Um
projeto de lei colocado para votação na Câmara Municipal adia em 20 anos a
renovação da frota de transporte público de São Paulo para rodar com
combustíveis limpos. A proposta do vereador Milton Leite (DEM), presidente da
Casa, altera um artigo da Lei Municipal de Mudanças Climáticas cuja meta era,
até o ano que vem, ter todos os ônibus da cidade movidos a combustíveis
renováveis, ou seja, não fósseis.
A
lei, de 2009, que estabelecia a redução de 30% nas emissões de gases de efeito
estufa da capital, tinha como um dos principais pilares a renovação da frota,
que não ocorreu ao longo das duas gestões passadas no ritmo que deveria. A meta
não seria cumprida no ano que vem de todo modo e as Secretarias do Verde e Meio
Ambiente e de Transportes vinham estudando um novo cronograma.
No
começo do mês, em meio às discussões sobre a nova licitação dos transportes em
São Paulo, Leite apresentou o projeto que define que somente a partir de 2020 a
frota deve começar a ser renovada com veículos com tecnologia capaz de usar
biodiesel B100, ou seja, sem mistura, 100% a biodiesel. Pelo cronograma, em
2037 a frota terá pelo menos 7.125 ônibus assim, além de 1.500 veículos
elétricos. O PL não estabelece quanto isso representaria da frota total, mas,
mantidos os números atuais de cerca de 14.700 ônibus, o transporte limpo
representaria cerca de 58%. O texto não deixa muito claro, mas deixa a entender
que o restante da frota continuaria funcionando com combustíveis fósseis, como
diesel, com um acréscimo de apenas 20% de biodiesel.
Além
de ser um forte emissor de gás carbônico, o principal gás de efeito estufa, que
provoca o aquecimento global, o diesel também é fonte de material particulado,
que causa danos à saúde. Estudo feito pelo Greenpeace com o Instituto Saúde e
Sustentabilidade calculou que poderiam ocorrem cerca de 178 mil mortes na
capital até 2050 com a manutenção do diesel. “Todos os novos ônibus que
entrarem na frota já deveriam chegar movidos 100% a fontes renováveis”, defende
Davi de Souza Martins, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Prefeitura
O
secretário do Verde, Gilberto Natalini, disse que foi surpreendido pelo PL. “Essa
extensão até 2037 é extremamente longa para a cidade, tanto do ponto de vista
dos gases de efeito estufa quanto dos poluentes”, lamentou. Ele disse que vem
debatendo com a Secretaria de Transportes uma proposta de estender o prazo de
renovação da frota em dez anos, com uma meta de redução das emissões de gases
de efeito estufa em 10% ao ano. (biodieselbr)
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