CS Bioenergia finaliza projeto que transforma lodo
em energia elétrica
Companhia
formada por Sanepar e Cattalini investiu R$ 55 milhões em unidade de geração de
energia a partir de resíduos.
Deve ser finalizada em abril/16
a execução do projeto da Sanepar e da Cattalini Bioenergia que pretende dar
destinação final ao lodo gerado nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e a
resíduos sólidos orgânicos provenientes de grandes geradores, como
restaurantes, shoppings, supermercados e centro de abastecimento (Ceasa). Até
então, eles eram destinados a aterros, causando contaminação do solo e degradação
ambiental.
Com
a mudança, passam a ser direcionados a biodigestores, onde são decompostos e,
por meio do processo de biodigestão anaeróbia, transformam-se em um gás formado
por 62% de Metano e 38% de CO2. O composto é posteriormente
transformado em energia por dois geradores importados da Áustria.
O
projeto é resultado da sociedade entre as duas empresas, que, em 2014,
anunciaram a criação da CS Bioenergia S.A, joint-venture responsável por
conduzir os trabalhos. Naquele ano, a notícia do investimento de R$ 55 milhões
na construção da unidade de biodigestão veio acompanhada da expectativa de
conclusão em 2015. Mounir Chaowiche, presidente da Sanepar, garante que os
trabalhos estão praticamente concluídos e que aguardam apenas a chegada dos
motores capazes de transformar os gases em energia. As estruturas vêm da
austríaca Entec. “Em abril, a obra deve ser concluída e, em maio ou junho, já
estaremos produzindo o gás para, então, gerar energia”, diz.
Capacidade
de produção e expectativas
A
unidade terá capacidade de produzir 2,8 megawatts de energia, podendo ser
expandida para 4,5 MW. Parte do potencial (0,6 MW) será direcionada à própria
Sanepar e o restante, segundo cálculos da companhia, teria condições de
abastecer 28 mil residências. A Copel foi convidada a comprar a produção, mas
outras empresas do setor também podem registrar o interesse. Espera-se que o
MWh seja vendido a R$ 170. “A possibilidade de compra será aberta ao mercado”,
reforça Chaowiche.
A
unidade de biodigestão fica ao lado da Estação de Tratamento de Esgoto Belém, a
maior entre as 240 da Sanepar, que, para ter condições de aumentar a produção
de energia pelo novo sistema, também recebe investimentos de R$ 80 milhões para
ampliar a estrutura. Sozinha, ela produz 500 m3 de lodo por dia – o
que representa mais de cem toneladas de resíduos. Com a reforma, o local passa
a ter capacidade diária de acumular 690 m3. “Hoje, são grandes as
despesas que temos com o tratamento do lodo. Ele costumava ser convertido em
adubo, mas o novo processo nos permite gerar, além de energia, receitas e
lucro”, explica o presidente. A transformação da maior parte do lodo em energia
deve reduzir em cerca de R$ 1 milhão os custos anuais com o trabalho.
Apesar
do maior aproveitamento dos resíduos, o excedente – composto por porções
líquidas e algumas sólidas – continuam virando adubos e fertilizantes, que
também podem ser comercializados a cooperativas e agricultores interessados. Um
estudo vem sendo feito para analisar a viabilidade no varejo.
O
valor acumulado com a venda da energia, adubos e fertilizantes, segundo a
Sanepar, será dedicado ao abatimento do investimento inicial no projeto – 95%
dos R$ 55 milhões foram captados via financiamentos. O restante, prometem, será
utilizado nos esforços para a ampliação do modelo em mais regiões do Paraná e
até do Brasil.
“O
sistema é referência mundial em eficiência e já muito utilizado por países como
Alemanha, França Itália, Holanda, Espanha, Bélgica, Inglaterra, Suécia e
Noruega, por exemplo. No Brasil, seremos pioneiros em mostrar que a estratégia
funciona aqui também”, defende Luciano Fedalto, diretor técnico da CS
Bioenergia S.A. O objetivo da Cattalini, uma das empresas responsáveis pela
inovação, é investir R$ 300 milhões para construir no país, em três anos, pelo
menos cinco unidades para tratamento de resíduos.
Para
Fedalto, o projeto deve despertar interesse no mercado. “É natural que as
empresas, no geral, demonstrem crescente preocupação em destinar seus resíduos
de maneira consciente e correta. A adaptação já é, não apenas necessária, como
urgente”, concluiu. (biomassabioenergia)
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