas empresas brasileiras. As pesquisas
sobre impacto ambiental serão feitas pelas universidades do Amazonas (UFAM) e
de Pernambuco (UFPE). Os investimentos de mais de R$ 110 milhões e eventuais
patentes obtidas pelos estudos pertencerão à Chesf e à Eletronorte, ambas
subsidiárias da Eletrobras.
— A partir
daqui se revelará qual percentagem da água poderemos usar, qual a influência
dos painéis no sistema ecológico. Mas, na nossa conta, se usarmos 1% do reservatório,
poderemos gerar com energia solar quase dez vezes a capacidade hidrelétrica de
Balbina — disse José da Costa Carvalho, presidente da Eletrobras.
Segundo
Orestes Gonçalves, sócio-diretor da Sunlution, experiências similares de
geração de energia solar flutuantes já existem em outras regiões do mundo, como
Europa e Japão, mas nunca em hidrelétricas e em grande escala.
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- A ideia é
de uma usina híbrida, em que a hidrelétrica e a solar usam a mesma
infraestrutura — disse Gonçalves.
As placas
solares serão trazidas da China e, inicialmente, os flutuadores (que funcionam
como boias) serão também importados, mas há intenção da Braskem e parceiros de
produzi-los em Camaçari (BA). Braga comparou o lançamento do projeto de geração
nos flutuadores ao passado da geração de energia eólica, que não existia há dez
anos e hoje já é disseminado e tem construção de componentes e turbinas no
Brasil.
Segundo
Gonçalves, por ter funcionamento complementar ao das hidrelétricas, as placas
solares flutuantes poderão ajudar na recomposição dos reservatórios que se
reduziram nos últimos anos de seca mais severa.
- Em vez de
levar 12 anos para trazermos de volta nossos rios e bacias hidrográficas, isso
poderia durar oito anos — disse o fundador da Sunlution.
Pesquisadores
das universidades parceiras nessa tarefa farão mais de dez projetos de pesquisa
para avaliar o impacto e a viabilidade técnica e ambiental do empreendimento.
José de
Castro Correia, professor da UFAM e coordenador dos estudos, reconhece que a hidrelétrica
de Balbina, no coração da Amazônia, é geralmente comparada a um desastre
ambiental, por seu baixo aproveitamento em geração de energia em comparação com
o lago gigantesco.
- As placas
vão dar um novo olhar sobre a usina, mas a pesquisa não é obrigada a chegar a
um resultado favorável. Podemos chegar à conclusão de que os flutuadores com
geração solar não são viáveis — disse Castro
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Segundo o
pesquisador, porém, se as placas forem colocadas em 1 hectare do reservatório
de Balbina, essa área terá produtividade mil vezes maior do que gera em
hidroeletricidade um mesmo hectare da usina.
- Balbina é
um dos maiores crimes ambientais que a engenharia já fez nesse país. Como
mitigar esse crime? Melhorando o custo-benefício da usina. Vamos estudar os
impactos, mas podemos tranquilamente, com a subestação e a linha de transmissão
que temos aqui, colocar 300 MW de energia (solar) — disse Braga. (globo)
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